FILOSOFIA INTEGRAL | O Grande Drama da Humanidade

A realidade é gigantesca e inabarcável. Ainda assim, os homens tentaram absorvê-la sozinhos, sem qualquer auxílio exterior. O resultado dessa empreitada arrogante não poderia ter sido outro senão vê-la escapar diante de seus olhos e acabar apartados dela.

A filosofia da decepção, surgida no meio do testemunho da miséria e da violência do século XX, é fruto de uma experiência que deixou clara a fragilidade da humanidade diante das forças imponderáveis da realidade e também sua incapacidade de entendê-la. Essa filosofia, porém, foi apenas o ato final de um monólogo empreendido pelo indivíduo ocidental durante mais de dois milênios.

Esse indivíduo quis, mesmo diante das evidências de sua pequeneza, contar sua própria história e dar sentido para ela sem deixar nada nas mãos de um roteirista maior. Sua narrativa, porém, acabou ficando muito confusa e seu itinerário desorientado. Todavia, em vez de render-se e deixar-se ser dirigido, dobrou a aposta e insistiu em continuar fazendo tudo por si mesmo. O resultado foi mais isolamento e ausência de sentido.

O pecado do Gênesis não foi um ato único, isolado. Ele é repetido constantemente, é uma ação ininterrupta praticada pela humanidade. Os homens, a todo instante, estão tomando o fruto, arrogando sua semelhança com os deuses e reivindicando seu conhecimento do bem e do mal. A atitude do primeiro casal pode ser narrada como um desvio, uma afronta, mas a continuidade dela, em seus herdeiros, passou a ser a própria natureza deles, inescapável, apesar de também estimuladora.

O grande drama da humanidade é a sua luta interior entre a necessidade de responder ao anseio de ser como Deus, ou seja, pensar por si mesma, e o cuidado de não afrontar a divindade nessa sua necessidade de independência ─ uma questão que até hoje não ficou bem resolvida.

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