Baseado em Jo 2, 1 – 11, e nas visões da Beata Anna Catharina Emmerich
Ele vinha com a pele queimada dos quarenta dias exposto ao sol do deserto, mas aquilo não parecia incomodá-Lo. Ia alegre, com vestes de festa, junto com a mãe e alguns amigos e primos, e todos eles O seguiam também alegres.
Chegaram quando a festa já ia começando, enquanto os convidados aguardavam os noivos, que não tardaram a chegar da sinagoga. O local era um belo jardim, onde havia música e dança, e três grandes mesas dispostas enfileiradas, repletas de frutas, cordeiro, pão, mel e vinho. Após cumprimentar os presentes, Ele abençoou os jovens noivos, e então todos viram irradiar do casal um leve brilho.
Sentou-se com a mãe e os Seus na mesa do meio, e entre jogos, brincadeiras e conversas animadas, passou a ensinar. Os que O circundavam, e mesmo os que se sentavam nas mesas dos lados, escutavam-No com atenção, procurando sorver e assimilar cada uma de Suas palavras. E assim seguiam os festejos, com boa música, dança, boa comida e a melhor das companhias.
No auge da festa, no entanto, acabou o vinho. Ele ainda ensinava, e para além daqueles olhos fixos e atentos n’Ele, podiam-se ouvir alguns cochichos e murmúrios. Maria então O interrompeu, e, fitando-O com um olhar humilde, súplice, informou:
– Filho, não há mais vinho.
Ele se comoveu com aquele olhar em que transbordava a generosidade e a pureza do coração de Sua mãe, mas respondeu-lhe ainda como Pedagogo:
– Mulher, que nos importa a mim e a ti isso? Ainda não chegou a minha hora.
Ela curvou-se humildemente, mas logo em seguida dirigiu-se a dois dos serventes que estavam ao seu lado e lhes instruiu:
– Fazei tudo o que Ele vos disser.
Ele pediu aos dois rapazes que enchessem de água seis grande talhas vazias que se encontravam ali perto, e assim eles obedeceram, enchendo-as até o topo. Ele então lhes disse:
– Tirai agora e levai ao mestre despenseiro.
Os dois novamente obedeceram, e quando o despenseiro tomou aquela água que, sem que ele soubesse, havia sido transformada no melhor vinho que já provara, muito maravilhou-se. Chamou à parte o jovem, que àquela hora dançava alegre, ainda ignorando a falta da bebida:
– Senhor, todo homem põe primeiro o bom vinho, e, quando já os convidados têm bebido bem, então lhes apresenta o inferior; tu, ao contrário, tiveste o melhor vinho guardado até agora!
O jovem ficou um tanto confuso com aquelas palavras, mas agradeceu e voltou a dançar com sua esposa. Em meio à alegria da festa, enquanto todo já provavam daquele vinho maravilhoso, Ele e mãe trocaram um olhar de cumplicidade e ternura. Sua hora havia chegado.