DOSE DE FÉ | São João de Ribera

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Grande influência política e religiosa do Século de Ouro Espanhol, São João de Ribera foi chamado por São Pio V de “Luz de toda a Espanha”

No Dia de Santos Reis celebramos a memória de São João de Ribera, Bispo.

Nascido em Sevilha, na Espanha, em 1532, João provinha de uma família nobre – seu pai, Afán de Ribera, Duque de Alcalá, também foi o vice-rei da Cataluña e de Nápoles.  Com inclinação à vida religiosa, aos 12 anos João recebeu a tonsura, e após os estudos elementares cursou Direito Canônico, Humanidades, Artes e Teologia na Universidade de Salamanca.

Em 1557, aos 24 anos, foi ordenado sacerdote, e trabalhou como professor durante 5 anos. Da mesma maneira que ensinava a seus alunos atuava como sacerdote, pregando o Evangelho de maneira simples e didática. Passava horas no confessionário, levava o Viático (Santa Comunhão que se leva aos doentes em casa) aos moribundos, orientava seu rebanho como um bom pai e professor. Seu carisma fez com que São Pio V, em 1662, ordenasse-o Bispo de Badajoz.

João participou com entusiasmo do Concílio de Trento, e passou a implementar as reformas em sua diocese.  Convocou um sínodo diocesano, voltando suas atenções especialmente para os pobres e a vida moderada entre os membros do clero. Para dar exemplo, ele mesmo desfez-se de seu patrimônio pessoal, que foi transformado em esmolas.  

Novamente impressionado com o zelo de João de Ribera, São Pio V consagrou-o Patriarca de Antioquia, e, pouco depois, Arcebispo de Valência. Além disso, o rei Felipe II nomeou-o Vice-Rei de Valência, o que o fez ao mesmo tempo uma autoridade religiosa e política. João, na época, contava 36 anos.

Como foi comum a muitos Bispos de seu tempo, o espírito reformador de João de Ribera ocasiono-lhe inúmeros desafios, pois nem todos no clero se alegravam com as determinações tridentinas.  O santo Arcebispo de Valência enfrentou uma resistência feroz, chegou a desanimar e querer desistir de seu cargo, mas manteve-se firme, sobretudo com o incentivo e a orientação dados por São Pio V.

Assim, durante 42 anos São João de Ribera dirigiu sua Arquidiocese com vigor e piedade: visitava com frequência suas paróquias e conhecia cada um de seus Bispos e padres; construiu novas igrejas, assim como seminários voltados para a formação de padres sob as diretrizes do Concílio de Trento; fundou o Real Colégio Corpus Christi, também focado na boa formação de novos padres; dedicou-se à catequese dos pobres; amante das artes, encomendou vários trabalhos a El Greco; lidou com muita prudência, coragem e sabedoria na questão dos mouriscos (muçulmanos convertidos ao cristianismo), cuidando de catequizar com um manual específico (o Catecismo para mouros recém-convertidos) os que realmente desejavam abraçar a fé, e expulsando da Espanha os rebeldes.

São João Ribera faleceu em 6 de janeiro de 1611, em Valência, aos 78 anos. Foi uma das autoridades religiosas e políticas mais influentes da Espanha de seu tempo. No círculo de seus amigos mais queridos constam vários outros santos reformadores, como São Carlos Borromeu, Santa Teresa de Ávila, São Lourenço de Bríndsi, São Francisco Borja, São Pedro de Alcântara e São Roberto Belarmino. Foi beatificado por Pio VI em 1796, e canonizado por São João XXIII em 1960. Que o espírito apostólico que o fez ser chamado de Lumen totius Hispaniae (Luz de toda a Espanha) por São Pio V nos anime hoje e em todos os dias de nossas vidas.

São João de Ribera, rogai por nós!

 

São João de Ribera

No dia da Epifania
de Jesus Nosso Senhor
celebramos a memória
de um santo reformador,

um espanhol conhecido
como São João de Ribera,
que a Deus empenhou o poder
que dos homens recebera.

Como padre e professor
estreou seu apostolado,
e pouco tempo depois
Bispo ele foi consagrado.

No Concílio Tridentino
tomou parte, e se empenhou
por reformar os costumes
da diocese que herdou.

Generoso, fez-se exemplo
para o alto clero e entre os nobres,
quando toda a sua fortuna
doou em esmola aos pobres.

Foi nomeado ao mesmo tempo
Arcebispo e Vice-Rei,
mas zeloso continuou
seguindo a Crística Lei.

Conhecia cada padre
da sua Arquidiocese,
e entre eles incentivava
rigor, disciplina e ascese.

Lidou com os infiéis
com prudência e sobriedade,
catequizando os conversos
com didática piedade.

Foi santo amigo de santos,
num século de Doutores,
de místicos, missionários
e admiráveis confessores.

Morreu cercado de luz
e santidade tamanha,
que para a História ficou
como a “Luz de toda a Espanha”.

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