VITOR MARCOLIN | Darwin e Nelson Rodrigues

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Respostas sinceras sobre a hipótese da evolução

Hoje, vamos responder às perguntas do Paulo Sanchotene inspiradas na minha coluna sobre o Design Inteligente. Se, por quaisquer razões, algum darwinista incorrigível sentir-se ofendido com a abordagem aqui exposta, pode reclamar escrevendo para vacatarcoquinho@capivara.com. Dito isto, vamos às perguntas — e às respostas.

Existiria diferença entre “narrativa darwinista” (inspirada em Darwin) e “narrativa darwiniana” (de Darwin)?

Por “narrativa darwiniana”, caro Sancho, entendo eu o conjunto das hipóteses propostas por Charles Darwin, sobretudo no seu livro A origem das espécies (1859). Livro este — ainda não decidi se feliz ou infelizmente — mais citado do que efetivamente lido. Temos, portanto, que aquilo que é “de Darwin”, como você diz, é a hipótese relativamente sofisticada de que, por processos naturais e em função de longas eras de tempo, os seres “evoluíram” por meio da “seleção natural”.

A “narrativa darwinista” seria, naturalmente, o conjunto das novas implicações teóricas desta primeira proposta. O status questionis leva-nos à Teoria sintética da evolução, com a introdução da genética. Assim, só posso afirmar que a diferença entre ambas as “narrativas” é a presença de um novo elemento, a genética, a fim de ajudar os adeptos da religião de Darwin a seguir com a sua liturgia pagã.

O conceito de “Design Inteligente” seria necessariamente incompatível com as hipóteses evolucionistas? 

É incompatível com as hipóteses darwinistas, aquelas que são inspiradas em Darwin. A Teoria sintética da evolução descarta categórica e arrogantemente a “possibilidade” da atuação direta do Criador. Charles Darwin, contrariando os seus discípulos dos séculos XX e XXI, afirma, lá mesmo n’A origem das espécies, que a origem da vida deu-se por meio do “sopro do Criador”; e que a dinâmica da evolução pela seleção natural só poderia ter acontecido naturalmente depois do milagre da criação.

Não é incorreto dizer, portanto, que o autor da teoria da evolução seria, ele mesmo, um evolucionista teísta. Por sua vez, os darwinistas são — salvo honrosas e estranhas exceções — ateus; para eles a vida em toda a sua complexidade é fruto unicamente do acaso e da necessidade. É, no mínimo, uma interpretação risível.  

Haveria dentre os defensores do Design Inteligente quem tenha postura semelhante a esta que apontas dos evolucionistas?

Claro que sim! Até as melhores ideias da extraordinária história das ideias podem ter como adeptos canalhas com boas intenções.

Há evolucionistas sérios com os quais seja possível realizar um debate franco?

Só é possível realizar um debate franco com os cientistas que são milagrosamente teístas. Se o sujeito consegue dormir à noite depois de engolir cinicamente o fiasco do “somos frutos do acaso e da necessidade”, ele é um condenado sem perdão, porque não se arrepende das suas mentiras conscientes. Debate franco, meu caro Sancho, só com quem lê Nelson Rodrigues e não faz careta: “Um conselho àquele que se julga ateu: ande de quatro, agora, neste momento!”.

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