SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Por Mais Deputados:  a falácia da representatividade

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

4 COMENTÁRIOS

  1. Tendo a concordar com o Marcos. Administrar mais de mil pessoas para esta função que é extremamente importante é um desafio que pode tornar o que já é muito lento, ainda mais moroso!

    Sem falar que não alterando a sistemática (ratificando o que o Marcos colocou) e simplesmente aumentar a representatividade agravaria ainda mais o problema da sub-representatividade de fato.

    Além desta alteração necessária (voto distrital) ainda temos uma questão ainda mais grave: a atual barreira onde temos limites mínimo e máximo estabelecidos. Sejam 438 ou 438 mil deputados, seja distrital ou não, permaneceríamos com uma distorção.

    Hoje temos um limite máximo de 70 e limite mínimo de 8. Logo, a atual proporção é:
    – São Paulo: 70 deputados (teto)
    – Minas Gerais: 51 deputados
    – Rio de Janeiro: 41 deputados
    – Bahia: 36 deputados
    – Paraná: 27 deputados
    – Rio Grande do Sul: 27 deputados
    – Pernambuco: 23 deputados
    – Ceará: 22 deputados
    – Pará: 21 deputados
    – Santa Catarina: 17 deputados
    – Maranhão: 17 deputados
    – Goiás: 17 deputados
    – Amazonas: 10 deputados
    – Espírito Santo: 9 deputados
    – Paraíba: 9 deputados
    – Todos os outros estados com populações menores têm o mínimo de 8 deputados.

    Estritamente colocando a representatividade (sem os limites), teríamos:
    – São Paulo: 112 deputados
    – Minas Gerais: 51 deputados
    – Rio de Janeiro: 41 deputados
    – Bahia: 36 deputados
    – Paraná: 27 deputados
    – Rio Grande do Sul: 27 deputados
    – Pernambuco: 23 deputados
    – Ceará: 22 deputados
    – Pará: 21 deputados
    – Santa Catarina: 17 deputados
    – Maranhão: 17 deputados
    – Goiás: 17 deputados
    – Amazonas: 10 deputados
    – Espírito Santo: 9 deputados
    – Paraíba: 9 deputados
    – Rio Grande do Norte: 8 deputados
    – Mato Grosso: 8 deputados
    – Alagoas: 8 deputados
    – Piauí: 7 deputados
    – Distrito Federal: 7 deputados
    – Mato Grosso do Sul: 6 deputados
    – Sergipe: 5 deputados
    – Rondônia: 4 deputados
    – Tocantins: 3 deputados
    – Acre: 2 deputados
    – Amapá: 2 deputados
    – Roraima: 1 deputado

    Portanto vemos que todos seriam representado com ao menos 1 deputado: não precisaria haver este limite!

    Novamente: acreditar que uma maior quantidade de deputados aumentaria a eficiência (eficácia, sem comentários) do nosso poder legislativo é, a meu ver, uma inocência

    • Oi, Jorge. Já respondo a ti e ao Marcos aqui.

      1) Já tratei desse tema ao menos noutras três oportunidades. Seguem os linques:

      a) Brasil Paralelo e os Deputados Donos-do-Mandato Além de Outras Questões Representativas
      b) Reforma Eleitoral: uma proposta
      c) Por Eleições Melhores

      Vereis que enfrento algumas das questões levantadas por vós nos artigos acima (e em concordância com o que colocastes). Há ainda outras sobre as quais quero falar, mas ainda não fiz.

      2) Não entendo como “simplesmente aumentar” agravaria o problema, mas o ponto NUNCA foi esse. Ao menos, nunca SÓ esse. Por exemplo, está ali no texto:

      Isso inclui a necessidade de os estados também terem uma câmara alta (Senado), para que uma melhor representatividade regional seja alcançada. Caso contrário, o foco fica restrito às regiões mais populosas.

      Falando agora pragmaticamente, apenas garantindo que os atuais representantes não sintam risco de perder o cargo seria possível realizar qualquer reforma efetiva.

      É preciso aumentar; e já que vamos aumentar, que se aproveite isso para fazer as reformas necessárias.

      3) O Jorge disse: “Administrar mais de mil pessoas para esta função que é extremamente importante é um desafio que pode tornar o que já é muito lento, ainda mais moroso!”

      O número defendido por Platão e Aristóteles é 5.000 (5.040, por Platão, para ser exato). Eles não viam problema nessa quantidade – e com razão. Tudo dependeria das regras do jogo.

      É possível organizar os regimentos de forma a fazer com que funcione bem; e isso tenderia a acontecer simplesmente pela necessidade. Ainda que possa haver confusão no princípio, nalgum momento os ajustes acabariam sendo feitos.

      É preciso confiar também no processo. Faz parte.

  2. O autor está equivocado. O sistema de representação no Brasil é ruim, mas isso não diz respeito à quantidade de deputados, mas sim à forma com que são eleitos. Voto distrital é melhor, e é essa discussão, distrital ou proporcional, que é mais importante.

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