“A prole aprisiona a mulher.” (Dária Aleksândrovna)
A Arte avisa. A História ensina. No século XIX, Leo Tostói já testemunhava na sociedade russa aquilo que a Esmeril apresenta este mês como característica na nossa sociedade atual. Compete a nós aprendermos ou não com isso.
A Esmeril deste mês fala da “Cultura da Morte”. Pois, eis que minha falha em teimar em não terminar de ler Ana Karenina acabou ajudando.
O lançamento da revista coincidiu com a minha leitura dos capítulos XVI a XX da Parte VI do clássico livro de Tolstói. Nesse trecho, o escritor russo escreve sobre:
– uma jovem mulher que trata a morte do filho bebê como se fora uma bênção;
– uma mãe (cunhada da Ana) afirmando, apesar do horror daquela opinião e de ter sofrido mal semelhante, haver algo de verdade nessa;
– outra mãe (Ana) admitindo ser supérflua na criação da filha; e
– o fato de o novo (e desnecessariamente luxuoso) hospital que o amante da Ana constrói para a comunidade rural não possuir maternidade.
No século XIX, Leo Tostói já testemunhava na sociedade russa aquilo que a Esmeril apresenta este mês como característica na nossa sociedade atual. E sabe-se muito bem o que ocorreu com a Rússia algumas décadas depois.
“¿Estaríamos nós fadados ao mesmo fim?“
Não, prezado leitor. Não estamos.
Voegelin gostava de citar uma frase (não me recordo o autor): “Não é porque algo aconteceu que se deve chamá-lo de `Destino’.” A Arte avisa. A História ensina. Compete a nós aprendermos ou não com isso.
O próprio livro Ana Karenina é uma história de contrastes. Tolstoi apresenta saídas. Está-se sempre diante de encruzilhadas. No centro da cruz, decidimos o caminho a percorrer.
Não nos seria possível reconhecer o niilismo e a “Cultura da Morte” sem a noção primeira daquilo que essas se opõem. Portanto, sempre se pode escolher o Bem.