LOBO丨Vevey, a linda cidade suíça que Chaplin escolheu para viver e morrer

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A linda Corsier sur Vevey está situada a 40 minutos do aeroporto de Genebra e cerca de 15 minutos de Montreux, caso o visitante opte por viajar de trem, o melhor transporte para cruzar a Europa.

A cidade que em 1867 viu nascer a Nestlé é um dos grandes focos do turismo suíço, sendo também muito conhecida por ter sido a última morada de Charles Chaplin, o qual viveu 25 anos nesta cidade, após ser expulso dos EUA. É possível ver referências a Chaplin por quase toda a cidade, seja em esculturas, murais, grafites ou até mesmo numa atração mais gótica: o cemitério onde Charlie Chaplin está enterrado. É também em Vevey que o maior museu sobre a história deste ícone do cinema e da cultura abre suas portas, para delírio dos fãs e admiradores desta verdadeira lenda.

O gênio Chaplin

Charles Spencer Chaplin nasceu a 16 de abril de 1889 e apesar de uma infância bastante humilde e muito rude, tornou-se um dos homens mais importantes e influentes do século XX. Bailarino, acrobata, ator, compositor, roteirista e diretor de cinema, Chaplin é até hoje um dos maiores ícones da cultura pop mundial e um dos nomes consagrados de Hollywood, a indústria dos sonhos.

Mas engana-se quem pensa que Chaplin dedicou a vida apenas às artes, tendo sido um importante ativista e um notório filantropo, além de grande empreendedor. Entre seus diversos sucessos mundiais e absolutos, tanto na era do cinema mudo quanto sonoro, está O Grande Ditador, considerada até hoje a maior e mais influente comédia satírica de todos os tempos, na qual Hitler foi ridicularizado em plena Segunda Guerra, prova do quanto Chaplin era ousado e dono de uma coragem sem precedentes, qualidades que lhe trouxeram grandes problemas, como a sua extradição dos EUA e execração pública naquele país.

O exílio

Apesar do enorme sucesso de seus filmes, e consequentemente o de seu estúdio sediado nos EUA, foi impedido de retornar para casa ao retornar de uma viagem à Europa em razão de suspeitas sobre simpatias comunistas de sua parte, de acordo com os temidos comitês atuantes no auge da paranoia americana com relação a uma possível (hoje notória) infiltração soviética.

Charlie, proibido de retornar à América, comprou então a Manoir de Ban, uma mansão localizada na Suíça, na região de Corsier-sur-Vevey, às margens do Lago de Genebra, onde passou a viver – ao lado da esposa Oona e seus oito filhos – os últimos 25 anos de sua vida, ou até a Noite de Natal de 1977, quando partiu aos 88 anos de idade, deixando um legado inconteste.

Um museu em sua homenagem

Dentre tantas as homenagens póstumas que Charlie recebeu mundo afora, uma delas tornou-se praticamente o santuário do astro: o Chaplin’s World, um ambicioso e imersivo museu sobre a vida e as obras do inovador cineasta e gênio absoluto das artes visuais.

Por um longo período de 15 anos entre desenvolvimento e construção — só para se obter uma licença foram sete anos, em função de um processo movido por um vizinho preocupado com as implicações do projeto — a mansão da família Chaplin foi transformada em um museu, enquanto uma área nova, em formato de estúdio, foi construída ao lado da casa, permitindo aos visitantes vivenciarem o universo dos filmes e das criações do cineasta imortal.

O Chaplin’s World abriu oficialmente suas portas ao público na primavera de 2016, tornando-se uma das atrações mais visitadas na Riviera Suíça.

O universo mágico de Charles Chaplin

O tour começa quando os visitantes entram numa sala de cinema e assistem a um emocionante curta metragem de dez minutos de duração contando a trajetória do homenageado. Ao final do filme, a tela se abre e, como a personagem de Mia Farrow em Rosa Púrpura do Cairo, a plateia é convidada a atravessar a tela e invadir o universo mágico do cinema, a sétima das grandes artes.

Os privilegiados visitantes interagem pelas ruas em que o humilde artista circulava e que acabou inspirando-o, como no comovente filme “O Garoto”, representado no museu por cenários e personagens interativos.

O extraordinário passeio atravessa até mesmo um circo de sonhos, elencado por Federico Fellini, o Gordo e o Magro e até Roberto Benigni, dispostos e prontos ali para recepcionar os visitantes e oferecer aquele registro mágico de fotos para o Instagram.

Imagine mover-se ao longo das engrenagens dentro de máquinas gigantes, como Charlie Chaplin fez em “Tempos Modernos” ou até mesmo balançar dentro de uma cabana à beira de um penhasco, tal qual em “A Corrida do Ouro”. E o que dizer então sobre visitar a barbearia de “O Grande Ditador” ou o restaurante onde Chaplin comeu seu sapato em “O Imigrante”.

Estas e muitas outras fantásticas experiências estão à disposição para que o visitante usufrua ao máximo deste fabuloso museu, que também é pontilhado com dezenas de figuras de cera, todas elas perfeitamente criadas pelo cultuado Musée Grévin de Paris, administrador do Chaplin’s World.

As diversas figuras realistas espalhadas pelo espaço retratam Chaplin em diferentes fases da vida, mas também ilustram outras figuras como a esposa Oona; amigos pessoais do diretor, como o genial Buster Keaton e Albert Einstein; personalidades como Churchill e ainda diversos astros influenciados por Charlie, entre eles o também multifacetado Woody Allen.

Neste gigantesco e complexo universo, há também uma réplica da sala de cortes, onde Charlie editava seus filmes; uma banca repleta de notícias publicadas sobre ele em seus tempos áureos; instalações e adereços; e ainda uma sala estreita, lembrando propositalmente o cofre de um banco suíço, onde é possível encontrar alguns dos objetos pessoais e mais icônicos associados ao trabalho de Chaplin, entre eles o chapéu-coco, a bengala e os sapatos remendados, indumentária de seu imortal The Tramp, que no Brasil se tornou conhecido como o vagabundo Carlitos.

Nestas reforçadas vitrines estão em exposição documentos importantes como o certificado assinado pela rainha Elizabeth da Grã-Bretanha nomeando Chaplin Cavaleiro da Ordem do Império Britânico (Sir) em 1975, trechos originais de roteiros escritos por Charlie e também o Oscar que ele ganhou pela trilha sonora do extraordinário Luzes da Ribalta, obra de de 1952, prêmio que Charlie não pode receber até 1973, já que o lançamento do filme foi barrado nos Estados Unidos e Chaplin, proibido de entrar no país.

Bem vindos à mansão Chaplin

Saindo do estúdio caminha-se por um lindo campo (por onde também é possível passar horas caminhando pela paisagem bucólica da extensa propriedade) em direção à Manoir de Ban, residência oficial da família Chaplin, para uma emocionante visita, pois todos os espaços da mansão estão abertos ao público.

A enorme mesa da sala de jantar está sempre posta e pronta a dar as boas vindas  ao visitante, para que se junte ao encontro alegre da família Chaplin, pois é notório (inclusive descrito na autobiografia do diretor) que foi nesta imensa propriedade, com vista para o Lago de Genebra e dos Alpes, que Chaplin passou seus momentos mais felizes.  E é possível sentir esta energia em cada canto da mansão, onde cada um dos cômodos possui elementos documentais e originais sobre a vida e o dia a dia de Chaplin no aconchego de seu lar, sempre com muitos livros à disposição e instrumentos musicais distribuídos pela casa, incluindo o piano original, onde ele compôs lindas trilhas para o cinema, e também o primeiro violino que comprou, ainda muito jovem.

Diferente de Graceland, onde é permitido visitar toda a mansão do Rei do Rock, menos o quarto onde ele dormia, em Chaplin’s World não há restrições, tanto que um dos locais mais emocionantes da mansão é a suíte do casal, cercada por adereços pessoais de Chaplin e também uma TV onde em constante exibição estão as imagens emocionantes de quando Chaplin voltou aos EUA para receber o Oscar Honorário em 1973, um dos momentos mais icônicos da trajetória deste brilhante e polêmico astro.

Ele queria que as pessoas se lembrassem dele. É por isso que ele fez os filmes e o fez de maneira tão perfeccionista. Acho que ele ficaria muito satisfeito com o que fizeram de sua casa.”, disse Eugene, um dos filhos de Chaplin, em uma entrevista sobre o Chaplin’s World.

Que tal um hambúrguer chapliniano?

        Ao lado do Manoir de Ban fica o café-restaurante The Tramp, um restaurante temático, bastante interessante e com pratos que levam o nome de filmes do diretor. E claro que também há uma loja de presentes, onde é impossível não sair com alguma coisa, nem que seja o simpático, e talvez a mais acessível das “lembrancinhas” oferecidas na moeda local, um tanto salgada para bolsos brasileiros: um minúsculo, porém simpático, Chaplin movido à corda.

Em que dias funciona? Quanto custa?

O museu fica aberto durante o ano todo, exceto nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro. O horário de funcionamento é das 10h às 17h, com exceção para o período de 31 de março a 30 de setembro, quando abre das 9h às 18h. O ingresso custa 25 francos suíços (mesmo valor do Euro) para adultos e 18 para  crianças de 6 a 15 anos. Abaixo desta idade, a entrada é grátis.

Chegar até o museu de carro leva cerca de poucos minutos, para quem está no centro de Vevey, mas há também a opção do ônibus, partindo da estação de trem a cada meia hora. A viagem leva cerca de 15 minutos e a parada chama-se Chaplin.  

Maiores informações no site www.chaplinsworld.com

Um hotel Chapliniano

Para a experiência ser ainda mais completa e perfeita, o ideal é se hospedar no Modern Times, o único Hotel “Charlie Chaplin” no mundo. Localizado entre o lago e as montanhas, bem no coração da Riviera Vaudois, a apenas 5 minutos de carro do Chaplin’s World, este belo edifício Minergie, totalmente sustentável e com economia de energia e água, obtidas a partir de painéis solares no telhado, também oferece várias estações de carregamento para carros elétricos. Até as chaves magnéticas dos apartamentos são feitas de material reciclável.

O Hotel é uma clara homenagem ao filme “Tempos Modernos”, de 1936, centrado nos paradoxos da industrialização.

De ambiente moderno totalmente combinando com design requintado e alta qualidade, este aconchegante e charmoso hotel 4 estrelas oferece uma maneira confortável e elegante de se hospedar e também de se divertir e aprender, descobrindo mais e mais sobre a vida de Charlie Chaplin.

Em cada canto do espaço, há elementos sobre o artista, como fotos originais do acervo da família, telas com exibição de imagens, cartazes originais dos filmes, adereços, memorabilia e muitos quadros de Chaplin espalhados pelo hotel, além de livros ilustrados para quem quiser aprender mais sobre o fantástico diretor.

Os quartos do hotel são bem espaçosos, confortáveis e de extremo bom gosto na decoração. Mesmo estando na Riviera Suíça, lugar com imensa variedade gastronômica, é Imprescindível conhecer o Times Grill, restaurante localizado no hotel e aberto durante  o ano todo.

Mesmo os gourmets mais exigentes irão se encantar e admirar o espetáculo culinário do espaço, com destaque para os pratos sazonais e para a carne seca maturada, produzida por agricultores locais. Com capacidade de 120 lugares e um atendimento extraordinário, um dos melhores da Suíça, é possível saborear também os cortes de carne especiais, como a costeleta suíça T-bone ou  iguarias,  tais quais a fatia grelhada de foie gras com alcachofras de Jerusalém e avelãs, além dos acompanhamentos como o creme de espargos verdes e brancos ou queijo de leite de vaca da região, levemente apimentado, perfeito para a maioria dos pratos.

O Times Bar é também o local ideal para o happy hour ou aquele final de noite, onde as famílias e amigos se reúnem para tomar aquele drink e papear sobre as experiências do dia.

O Modern Times Hotel também oferece uma sala de fitness para manter a forma ou seis salas de conferências para acomodar empresas para um seminário ou banquete.

Para aqueles que não estiverem viajando de carro, o Modern Times está do lado da estação Château-d’Hauteville, basta pegar o trem de Vevey para Les Pléiades ou Blonay para, em poucos minutos, chegar ao hotel.

Modern Times é a sua casa na terra de Chaplin. Desfrute-a!

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