DOSE DE FÉ | Estevão

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Morto por apedrejamento, Santo Estevão esteve entre os sete primeiros diáconos e foi o primeiro mártir da Igreja

Hoje é dia de Santo Estevão, primeiro mártir da Igreja.

Estevão está entre os sete homens que compuseram o primeiro grupo de diáconos em Jerusalém, como consta nos capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos. Como o número de cristãos aumentava muito, os Apóstolos não tinham mais tempo e disponibilidade para prestar auxílio às viúvas. Inspirados por Deus, escolheram diáconos para estes serviços, enquanto se dedicavam à oração e à pregação da Palavra. Os Apóstolos impuseram as mãos sobre os sete escolhidos, em um sinal sacramental oficial da missão que estavam lhes delegando.

O livro dos Atos refere-se particularmente a Estevão como “homem cheio de fé e do Espírito Santo e que toda a multidão dava um excelente testemunho dele”. (At 6: 5) Este servo de Deus, na verdade, prestava-se a mais que as obras de caridade que lhe era designadas, servindo também no ministério da Palavra, destacando-se na pregação.

Além das obras que prestava aos necessitados e do ministério da Palavra, Estevão também realizou milagres e prodígios, conforme pode ser verificado em Atos 6, 8. Isso, junto ao intenso crescimento do número de conversões, começou a incomodar muito as autoridades judaicas do Sinédrio, que prenderam Estevão. Tentaram desmoralizá-lo em seu julgamento, mas não conseguiam refutar sua argumentação e, assim como aconteceu com Jesus Cristo, culparam-no arbitrária e injustamente de blasfêmia e o condenaram à morte por apedrejamento – por isso ele é o protomártir da Igreja Católica. Também como Cristo, em sua última oração, ele pediu perdão a seus algozes: “Senhor, não lhes leve em conta este pecado…” (At 7: 60)

O julgamento de Santo Estevão desencadeou a primeira perseguição e, consequentemente, a primeira dispersão dos cristãos pelo mundo. Isso atendeu aos planos de Deus, pois acelerou a propagação do Evangelho, que naquele momento estendeu-se à Samaria, Fenícia, Síria e Antioquia. Além disso, ainda seguindo os caminhos da Providência Divina, foi o pivô da preparação do Apóstolo Paulo, que, ainda como Saulo, estava presente no martírio de Estevão.

Sobre Santo Estevão, o Papa Emérito Bento XVI observa:

“A história de Santo Estevão nos diz muitas coisas. Por exemplo, ela nos ensina que não é necessário deparar o compromisso social caritativo do anúncio corajoso da fé. Ele era um dos sete, encarregado principalmente da caridade. Mas era impossível separar a caridade da fé. Assim, com caridade ele proclama Cristo crucificado, a ponto de aceitar até o martírio. Esta é a primeira lição que podemos aprender da figura de Santo Estevão: Caridade e anúncio da fé andam sempre juntos.” (Os Apóstolos: uma introdução às origens da fé cristã. São Paulo: Pensamento, 2007. Pág. 180)

Que o protomártir Estevão possa nos lembrar sempre da Cruz de Cristo como o centro de nossas vidas.

Santo Estevão, rogai por nós!

 

O martírio de Santo Estevão

Quando Estevão foi preso injustamente,
derrotar suas palavras não puderam,
e assim como com Cristo, falsamente,

de blasfemar a culpa lhe impuseram.
Raivosos, a ranger seus feros dentes,
ofensas e impropérios lhe disseram

e contra ele atiraram-se inclementes.
Pra fora da cidade o conduziram
e alucinados, ébrios, maldizentes,

mil pedradas contra ele desferiram,
e enquanto, pedra a pedra, ele sangrava,
os anjos do Senhor ali ouviram

as últimas palavras que ele orava:
“Recebe meu espírito, Senhor”,
e já de joelhos, ele terminava:

“Ouvi, por fim, este último clamor,
e não leveis em conta este pecado
do povo que a mim faz-se executor”,

e ao fim destas palavras, desmaiado
sem vida já, por terra, enfim, tombou
o primeiro cristão martirizado

que nos braços de Deus ressuscitou.

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