SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | “Derrotamos o Bolsonarismo”

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

“É mais fácil construir estradas do que combater a Esquerda.” (Ricardo Salles)


<<Na UNE, recentemente, um supremo juiz declarou orgulhoso: “derrotamos o bolsonarismo”. Por “bolsonarismo”, entenda-se a relevância política da Direita. Involuntariamente, Bolsonaro contribuiu para isso. Foi uma oportunidade perdida.>>


A Direita está esfacelada. Escrevi aqui em maio de 2021, no artigo O Brasil de 2022 é muito melhor que o de 2002: <<A Direita tem eleitorado, mas não tem estrutura e nem instituições. Só quem consegue as substituir é o Bolsonaro.>> Noutras palavras, <<…  hoje a Direita [está] representada numa única pessoa…>>

Sem Bolsonaro, a Direita não tem nada. Bolsonaro é diferente do bolsonarismo, um movimento político ligado ao ex-presidente; assim como Lula e o petismo não se confundem. O bolsonarismo está aí, mas não tem o mesmo peso e nem a capacidade de unir a Direita.

Era preciso trabalhar na construção dessas estruturas e instituições caras a qualquer movimento político, mas não se conseguiu. Para poder realizar essa tarefa, é preciso fomentar e deixar acontecer. Mas “deixar acontecer” tem o risco de tomar direções inesperadas. Optou-se por um caminho mais controlado, que garantisse a liderança do Bolsonaro, mas sem sucesso.

Ironicamente, quanto mais se tentou proteger a posição, mais fragilizada essa ficou. Como consequência, não apenas se deixou de construir aquilo que a Direita não tem, como se perdeu o que se tinha.

Bolsonaro não conseguiu criar um partido; nos deixou dois ministros do Supremo que se curvam aos desmandos de Moraes, Barroso, Gilmar, et caterva; não se preparou para a eleição para a prefeitura de São Paulo; deixou um governador no principal estado do país que não perde oportunidade de virar as costas para a própria base; e ainda perdeu os próprios direitos políticos.

Eu escrevera naquele artigo que o Brasil de hoje é melhor que o de 2002, e mantenho. Porém, faz-se uma enorme força para fazer dos eventos de 2013 um acidente irrelevante. Pois é exatamente onde a Direita está politicamente no momento.

Na UNE, recentemente, um supremo juiz declarou orgulhoso: “derrotamos o bolsonarismo”. Por “bolsonarismo”, entenda-se a relevância política da Direita. Involuntariamente, Bolsonaro contribuiu para isso. Foi uma oportunidade perdida.

O que fazer agora? Aprender com os erros e seguir em frente.

Não se pode voltar aos tempos de tucanos e Centrão corruptos angariarem os votos da Direita enquanto diziam “amém” aos governos de Esquerda. (E quando falo “tucano” me refiro a mais do que peessedebistas.) Não se pode abraçar qualquer candidato só porque foi indicado pelo Bolsonaro. Não se pode querer começar pelo fim.

Quanto ao que se passa em Brasília e nas capitais, só se pode fazer barulho. Deve-se, inclusive; mas não é o mais importante. Se a ajuda não veio, é preciso fazer por nós. Como num acidente aéreo, não se vai lá na cabine ajudar o piloto. Primeiro, se coloca a máscara em si; depois, auxilia-se a quem estiver próximo.

Estudemos, pois. Conversemos com quem está ao nosso lado. Mudemos uma alma por vez. Para que quando a oportunidade voltar a aparecer, e ela voltará, nós não a desperdicemos novamente.

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