SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Jair, Olavo, os Puxam-Sacos, e o Pardalzinho

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Fulano é meu amigo; mexeu com ele, mexeu comigo.


Será possível haver pessoas acima de crítica? Será mesmo que críticas sejam feitas somente por inimigos?! Essas são as perguntas-tema da coluna desta semana.


Na Direita brasileira, hoje, há dois personagens tidos como intocáveis: Jair Bolsonaro e Olavo de Carvalho.

Qualquer crítica a qualquer um deles, e quem a tiver feito se verá soterrado por ataques ferozes dos mais diversos. Eles têm uma quantidade grande de admiradores e defensores; todos ávidos em protegê-los.

Se há uma coisa que não falta hoje no Brasil, são os guardiões da calípolis socrática; os cachorros que distinguem amigos de inimigos. Contudo, esses nossos guardiões distinguem mal um tipo do outro. Acabam cometendo o erro do pardalzinho da história.

Para quem não conhece a piada, ei-la:

<<Um pardal, cansado da rotina diária, resolveu partir para novas aventuras. Voou, voou, até atingir uma região gelada. Ficou tão gelado, que caiu na neve.

Uma vaca que passava perto, viu a triste situação do pardal e resolveu ajudá-lo defecando sobre ele. Em poucos minutos o pardal sentiu-se tão quente e confortável que começou a cantar.

Um gato que estava perto ouviu o seu canto, deu o bote, tirou-o da merda, e o comeu.>>

Parece bobagem, mas é uma história cheia de ensinamentos. Há cinco, mas quero chamar atenção a dois em particular, os números ‘2’e ‘3’ abaixo:

<<(1) quando estiveres cansado da rotina, toma cuidado com novas aventuras;
(2) nem sempre aquele que caga em cima de você é seu inimigo;
(3) nem sempre aquele que tira você da merda é seu amigo;

(4) quando estiveres quente e confortável, ainda que estejas na merda, conserva o bico calado;
(5) quando estiveres na merda, não cantes.>>

Nunca fui de idolatrar pessoas. Mesmo aquelas de quem sou tiete, tenho noção de que são pessoas cheias de defeitos como qualquer outro ser humano. Já espero que haja algo de errado, de ruim. Não tenho expectativa de perfeição.

Até por isso, adoro crítica. Não me refiro apenas às críticas que faço, mas também àquelas que recebo. Não consigo entender crítica como algo mau. Aquilo que pode estar errado, ser problemático, ou ter defeito precisa ser apontado. Como melhoraremos, se não for assim?

Evitemos acabar como o pardal. Não assumamos que críticas sejam sempre para prejudicar e tomemos cuidado com quem só elogia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor