DOSE DE FÉ | Jorge da Capadócia

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

São Jorge, soldado, capitão e tribuno romano, foi martirizado sob Diocleciano após publicamente, no Senado, confessar sua fé em Cristo

Hoje é dia de São Jorge, ou São Jorge da Capadócia, mártir.

Nascido na antiga Capadócia (atual região da Turquia), Jorge ficou órfão de pai (oficial do exército romano morto em batalha) ainda criança. Depois disso, mudou-se com sua mãe para Jerusalém, onde recebeu uma educação esmerada.

De natureza combativa, seguiu os passos do pai, e ainda bem jovem já era capitão do exército romano. Sua dedicação e suas habilidades eram tamanhas que aos 23 anos recebeu do imperador Diocleciano o título de Conde da Capadócia. Passou a morar na alta corte de Nicomédia. Nesse tempo, exerceu o cargo de Tribuno Militar. Depois que sua mãe faleceu, recebeu mais uma honraria do imperador, sendo designado para sua corte.

Jorge já conhecia o cristianismo por influência de sua mãe e da Igreja em Israel, e sua vida na mais alta corte imperial acabou tocando seu coração, na medida em que ele testemunhava a crueldade com que eram tratados os cristãos pelo Império. Nessa época ele se converteu e doou todos os seus bens aos pobres.

No dia em que o Senado romano confirmou o decreto imperial que ordenava a eliminação de todos os cristãos, Jorge levantou-se e protestou, afirmando que, na verdade, todos os cidadãos romanos é que deveriam tornar-se cristãos. Ali, ele mesmo deu seu testemunho de fé e selou sua condenação aos olhos do mundo.

O fato não agradou a Diocleciano, que mandou prendê-lo e o tentou fazer renunciar à fé cristã. Jorge passou por inúmeras sessões de tortura, mas não negava Jesus. Antes, afirmava sua fé com ainda mais força. Vendo-se vencido, o imperador ordenou que seu outrora amado tribuno fosse executado por decapitação em 23 de abril de 303.

Os suplícios pelos quais passavam os cristãos costumavam acontecer em sessões públicas, e muitos cidadãos romanos que testemunharam o Martírio de São Jorge, impressionados com sua coragem, acabaram se convertendo ao cristianismo – o que não deixa de ser uma derrota ainda maior para Diocleciano, já que entre os convertidos estava sua própria esposa.

São Jorge e o dragão

Há uma antiga lenda sobre São Jorge e um dragão, usada durante muito tempo como instrumento catequético.

Segundo a lenda, havia em Silena, cidade próxima à Líbia, no norte da África, um enorme dragão que ameaçava seu povo. Para que não fossem destruídos pelo monstro, os cidadãos lhe ofertavam os seus cordeiros. Quando estes acabaram, passaram a lhe ofertar suas crianças, até sobrar apenas a filha do rei, Sabra, de apenas 14 anos.

Jorge, que estava acampado ali perto com sua legião, soube de toda a história e decidiu que iria dar um fim em toda aquela maldade. Dirigiu-se à cidade e prometeu ao rei que mataria o dragão. Antes, no entanto, exigiu que todos se convertessem ao Evangelho caso ele voltasse com a cabeça do monstro. Horas depois, ele apareceria trazendo de volta a princesa sã e salva, e a cabeça da fera, como havia prometido. O rei e toda a cidade converteram-se.

A mensagem da lenda é bastante clara: a maldade que tomava a cidade eram os costumes pagãos, com os sacrifícios de animais e crianças. O dragão representa os falsos ídolos, e foi preciso que um guerreiro cristão, um santo, o destruísse para que a cidade se convertesse.

Como figura militar, São Jorge constitui modelo de bravura e coragem em meio às perseguições contra Jesus Cristo e Sua Igreja. Em tempos de ídolos astecas em Roma, tempos em que a Conferência Episcopal do Vaticano promove o show de um ídolo LGBT em plena Praça São Pedro para milhares de jovens na segunda-feira da Oitava Pascal, e em que piedosos cardeais são barrados na porta do Vaticano por não estarem vacinados contra a praga chinesa, é mais que urgente pedirmos a proteção e a intercessão desse santo guerreiro.

São Jorge, rogai por nós!

 

São Jorge derrota o dragão

 

Muitos séculos atrás,

ameaçava um dragão

a cidade de Silena

de total destruição,

e o povo por ele tinha

estranha veneração:

 

com medo da criatura,

davam-lhe tudo o que havia,

cada rês de seus rebanhos,

adulto, novilho e cria,

mas o monstro, insaciável,

mais e mais sempre exigia.

 

Quando acabaram-se as rezes,

o povo não vacilou,

e ao exigente dragão

suas crianças ofertou,

e todas o cruel voraz

uma a uma devorou.

 

Quando as proles todas foram

pelo monstro dizimadas,

exigiu do rei o povo

que sua filha fosse dada,

pois era urgente fazer

a fera ser acalmada.

 

Ao ver a furiosa turba,

o rei, pego de surpresa,

não viu outra alternativa

que ofertar sua princesa

e única filha ao dragão,

e coberto de tristeza,

 

foi levá-la pessoalmente

aos domínios do animal,

amaldiçoando sua sorte,

seu povo e a fera infernal,

perguntando-se se um dia

cessaria aquele mal.

 

Quando voltava pra casa,

sorumbático e banzeiro,

emparelhou-se consigo

um romano cavaleiro,

e toda sua triste história

ele contou ao guerreiro.

 

O cavaleiro ficou

tocado em seu coração,

e prometeu ao monarca

exterminar o dragão,

exigindo-lhe somente

uma única condição:

 

que o rei e todo o seu reino

aceitassem o Evangelho

e abandonassem pra sempre

o pagão costume velho,

que os corrompia e tornava

um povo cruel e relho.

 

Assentiu o rei, ansiando

por rever sua criança,

mesmo sem ter em seu íntimo

tão verdadeira esperança,

pois não nutria ele ainda

em Jesus Cristo a confiança.

 

O cavaleiro saiu

atrás da besta infernal,

e a encontrou bem no momento

do rito sacrificial,

e gritou: “Por Jesus Cristo,

parai, possesso animal!”

 

Ao ver quem o desafiava,

o monstro, contrariado,

gargalhou em profusão,

pôs a princesa de lado

e respondeu: “Podeis vir,

cavaleiro condenado!”.

 

Fazendo o Sinal da Cruz,

o bravo guerreiro orou,

e em nome de Jesus Cristo

a horrenda fera atacou,

e em sua infernal cabeça

certeira a espada golpeou.

 

O animal esperneou,

tentando atacar ainda,

mas o bravo cavaleiro,

acertou-o de entrevinda

por baixo d’asa, no peito,

e foi a batalha finda.

 

Quando chegou a Silena,

com a cabeça da besta

e a princesa sã e salva,

antes que fizessem festa,

gritou-lhes o cavaleiro:

“Ouvi, que a verdade é esta:

 

vós servis a falsos deuses,

a demônios infernais,

e se assim continuardes,

a paz não tereis jamais;

portanto, tende um só Deus,

e livrai-vos dos demais!”

 

Ao ver o poder de Cristo,

todo o povo convenceu-se

de Seu amor e piedade

e a Ele então converteu-se,

e de toda velha crença

se libertou e esqueceu-se.

 

Esta é a lenda que se conta

de São Jorge, o capitão

romano que derrotou

o satânico dragão

que escravizava e matava

um pobre povo pagão.

 

Livrai-nos também, São Jorge,

admirável cavaleiro,

de todas as impiedades

que reinam no mundo inteiro:

intercedei e lutai

por nós, ó santo guerreiro!


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5 COMENTÁRIOS

  1. Livrai-nos também, São Jorge,

    admirável cavaleiro,

    de todas as impiedades

    que reinam no mundo inteiro:

    intercedei e lutai

    por nós, ó santo guerreiro!

    São Jorge, rogai por nós!

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