SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Os Tipos de Personalidade Política

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Os Tipos de Personalidade de Myers-Briggs

¿Sabes qual o seu tipo de personalidade política? Pois esta semana, te ajudo a entender o que é isso e como identificar cada um dos tipos.

¿Já ouvistes falar na classificação tipológica de Myers-Briggs (M.B.T.I., sigla em inglês)?

Na primeira metade do século XX, Katherine Briggs e Isabel Myers estabeleceram haver 16 tipos de personalidade baseadas na combinação do resultado de 4 distintas dicotomias [24=16]: extroversão-introversão (E-I); sensação-intuição (S-N); pensamento-sentimento (T-F); e julgamento-percepção (J-P).

É fácil achar o teste na internet. O último que fiz resultou em “Mediador” (INFP): introversão, 62%; intuitivo, 84%; sentimento, 56%; percepção, 90%.

Há diversas críticas, justas, à classificação. Trata-se de mera manualística. É uma simplificação da realidade. Porém, apesar de ser rasa, não deixa de mostrar algo da realidade. Alguma utilidade tem. Por exemplo, o meu resultado faz sentido; ainda que seja insuficiente para definir quem eu seja.

A aplicação de método equivalente para a política não é novidade. Também é fácil encontrar testes de “bússolas políticas” na internet. Os mais comuns seguem o padrão do plano cartesiano [meu resultado], mas há também um de 12 eixos (com 4.096 combinações possíveis) [meus resultados: simples; completo (“Moderate Condervatism”)].

I. CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA POLÍTICA DE SANCHOTENE (S.P.T.I., sigla em inglês)

As minhas personalidades políticas seriam algo como uma mistura desses três modelos. Eu encontrei 32 personalidades políticas, para as quais, infelizmente, ainda não consegui lhes dar nomes.

Tais personalidades baseiam-se em cinco dicotomias decorrentes de distintas tensões políticas: desde a mais próxima e menos relevante “tensão eleitoral” até a mais distante e mais importante “tensão teleológica”. Entre essas, encontrar-se-iam três tensões básicas: organizacional, anímica, e referencial.

II. OS OITO TIPOS BÁSICOS

Dessas três tensões básicas, temos oito tipos básicos:

1. SCT – Cauteloso/Concentrador/Tradicionalista
não podemos repassar aos nossos descendentes injustiças mais graves do que essas recebidas por nós de nossos antepassados (S); devendo se evitar que uma multiplicidade de respostas prejudique tal esforço (C); e nossa resposta deve ser compatível com as experiências históricas da nossa comunidade (T).

2. SCP – Cauteloso/Concentrador/Progressista
não podemos repassar aos nossos descendentes injustiças mais graves do que essas recebidas por nós de nossos antepassados (S); devendo se evitar que uma multiplicidade de respostas prejudique tal esforço (C); e é melhor que a resposta seja nova e pertinente ao fim que sonhamos (P).

3. SAT – Cauteloso/Delegador/Tradicionalista
não podemos repassar aos nossos descendentes injustiças mais graves do que essas recebidas por nós de nossos antepassados (S); devendo se permitir às comunidades que encontrem cada uma a sua fórmula (A); e nossas respostas devem ser compatíveis com as experiências históricas da nossa comunidade (T).

4. SAP – Cauteloso/Delegador/Progressista
não podemos repassar aos nossos descendentes injustiças mais graves do que essas recebidas por nós de nossos antepassados (S); devendo se permitir às comunidades que encontrem cada uma a sua fórmula (A); e é melhor que as respostas sejam novas e pertinentes ao fim que sonhamos (P).

5. OCT – Audaz/Concentrador/Tradicionalista
precisamos resolver agora as injustiças criadas e preservadas pelos nossos antepassados (O); devendo se evitar que uma multiplicidade de respostas prejudique tal esforço (C); e nossa resposta deve ser compatível com as experiências históricas da nossa comunidade (T).

6. OCP – Audaz/Concentrador/Progressista

precisamos resolver agora as injustiças criadas e preservadas pelos nossos antepassados (O); devendo se evitar que uma multiplicidade de respostas prejudique tal esforço (C); e é melhor que a resposta seja nova e pertinente ao fim que sonhamos (P).

7. OAT – Audaz/Delegador/Tradicionalista

precisamos resolver agora as injustiças criadas e preservadas pelos nossos antepassados (O); devendo se permitir às comunidades que encontrem cada uma a sua fórmula (A); e nossas respostas devem ser compatíveis com as experiências históricas da nossa comunidade (T).

8. OAP – Audaz/Delegador/Progressista
precisamos resolver agora as injustiças criadas e preservadas pelos nossos antepassados (O); devendo se permitir às comunidades que encontrem cada uma a sua fórmula (A); e é melhor que as respostas sejam novas e pertinentes ao fim que sonhamos (P).

Cada um desses tipos pode ser ainda Direita/Prudente (DF), Direita/Ideológico (DI), Esquerda/Prudente (EF), ou Esquerda/Ideológico (EI); o que leva a conta de tipos de personalidade política a 32 possibilidades diferentes.



Para entender melhor esses tipos, examinemos as tensões em que esses se fundamentam.

III. TENSÃO ELEITORAL (D-E): Direita x Esquerda
A tensão eleitoral se refere à disputa de poder. Por sempre haver um governo e uma oposição, a política partidária sempre tende a “dois”. Não precisa necessariamente haver duas forças políticas em conflito, mas o jogo político tem a tendência de ir em direção à formação de dois blocos opositores.

Convencionou-se chamar esses blocos/forças/movimentos de Direita e Esquerda. Faz sentido. Direita só tem significado em relação à Esquerda, e vice versa. Não possuem qualquer significado em si. É exatamente como acontece com tal classificação política. O sentido é dado na prática, sendo diferentes de acordo com o tempo e com o local em que são empregados.

IV. TENSÃO TELELÓGICA (F-I): Prudência x Ideologia

A tensão teleológica se refere à finalidade da Política. É a tensão mais importante de todas, pois divide as personalidades entre suas versões sã e enferma; boa e má.

A versão ideológica (I) crê que a finalidade da Política é a vitória definitiva da sua visão de sociedade perfeita. O ser humano só seria plenamente feliz quando política se tornasse desnecessária. Essa é a versão enferma, doente, insana, e má.

A versão prudente (F, de Filosofia) tem a finalidade da Política como o próprio jogo político. O jogo não pode terminar jamais. O homem, afinal de contas, é um animal político. O prudente deixa espaço para que outras idéias e opiniões que não a sua sejam discutidas, praticadas, e implementadas, mas desde que essas não impeçam a discussão, prática, e implementação de outras. Por isso, trata-se da versão sadia.

V. AS TRÊS TENSÕES BÁSICAS

Agora, podemos voltar às tensões básicas que fundamentam aqueles 8 tipos listados acima.

a. Tensão Anímica (O-S): Permanência x Mudança
– proatividade contra defeitos (O)
– cautela contra alterações (S)

Chamo de tensão anímica porque se trata daquilo que moveria à ação política. Muitas vezes esta tensão é referida como sendo entre liberais e conservadores. Não quero tocar nesse vespeiro.

Para deixar mais claro seu significado, prefiro chamar os polos opositores de “audazes” (O, de ousadia) e “cautelosos” (S, de segurança). Os audazes preferem arriscar mudanças a continuar suportando os problemas e as injustiças presentes. Os cautelosos, pelo contrário, preferem o “mal conhecido” ao “mal desconhecido”; desconfiando de novidades.

b. Tensão Organizacional (C-A): Unidade x Pluralidade
– uniformidade nas decisões políticas (C)
– coexistência de múltiplas decisões políticas conflitantes (A)

A tensão organizacional é sobre como as ações e decisões políticas serão tomadas em sociedade.

A dicotomia se dá entre aqueles partidários de um poder concentrado e único, os “concentradores” (C), e os defensores de uma ordem policêntrica ou descentralizada, os “delegadores” (A, de anarquista).

c. Tensão Referencial (T-P): Passado x Futuro
– referência no resultado futuro (P)
– deferência às experiências passadas (T)

A tensão referencial trata da fonte de autoridade para o estabelecimento das questões políticas e dos fundamentos para as suas respostas – principalmente, “quem somos?” e “quem queremos ser?” Nessa esfera, os pólos seriam o “passado”, de um lado, e o “futuro”, do outro.

A dicotomia é entre aqueles que buscam na história os paradigmas de referência para tratar dos problemas políticos atuais, os “tradicionalistas” (T) e quem busca no futuro – na melhor versão imaginada de sociedade – a referência para tratar dos problemas, os “progressistas” (P).



E aí, caro leitor, ¿conseguiste te identificar com algum dos tipos?

Se eu fosse escolher um para mim, seria OAT-DF (audaz/delegador/tradicionalista-direita/prudente); mas eu realmente preciso desenvolver um teste para determinar isso…

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