MURALHA DE LIVROS | Antimarxismo, literatura, personalidade, temperamentos e a Santa Missa

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Destaque para uma das grandes obras antimarxistas do século XX

Antimarxismo, literatura, personalidade, temperamentos e a Santa Missa. O que essa salada tem em comum hoje? É dela que é composta a Muralha de Livros!

Entre os tijolos da Muralha desta semana, destaca-se uma importante obra de um dos mais notáveis antimarxistas europeus do século XX. Também entre os destaques, uma nova edição do 40º romance de um grande escritor brasileiro de finais do século XIX e início do século XX, infelizmente bastante esquecido em nossos dias.

Ainda, um manual com estratégias para incorporar a personalidade como o eixo central na liderança empresarial; uma obra que se revela como ferramenta valiosa para entender a importância dos temperamentos na educação dos filhos; e uma adaptação infantil de uma importante obra sobre a essência e o significado da Santa Missa.

Acompanhe os lançamentos abaixo, e um excelente final de semana!

Destaques

O grande destaque desta semana é um lançamento da Vide: O ópio dos intelectuais, de Raymond Aron, um dos maiores antimarxistas do século XX.

Poucos tiveram a mesma coragem de Raymond Aron para realizar uma denúncia tão grave do marxismo. Principalmente, considerando seu contexto. Lançado pela primeira vez em 1955, quando a classe intelectual europeia pós-Segunda Guerra havia transformado o marxismo em uma ideologia intocável. O esquerdismo havia decidido perdoar todos os seus erros cegamente, colocou de lado qualquer senso crítico, para acreditar religiosamente em sua doutrina.
Aron não tomou medidas para expor o fenômeno que observava entre os intelectuais franceses e europeus. Em sua obra, o sociólogo francês compara o marxismo a uma religião secular, com suas promessas de salvação e seu caráter messiânico. Ele também acusa os intelectuais marxistas de abandonarem seu papel crítico em favor da defesa acrítica da doutrina. Ao mesmo tempo, o autor defende a autonomia do pensamento e a importância do debate livre.
E um dos aspectos mais impressionantes desta obra é sua atemporalidade: ela pode ser perfeitamente aplicada à nossa realidade.

Confira abaixo um trecho do livro:

“Ao tentar explicar a atitude dos intelectuais, que são impiedosos com as falhas das democracias e indulgentes com os maiores crimes, desde que cometidos em nome das doutrinas certas, deparei-me de início com as palavras sagradas: esquerda, revolução e proletariado. A crítica a esses mitos me levou a refletir sobre o culto à História e, em seguida, a me questionar sobre uma categoria social à qual os sociólogos ainda não deram a atenção que merece: a intelligentsia.”

Outro destaque desta semana é da Edições Livre, com uma edição especial do romance Turbilhão, obra-prima de Coelho Neto.

Publicado em 1906, a obra apresenta um painel de nossa então Capital Federal naquele início de século, com o foco em uma família em cujos personagens se evidencia o choque de gerações entre aqueles que pertencem ao “Brasil velho”, cheios de saudosismo e com intenso olhar crítico e desconfiança para as transformações daquele presente, e os que pertencem ao “Brasil novo”, cheios de otimismo e esperança em relação àquelas mesmas transformações. E enquanto um drama familiar que registra experiências humanas únicas, o autor transborda, nas páginas desse romance seu imenso amor pela cidade do Rio de Janeiro.

A edição da Livre traz como bônus estudos de Octavio de Faria e Rodrigo Gurgel, que registra a seguinte apreciação sobre a obra:

Turbilhão é um dos vários romances que poderiam ser escolhidos para apresentar os méritos de Coelho Neto. A fim de melhor aproveitá-los, o leitor deve estar aberto ao vocabulário cujas acepções nem sempre são corriqueiras, e exatamente por isso acrescentam rigor e força à narrativa. O que parte da crítica chama de ‘parnasianismo’ é, na verdade, destemor para utilizar os recursos que o português oferece, busca apaixonada, flaubertiana, do termo justo — sem descuidar do emprego da linguagem coloquial, quando ela se faz necessária. […] A história da pequena família suburbana — formada por uma viúva, Dona Júlia, e seus filhos, Paulo e Violante — é perturbada de maneira dramática, logo no capítulo 2, pela fuga da jovem.

[…] Coisas insignificantes adquirem relevo extraordinário. E Coelho Neto nos leva, de pormenor em pormenor, a um dos elementos que ganham importância crescente na história. O narrador apresenta igual vigor quando abandona a intimidade do lar e descreve cenas urbanas, com seus personagens anônimos flagrados, de maneira cinematográfica, em meio aos hábitos do cotidiano, aos gestos reveladores de sua condição social”.

Outros lançamentos

Pela Auster, Personalidade e o destino das organizações, de Robert Hogan.

A eficiência técnica é um atributo importante e certamente deve ser considerado ao contratar ou promover um funcionário. Não é, porém, o único quesito a ser levado em conta, pois muitas vezes pode ofuscar os aspectos humanos igualmente importantes para o melhor desempenho das empresas. Assim, é pertinente se perguntar: ignorar a influência da personalidade no ambiente de trabalho seria realmente a melhor abordagem? Alguns estudos sugerem que não; a experiência do psicólogo e consultor organizacional Robert Hogan diz o contrário: traços de personalidade podem, sim, predizer comportamentos gerenciais e influenciar até mesmo o destino de uma empresa.

Diante do desafio de cultivar ambientes de trabalho mais dinâmicos, em meio às constantes mudanças do mercado, Personalidade e o destino das organizações oferece estratégias para incorporar a personalidade como o eixo central na liderança empresarial, e apresenta abordagens para aprimorar habilidades interpessoais e a autoconsciência em seus líderes. Em busca de uma melhor avaliação, seleção e capacitação de talentos, empresários e gestores encontrarão no conceito da teoria da personalidade de Hogan um recurso valioso a fim de decidir o futuro das organizações.

Pela Concreta, O temperamento das crianças, um dom de Deus, de Art Bennet e Laraine Bennet.

Em algum momento da vida, os pais se questionam: de onde saiu essa criança? Por que ela não é igualzinha a mim? O que estou fazendo de errado? Segundo Art e Laraine Bennett – o experiente casal de terapeutas católicos que assina a obra -, não há necessariamente nada de errado, seja com os filhos, seja com os pais. É tudo (ou quase tudo) uma questão de temperamentos.

E como esse conceito, nascido na medicina grega, pode ainda auxiliar as famílias católicas do século XXI? Nesta obra, os autores apresentam de que forma os quatro temperamentos – colérico, sanguíneo, melancólico e fleumático – manifestam-se nas crianças, como interagem com os temperamentos dos pais; qual seu impacto na vida social, disciplina e hábitos de estudo, e quais os caminhos práticos para tirar o melhor proveito dessa “configuração de fábrica com que Deus as trouxe ao mundo.

Com uma linguagem simples e acessível, apoiada por dois prefácios inéditos e diversas notas explicativas, o leitor terá em mãos uma ferramenta valiosa para entender a importância dos temperamentos na educação dos filhos.

Pela Ecclesiae, a versão infantil de O Banquete do Cordeiro, de Scott Hahn e Emily Stimpson Chapman.

A Santa Missa, onde Nosso Senhor Jesus Cristo se dá na Eucaristia — sua Presença Real em Corpo, Sangue, Alma e Divindade —, é o centro da fé católica. Para comunicar às crianças as profundas realidades espirituais desse mistério, esta versão infantil do famoso livro de Scott Hahn traz uma cativante história de quadras rimadas, acompanhadas de belas ilustrações, que convidará os corações dos pequenos e dos grandes a responder com alegria e generosidade ao convite que o Cordeiro de Deus nos faz para o seu sublime Banquete, razão de nossas vidas.


1 COMENTÁRIO

  1. marxismo não é aquilo que está dito acima , essa narrativa foi criada e desenvolvida é quem conhece/ estudou o pensamento crítico filosófico científico de Marx pode dizer que não tem a ver com o colocado acima e qdo se repete essa ladainha baseado naqueles que historicamente por razões várias e desconhecida produziu isso que esse site se propõe fazer ao anunciar por si um tal antimarxismo

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