VITOR MARCOLIN | Involução

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Darwin e os filósofos de Vila Nhocunhé 

Sim, leitor, “involução”. Sob a perspectiva do homem comum o evolucionismo é uma baita empulhação. Mas acalme-se, sejamos honestos: se o mundo inteirinho aceita pacificamente as ideias evolucionistas, por que eu não posso defender o contrário? É claro que posso!, e hei de fazê-lo a despeito do escândalo do leitor. Não acredito que o homem, esta criatura dotada de alma racional, feito à “imagem e semelhança do Criador”, tenha tido um “ancestral comum” com os chimpanzés, gorilas e orangotangos. É absurdo! 

Outrossim: creio que o leitor também já deva ter se apercebido do fato de que estas colunas têm o propósito de expressar, em primeiríssimo lugar, a experiência que o seu autor tem da realidade. Portanto, explicações tidas como “oficiais” sobre o funcionamento da sociedade, do universo, da política, dos cupinzeiros, ninhos de joão-de-barro ou tocas de tatu aqui não terão o seu megafone. A coisa é maravilhosamente simples: primeiro, Deus; todo o resto, hierarquicamente, depois. Cada coisa em seu devido lugar – e por que não?

Por que não a ordem? Por que não a harmonia do mundo? Por que não a beleza? Porque um filósofo do século XVIII que sofria de um complexo de inferioridade crônico — mas era diabolicamente inteligente e habilidoso com as palavras – disse? Ou talvez porque outro “sábio”, desta vez do século XX, que para além de complexo de inferioridade sofria também de sífilis, afirmou cinicamente que Deus estava morto?

O leitor é capaz de perceber que não aparece um único sujeito direito, honesto e corajoso para pôr desordem no mundo? É sempre o contrário. É só um desfile de fracassados e ressentidos incapazes de aceitar a realidade que se arrogam o direito de mudar todas as coisas – e para pior. Mas não só: de transformá-las à sua imagem e semelhança. É triste ver o desfile da escola de samba dos “Filósofos Fracassados de Vila Nhocunhé”. Daqui a pouco estaremos todos mortos e esquecidos, portanto sejamos corajosos – pelo menos o suficiente para aceitarmos a visita inevitável da Morte: o que você faria se Kant ou Nietzsche entrasse em sua casa agora mesmo? Eu daria uma surra em ambos. Uma surra de vara de marmelo.

Ou melhor: peguemos todos os “pensadores” niilistas, ateístas e afins e os abandonemos na mata mais tenebrosa que Deus criou, um matagal verdadeiramente assustador, sinistro, cabuloso. Vejamos quanto tempo as notabilíssimas sapiências conseguiriam aguentar sem chamar a mamãe. Será que sob o risco iminente de virarem cocô de onça os nobres intelectuais manter-se-iam impávidos ante à realidade hostil da natureza? Será que saberiam acender uma fogueira, preparar um abrigo seguro para passar a noite e caçar o jantar – ou pelo menos escolher o cogumelo certo, aquele que não dá diarreia?

Depois deste exercício de imaginação, qualquer receio de mandar um Nietzsche da vida às cucuias foi para o espaço, certo? Pois bem, você, seu filósofo esquisitão perdido na mata, é perfeitamente incapaz de encontrar uma casca de árvore, uma folha seca ou qualquer coisa semelhante para se limpar e quer que aceitemos o que você tem a dizer sobre Deus? Ora, vá…

A coluna de hoje ficou assaz comprida, leitor, e eu nem comecei a responder à pergunta do estimado amigo Paulo Sanchotene: “Existiria diferença entre ‘narrativa darwinista’ (inspirada em Darwin) e ‘narrativa darwiniana’ (de Darwin)?”. O nobre Sancho enviou-me mais três excelentes questões inspiradas na minha última coluna sobre o Design Inteligente. Começarei a respondê-las em breve.

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