SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Natal: Aniversário, Presente, e Amor

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Nesta segunda-feira natalina, resolvi voltar aos meus textos e fazer um apanhado do que publicara sobre a Natividade aqui na Esmeril. Espero que o próprio texto sirva de justificação. Afinal, não posso ficar ausente por muito tempo.



Há quem reclame que no Natal só se dá bola para o presente. Contudo, presente não se chama “presente” à toa. No fundo, o Presente é o que realmente importa.

No Natal, quem não recebe presentes são aquelas pessoas que, infelizmente, acabam de fora da verdade do Natal.

Há quem reclame que no Natal só se foca no Papai Noel. Porém, é importante acreditar no Papai Noel e agir como o Papai Noel, para que a verdade do Natal não seja esquecida e que possa chegar a mais pessoas.

O Natal é, de fato, uma festa de aniversário. A verdade do Natal, a verdade do Papai Noel, a razão para todos ganharmos presentes, aquilo que levou a São Nicolau a presentear as crianças, é que o aniversário do Natal é o aniversário de todo mundo.

Todo mundo importa!

Se Natal é, primeiramente, uma festa de aniversário, é necessário frisar que aniversários são celebrações revolucionárias.

O que se comemora num aniversário, se não o dia de nascimento? Todo aniversário é uma volta ao ponto-de-partida; tratando-se tanto de um agradecimento quanto de um recomeço. O aniversário, portanto, é um retorno ao princípio em gratidão.

Note-se que não se trata de um mero retorno. A revolução não faz tabula rasa do passado. Pelo contrário, trata-se de uma celebração da história.

Um aniversário, por ser revolucionário, reconhece tudo o que ocorreu até então. É evidente que nesse lapso temporal muitas coisas ruins ocorreram, mas agradece-se por essas, também.

“Perdoar” é diferente de “esquecer”. Tudo de bom e de ruim que aconteceu, a história, formam o elo entre o agora renovado e o momento primordial.

O Natal, sendo o aniversário comum de todos, é imorredouro. 

Diga-se mais. Natal é amor.

O Amor é o que move todas as coisas. É pelo Amor que identificamos um bem e fazemos desse bem um fim para as nossas ações. Tudo o que fazemos, fazemos por amor.

O Amor verdadeiro é abundante e belo, nos diviniza, nos eterniza; já o falso amor nos corrompe, nos destrói, nos mata. Mostra ainda que mesmo nos momentos mais difíceis, o Amor sempre está presente e pronto para nos ajudar se nos focarmos na beleza da nossa Alma.

A celebração do Natal tem relação com a família, com a importância de ser feliz pelo outro, e com estar contente com aquilo que se tem. Natal tem a ver com o contato humano, como na ceia em família. O Natal tem a ver com o reconhecimento do outro, como na troca de presentes.

Portanto, Natal ensina o bem-amar.

O amor ao outro como sendo parte de nós é a base da amizade.

Sem amizade não há comunidade. Sem comunidade, não há casamento. Sem casamento, não há família. Sem família, não há indivíduo.

Só há casamento porque amo a minha esposa e vice-versa e nos reconhecemos mutuamente como formadores de uma comunidade. Sem tal reconhecimento baseado no amor, não há família, não há política, não há futebol, não há aniversário, não há Natal, não há história. Enfim, não há nada.

Uma amizade não é medida pela ausência de conflito. A medida é dada pela forma como os conflitos inerentes da relação são reconhecidos e contornados. Essas disputas são próprias da relação; são consequências do amor. Não são sintomas de falta de amizade.

Natal é época de conciliação e de reconciliação. No Natal, agradece-se pelo fato de se estar ali com todos os outros agora por amor.

Esse é o sentido da Encarnação.



Feliz Natal!

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