É com imensa alegria que anunciamos a 100ª edição da Muralha de Livros! Os convidados para nossa festa são Alexandre Soares Silva, Sidney Silveira, São Bento e São Gregório Magno, Geroges Bernanos, Alan Schram e Walter Lara.
Confira os lançamentos a seguir, e um excelente final de semana!
Destaques
O primeiro destaque da semana é um lançamento da Editora Danúbio: Feérico Luar no Copacabana Palace, de Alexandre Soares Silva, que nos concedeu uma entrevista sobre o livro.
O enredo gira em torno de Lilico Bensaúde, um dândi brasileiro, herdeiro de um grande conglomerado comercial e de vastas plantações de café, que passa os seus dias suavemente na idílica Copacabana dos anos 20. Mas Lilico padece de um problema: a timidez. Seu acanhamento e seus modos desajustados o fazem impopular com as mulheres.
Quando uma estrela de Hollywood vem ao Rio de Janeiro gravar um blockbuster do cinema mudo, Lilico se apaixona. Agora, ele tem uma grande prova pela frente e a oportunidade de vencer os seus próprios medos. Conseguirá Lilico se tornar um homem à altura dos seus sonhos?
Feérico Luar no Copacabana Palace é o quinto romance de Alexandre Soares Silva, um dos mais criativos escritores da literatura brasileira contemporânea. Ambientado num Rio antigo tão nostálgico quanto ideal, e escrito num tom leve e agradável, a narrativa nos apresenta uma galeria de personagens cômicos e situações divertidas, que inserem a obra dentro da tradição dos grandes humoristas literários como Saki e P. G. Wodehouse.
Confira abaixo um trecho do início da história:
“Feérico luar no Copacabana Palace esta noite. É de botar o coração da gente pensando em mulheres, se é que o coração faz outra coisa além de dançar um maxixe no escuro do tórax.
Talvez o coração pense, mas só pense em mulheres, enquanto o cérebro pensa em todo o resto: em títulos da dívida pública, debêntures (não sei bem o que são debêntures), guerras, geopolítica e coisas assim — esses assuntos caros aos homens que não são sérios o suficiente para se ocupar das mulheres.
Talvez o coração de Platão, Rousseau e Fichte só pensasse nas flappers insinuantes e chics da Grécia, da França e da Alemanha, respectivamente, enquanto o cérebro deles se entregava às mais variadas e complicadas tolices filosóficas — justamente para não pensar nas sobreditas senhoritas insinuantes e chics.
Talvez a filosofia seja um jeito de não pensar nas mulheres, é o que estou tentando dizer. Não sei, nunca passei da página dezenove de nenhum livro de filosofia. Logo envesgo e o meu cérebro começa a fazer um raciocínio todo doido dele mesmo usando os termos complicados do livro como pretexto (“representação”, “coisa-em-si” etc), e quando vou ver estou tentando comprar tickets para o alto do Corcovado mas a bilheteira, que se parece com uma famosa starlet do cinema, não tem troco para as rolhas de champanhe com que estou tentando pagá-la. Ela aponta para o vidro da bilheteria onde está escrito em alemão “pagamentos somente com a Coisa-em-Si”, e por algum motivo é uma estátua gigantesca de Kant que está no alto do Corcovado — o que me assusta, e não pouco. Acordo com um estremecimento e logo vejo que encharquei o volume de Grundlegung zur Metaphysik der Sitten do papai com um pouco da saliva dos sonhadores.”
O outro destaque da semana é um lançamento da Vide: Cosmogonia da desordem: exegese do declínio espiritual do Ocidente, de Sidney Silveira.
O volume reúne artigos que foram publicados ao longo de cerca de nove anos no blogue Contra Impugnantes. Reunidos, formam uma unidade que se divide em cinco partes, mas que mantém entre elas um fio condutor — sutil, porém decisivo — que é o da completa perda de substrato metafísico em todos os principais âmbitos da filosofia e, por conseguinte, das ciências como hoje as entendemos.
O livro constitui uma autópsia da civilização cristã ocidental — ou a cosmogonia da depravação de nossa civilização —, cuja norma gnosiológica cada vez mais indica que o mal se conhece pelo bem, o erro pela verdade, o menos pelo mais e as trevas pela luz.
Seu propósito é exumar os pressupostos no éticos do mundo pós-moderno, ou seja, verificar a origem dos sustentáculos ditos intelectuais que dão à cultura ocidental contemporânea seu caráter patógeno, doentio.
Ao longo desses artigos, o leitor compreenderá que as veredas que levam à desarmonia como fim inescapável da nossa sociedade foram sendo palmilhadas ao longo de mais de sete séculos.
Confira a seguir um trecho do artigo “Gramática e barbárie”, em que o autor defende sem uma gramática ordenada, uma língua seria “uma vida perpétua e caótica”, uma “pura impermanência”:
“Defender o vernáculo é, portanto, defender a permanência da cultura de um país, sua propriedade fundamental, uma tradição sem a qual uma pessoa perde seu caráter, perde as marcas que a distinguem não tecidas da história. Se folhearmos nossos jovens, não conseguiremos ler uma página de Machado de Assis ou do Padre Antônio Vieira sem uma concussão cerebral, porque os gramáticos de alguma forma falham em sua tarefa.
Um exemplo diferente podemos dar na época recente e, como vemos, absurda reforma ortográfica da língua portuguesa, que tem um gramático — Evanildo Bechara — um de seus defensores e divulgadores, um estudioso da língua omisso em relação à total e injustificada mudança que rejeitamos neste modesto espaço da Internet, embora no cotidiano do nosso trabalho, sejamos obrigados a adotar a intervenção do Estado Luliano (logo quem, Pedro Bó!) nos usos da nossa língua nacional.
Se por trás das políticas de destruição linguística, no Brasil e em nossos países, está o objetivo de enfraquecer as identidades nacionais para preparar um governo global — cujos tentáculos começam a nos atingir —, não sabemos. Mas sabemos que, neste momento dramático da história da humanidade, é necessário criar em cada país ilhas civilizacionais para preservar o que é possível, e isso acontece necessariamente através do DNA da linguagem, que é a gramática. Obra análoga à que os monges irlandeses praticaram entre os anos 500 e 800, entusiasmando a tradição literária e cultural do cristianismo em meio à crescente barbárie.”
Outros lançamentos
Pela Inteligência Expressa, doisvolumes dedicados a São Bento: Vida e milagres do Patriarca São Bento, de São Gregório Magno;e A Medalha de São Bento, de Dom Próspero Gueranger.
O primeiro volume nos traz a clássica biografia de São Bento, escrita pelo Papa São Gregório Magno em 593, em tradução inédita de Armando Alexandre dos Santos. Para esta tradução, foi utilizada a edição bilíngue português-castelhano, publicada pela conhecida editora BAC (Biblioteca de Autores Cristianos) em San Benito, su vida y su regla, dos Padres beneditinos Dom Garcia M. Colombas, Dom León M. Sansegundo e Dom Odilon M. Cunill (Madrid, 1968, 2ª edição).
No segundo volume, Dom Próspero Gueranger aprofunda-se na história, simbolismos e uso da Medalha de São Bento, que é propagada pelo mundo há mais de 300 anos, especialmente pelos monges beneditinos, e que se tornou célebre por sua eficácia extraordinária no combate ao demônio e suas manifestações, assim como na defesa contra malefícios de toda espécie, como doenças, especialmente as contagiosas, contra picadas de serpentes e outros animais peçonhentos etc. Também foi, repetidas vezes, aprovada e louvada por diversos Papas por sua força exorcística.
Os volumes podem ser adquiridos separadamente ou, com desconto maior, no Kit São Bento.
Pela Sétimo Selo, A impostura, de Georges Bernanos. Terceiro volume do célebre autor francês publicado pela editora, este romance nos apresenta Padre Cénabre, que, admirado por seu trabalho como historiador de místicos florentinos e santos pouco conhecidos, conquistou uma imaculada reputação entre o clero em Paris. No entanto, o ilustre pároco é assolado por uma grave crise interior. Graças a uma espécie de hipocrisia profissional, às vezes quase inconsciente, que o tornou tão sensível à atmosfera exterior, conseguiu esconder de si mesmo o que não era capaz de admitir desde os tempos do seminário: sua fé desvaneceu — ou melhor, nunca existiu. Numa tranquila noite de verão, toma conhecimento da própria impostura: é como se jamais tivesse vivido, como se o lugar deixado vazio por Deus fosse preenchido pelo Inimigo…
Publicado em 1927 e segundo romance de Bernanos, A impostura não é apenas a descrição da luta espiritual de um homem desesperado, mas também, em alguma medida, a história da crise espiritual de uma inteira sociedade que perdeu (ou nunca conheceu?) a própria fé. Em nova tradução para o português, o leitor terá contato com o grande narrador das “trevas” da fé, um dos poucos capazes de descrever a difícil experiência de alguém que, descrente de tudo, busca responder: como podemos viver com este horrível segredo agora revelado, sem nos abandonarmos ao desespero?
Do empreendedor Alan Scharm, O mínimo sobre bitcoin.
O mundo está passando por uma mudança de paradigmas que alguns definem como era digital. Essa revolução tecnológica vai promover uma transferência de riqueza sem precedentes, e as formas convencionais de criá-la e acumulá-la não funcionarão mais.
O Bitcoin é uma rede monetária descentralizada que possibilita a qualquer pessoa com acesso à internet armazenar, enviar e receber dinheiro em formato digital, de modo que, para proibir o uso de bitcoins, seria necessário destruir a internet no mundo inteiro. Neste guia simples, o autor pretende expor o mínimo sobre o Bitcoin, para que os interessados possam, da maneira mais simples e rápida possível, se situar neste assunto.
Pela João e Maria, A busca, de Walter Lara, que neste seu novo livro, nos convida a uma jornada de tirar o fôlego. Com sensibilidade de um artista completo, o autor combina palavras e imagens para nos mostrar o mundo pelos olhos dos pássaros.
Este é um livro em que a harmonia do mundo natural torna-se arte, e, enquanto arte, nos eleva, nos transforma, nos faz melhores.
E a beleza é tanta, que saltou de suas páginas e veio tornar-se uma obra de arte que você poderá ter diante dos seus olhos todos os dias. Confira a seguir a belíssima arte do autor: