DOSE DE FÉ | Agostinho

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Pai da Patrística, Doutor da Igreja e um dos maiores nomes de cristianismo, Santo Agostinho passou quase metade da vida procurando a Verdade, até encontrá-la em Nosso Senhor Jesus Cristo

Hoje e dia de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja.

Nascido em Tegaste, cidade no Norte da África que fazia parte do Império Romano, em 354, Aurélio Agostinho era filho primogênito do decurião Patrício e de Santa Mônica, que sempre buscou educá-lo na fé cristã, mas que não o levou ao batismo, por não ver ainda a hora propícia para tal. No entanto, por trinta e dois anos ela rezou por sua conversão.

Aos 17 anos Agostinho foi estudar Retórica em Cartago, e lá passou a seguir a doutrina maniqueísta, que simplificava o mundo enquanto mau na matéria e bom no espírito. Também tornou-se adepto do hedonismo, filosofia de vida que tem como fim absoluto a busca dos prazeres físicos. Entregue aos prazeres do mundo, envolveu-se com diversas mulheres, e chegou a ter um filho chamado Adeodato, com uma cartaginense com a qual viveu por 13 anos. 

Estudioso aplicado, Agostinho logo tornou-se um orador de prestígio, e chegou a ter uma escola em Roma. Depois, conseguiu o posto de professor na corte imperial em Milão. Decepcionado com o maniqueísmo, aderiu ao ceticismo, com o qual também decepcionou. De fato, ele jamais parou de procurar a Verdade e a felicidade, mas nunca no lugar certo.

Um dia, o sempre curioso e inquieto Agostinho resolveu escutar as pregações de Santo Ambrósio, Bispo de Milão. Ouvira falar de sua retórica excelente. A coerência e a clareza das pregações convenceram Agostinho, e ele se converteu, enfim. Encontrara a Verdade que sempre havia buscado. Assim, em uma vigília Pascal, foi batizado por Santo Ambrósio. Junto com ele também foi batizado seu filho Adeodato, então com 15 anos, e que veio a falecer pouco tempo depois, adoecido, mas salvo.

Alguns anos depois, em 387, também morreu sua mãe, que durante todos aqueles anos jamais parou de rezar por sua conversão, e que nos últimos tempos também havia influenciado Agostinho em muitos diálogos que travava com o filho.

Convertido, Agostinho passou a oferecer todo seu talento ao Senhor, que lhe ensinara mais que qualquer mestre que ele havia seguido por tantos anos. De volta a Tegaste após a morte de sua mãe, fundou com alguns companheiros de fé uma comunidade monástica para a qual ele mesmo escreveu as Regras. Deste embrião nasceram várias ordens e congregações religiosas masculinas e femininas, todas seguindo as regras e a inspiração “Agostiniana”.

Em 391, Agostinho foi ordenado sacerdote em Hipona, onde rapidamente tornou-se um pregador muito famoso, e um ardoroso opositor do maniqueísmo. Em 395, pouco após a morte do Bispo local, Agostinho sucedeu-lhe no cargo, em que ficou até a sua morte, em 28 de agosto de 430, após um frutífero episcopado em favor da conversão do povo de Hipona.

Legado

Além dos mais de 350 sermões de sua autoria, Santo Agostinho, considerado o Pai da Patrística, legou ao mundo uma vasta obra de conteúdo filosófico e teológico que o projetaram à seleta galeria dos Santos Doutores da Igreja. Entre seus escritos mais conhecidos estão suas Confissões, em que ele narra sua vida antes de se tornar cristão e sua conversão, e A Cidade de Deus, uma interpretação do mundo à luz da fé cristão, escrita para consolar o povo de Roma após o saque promovido pelos visigodos em 410.

Em 725, os restos mortais de Santo Agostinho foram exumados e trasladados para a cidade de Pávia, na Itália, onde são venerados na Basílica de São Pedro do Céu de Ouro, que fica perto do local onde ocorreu sua conversão.

Basílica de São Pedro do Céu de Ouro, em Pávia, onde está sepultado Santo Agostinho

E é sobre esta conversão que devemos meditar. O Santo Bispo de Hipona, sobre quem Nosso Senhor tanto trabalhou pela intercessão das orações de sua mãe, Santa Mônica, confessou ter-se convertido pela Graça de Cristo. Também confessou que passou quase metade de sua vida procurando por essa Graça, mas nos lugares errados. No entanto, desde sua infância ela batia-lhe à porta. Sejamos, portanto, atentos. Muitas vezes, Nosso Senhor nos bate à porta, e O ignoramos, para então procurá-Lo em nossos subjetivismos e egoísmos, lugares onde jamais iremos encontrá-Lo. Peçamos a Santo Agostinho a tenacidade em procurar a Cristo sem parar, a sabedoria para reconhecê-Lo, e a humildade para amá-Lo.

Santo Agostinho, rogai por nós! 

 

A conversão de Santo Agostinho

 

Perdido entre prazer e diversão,

seguindo sempre um novo e fraudulento

charlatanesco e mau ensinamento,

Agostinho seguia em confusão.

 

Um dia, a ouvir Ambrósio de Milão,

encontrou coerência e fundamento,

e a Verdade, naquele vão momento,

lhe transpassou a  mente e o coração.

 

Rendendo-se, prostrado em humildade,

aos pés da Santa Cruz se colocou,

pois nela vira a única Verdade,

 

Aquele a quem tão tarde enfim amou,

e a Ele entregue, e n’Ele confiado,

de suas trevas foi ressuscitado.


DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor