SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | O Extremo-Centro

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

“Não seria eufemismo para ‘chato p’ra c*r*lh*?” (um leitor atento)

Não. O título não se refere o Centrão. O título é sobre mim, mesmo. Centrão e “Extremo-Centro” são coisas bem diferentes. Por favor, evitemos confusões.

A Bruna Torlay diz que sou “do contra”, mas isso é só parcialmente verdadeiro. Sou apenas uma pessoa avessa a certezas – inclusive as minhas próprias. Reafirmo: quando escrevo algo, é para ser refutado.

Este fim-de-ano, saí de Uruguaiana e vim passar o Natal em Porto Alegre. São 630km, mas a minha impressão é ser uma viagem interplanetária.

Para dar um exemplo, ouvi esta história agora em Porto Alegre, a qual só relatarei, sem tecer qualquer comentário:

– Santa Catarina está virada num estado nazista-bolsonarista. Um amigo meu esteve em Urubici, viu uma faixa e tirou foto! Estava escrito: “Senhor ladrão. Não damos tiros de advertência. Munição está muito cara.

Eu sigo sendo a mesma pessoa. Minha postura é sempre igual. Porém, as impressões que passo são diametralmente opostas. Nas conversas sobre política em Uruguaiana, passo a imagem de ser contrário à Direita; já em Porto Alegre, me tiram para lambe-botas de milico.

Isso acontece não por eu ser “do contra”, mas justamente por ser de “Extremo-Centro”.

Eu creio que seguramente as pessoas desses grupos diferentes, os de Uruguaiana e os de Porto Alegre, são incapazes de se entender mutuamente.

Por querer entendê-las e fazer-me entender, isso me torna de “Extremo-Centro”. (Ser de Direita ou Esquerda é irrelevante para isso.)

O Brasil precisa que essas pessoas se entendam. Porém, as chances de isso ocorrer no curto prazo são nulas. Enquanto estivermos assim, a crise seguirá.

Sei que não sou único. Há pessoas como eu por aí. Mas precisamos de mais extremistas de Centro.

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