VITOR MARCOLIN | Fuga para o Espaço

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Solução para a caceteação política

O propósito desta coluna, caro leitor, é estabelecer um diálogo. Eu quero convidá-lo a refletir comigo sobre as conjunturas da nossa época — daí frequentemente esbarrarmos nos temas políticos. Mas aqui, é claro, não falamos apenas sobre política, sobre a parte que nos cabe nos desmandos de Brasília. Não. Às vezes, como faremos hoje, emergimos da vulgaridade dos debates de opinião e respiramos novos ares. Só temos de cuidar para que o ímpeto desta emersão não nos leve muito para cima, onde o ar é rarefeito e a percepção das coisas, ao invés de melhorar, piore – e muito.

Pretendo ser breve, leitor, não quero cansá-lo. É que estou a ler “Eram os deuses astronautas?”, de Erich von Däniken, e preciso partilhar uma impressão. Este livro, que “apresenta uma hipótese feita de muitas especulações”, é um sintoma. O homem contemporâneo — a primeira edição (alemã) é de 1968 — está doente, e este livro traz vários indícios não só de sua enfermidade, como também de sua debilidade. Trata-se de uma doença de tipo intelectual; mas não se preocupe, leitor, como eu disse, serei breve.

Desde que foi publicado, “Eram os deuses astronautas?” tornou-se um formidável sucesso editorial em todo o mundo. Sucesso garantido pela receptividade do público que, nos “efervescentes” anos 1960, atento às discussões do Concílio Vaticano II e às propostas indecentes da Revolução dos Costumes, tornou-se menos exigente. Pudera. Com hippies, roqueiros desafinados e sacanagem indiscriminada, não havia mais motivos para sustentar aquele bom ceticismo, o ceticismo positivo que impede o público de depositar fé nas mais completas asneiras.  

Erich von Däniken, caro leitor, é um bom propagandista de ideias tortas. Mas, fiel à minha promessa de ser breve, concluo aqui a coluna de hoje com a exposição da perspectiva vesga do autor de “Eram os deuses astronautas?”: há dezenas, quiçá centenas de milhões de anos, seres extra-terrestres, com a pretensão mais descarada do universo, fecundaram animais terrestres – primatas – a fim de torná-los melhores. À vista do sucesso do projeto, os ET’s passaram a empreender incursões à Terra de tempos em tempos, para selecionar as criaturas híbridas que apresentavam os melhores índices de desenvolvimento.  

À certa altura, os seres terrestres com DNA alienígena alcançaram tamanho patamar de progresso biológico e intelectual que passaram a se organizar nisto que nós hoje chamamos de sociedade – com todos os seus devidos atributos. É claro que a história é longa, mas, em suma, este é o panorama que os leitores do Sr. Däniken têm da história da humanidade. Nós somos, afinal, o produto da miscigenação entre a Cheeta e o ET Bilu. O que é que nós, os preguiçosos, não fazemos para nos livrar de falar sobre política, não? Mas por fim, caro leitor, para que você não termine a leitura desta coluna com a sensação de tempo perdido, deixo como recomendação o nosso Gilberto Freyre, o pai da sociologia brasileira entendia como ninguém de miscigenação — de gente, é claro. Deus me livre de cair nas mãos dos militantes pró-ET’s! Eles acusar-me-ão de “preconceito” e “discriminação” contra os alienígenas fascinados por macaquinhas.

***


Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023

3 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor

CONTO丨Agenda

VITOR MARCOLIN | Quaresma