“Não seria eufemismo para ‘chato p’ra c*r*lh*?” (um leitor atento)
Não. O título não se refere o Centrão. O título é sobre mim, mesmo. Centrão e “Extremo-Centro” são coisas bem diferentes. Por favor, evitemos confusões.
A Bruna Torlay diz que sou “do contra”, mas isso é só parcialmente verdadeiro. Sou apenas uma pessoa avessa a certezas – inclusive as minhas próprias. Reafirmo: quando escrevo algo, é para ser refutado.
Este fim-de-ano, saí de Uruguaiana e vim passar o Natal em Porto Alegre. São 630km, mas a minha impressão é ser uma viagem interplanetária.
Para dar um exemplo, ouvi esta história agora em Porto Alegre, a qual só relatarei, sem tecer qualquer comentário:
– Santa Catarina está virada num estado nazista-bolsonarista. Um amigo meu esteve em Urubici, viu uma faixa e tirou foto! Estava escrito: “Senhor ladrão. Não damos tiros de advertência. Munição está muito cara.”
Eu sigo sendo a mesma pessoa. Minha postura é sempre igual. Porém, as impressões que passo são diametralmente opostas. Nas conversas sobre política em Uruguaiana, passo a imagem de ser contrário à Direita; já em Porto Alegre, me tiram para lambe-botas de milico.
Isso acontece não por eu ser “do contra”, mas justamente por ser de “Extremo-Centro”.
Eu creio que seguramente as pessoas desses grupos diferentes, os de Uruguaiana e os de Porto Alegre, são incapazes de se entender mutuamente.
Por querer entendê-las e fazer-me entender, isso me torna de “Extremo-Centro”. (Ser de Direita ou Esquerda é irrelevante para isso.)
O Brasil precisa que essas pessoas se entendam. Porém, as chances de isso ocorrer no curto prazo são nulas. Enquanto estivermos assim, a crise seguirá.
Sei que não sou único. Há pessoas como eu por aí. Mas precisamos de mais extremistas de Centro.
Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023