LEIA NESTA EDIÇÃO丨48

Bruna Torlay
Bruna Torlay
Estudiosa de filosofia e escritora, frequenta menos o noticiário que as obras de Platão.

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, algumas pessoas sentiam algo de estranho ar. Um clima estranho. O mesmo aconteceu no início dos anos 30 com relação à ascensão do nacional-socialismo e ao futuro incerto dos judeus na Europa. Encerrada a Segunda Grande Guerra, fomos todos envolvidos pela Guerra Fria, que esquentou concretamente aqui e acolá em conflitos civis ou regionais. Desde a primeira década do século XX, a guerra nos ronda. Especialmente agora, havendo conflitos sob a direção de tiranos suficientemente loucos, desesperados ou megalômanos, a impressão de iminência de guerra se amplia. São prelúdios de guerra o que testemunhamos? Eis o tema da presente edição.

O número começa com a minuciosa exposição da nova ideologia usada pela Rússia para avançar seu anseio de império: o eurasianismo. Esmeril entrevista Daniel ferraz e Alexandre Costa, chamados a elucidar o nexo entre o sincretismo ideológico de Dugin e a Nova Ordem Mundial.

Se você nunca se viu pensando a guerra, acompanhe o marcante diálogo travado em Conversar é pensar junto e descubra por onde começar.

O convidado Especial do número é o pesquisador em História militar e Defesa Júlio César Guedes, que comenta o impasse atual do conflito Rússia-Ucrânia e explica como e por que ele pode escalar.

Na Ordem do dia, permanece o espanto com que muitos analistas viram a invasão da Ucrânia pela Rússia — enquanto poucos foram os que apostaram convictamente que a guerra aconteceria. Qual a premissa fundamental para entender claramente a insistência de Putin no conflito?

O que leva alguns homens a apostar todas as suas fichas numa guerra, e outros a simplesmente não dar importância demais a cada uma? Muito pior que a guerra é a cegueira ao que nos afasta da realidade, responde Jonata Godói na Preleção do presente número.

Mas permanece no ar outro problema: o que leva um ser-humano a celebrar a guerra? Se é árduo dar resposta integral ao fenômeno, Israel Simões fala, num Ensaio, pelo menos por si próprio, sobre a causa real dos furores de uma guerra santa.

Falando em guerra, na seção Patrimônio e memória, ouvimos as recordações do lúcido e centenário Capitão Elmo Diniz, ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira, sobre sua participação na II guerra mundial, e perguntamos a ele o que espera da geração presente diante de um possível conflito em escala global. De quebra, soubemos que ele transformou seu acervo pessoal em museu, a fim de mostrar às gerações presentes o que foi de fato aquela guerra.

Governança e Estratégia apresenta a você, leitor, a Quarta teoria política, motor oculto da ação política russa nas últimas décadas. Os ingredientes da teoria, assim como pressupostos incontornáveis de sua elaboração, estão bem alinhavados para ajudá-lo a entender porque um estrategista não pode ser tido por filósofo, e porque agentes políticos não resistem a sofismar como pontuam.

Mas se a Rússia de hoje atualiza ao seu modo a milenar querela entre ocidente e oriente, vale a pena lembrar que A Beleza importa, e quando dependeu do cristianismo, ela reinou em Constantinopla, reunindo por um momento adversários históricos.

Na Marca da Cal parte de um dos maiores clássicos do futebol brasileiro para explicar o paradoxo da política, e também da guerra, e o Conto que vos aguarda encerra a revista com chave de ouro, conduzindo sua alma ao cerne de um conflito ora existente apenas no campo do possível.

Será um alerta dispensável recordar que nada acontece na realidade sem antes ter surgido em literatura?

Boa leitura e, se Deus quiser, até a próxima edição.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023

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