ROBERTO LACERDA | Em defesa do monopólio da opinião pública

Roberto Lacerda
Roberto Lacerda
Roberto Lacerda Barricelli é jornalista, assessor e historiador. Foi correspondente do Epoch Times e colaborador em diversos jornais, como Jornal da Cidade Online, O Fluminense, São Carlos Dia e Noite, Diário da Manhã, Folha de Angatuba e Jornal da Costa Norte

Uma resposta sacana e indecente a Vítor Marcolin em defesa do monopólio da mídia pelos semi-deuses das redações bananeiras

Finalmente responderei ao texto de alguém com o cérebro no devido lugar. Quem disse que Santo de casa não faz milagre? O colunista Vítor Marcolin publicou uma crítica à mídia, em seu “É normal, mas injusto“.

Como num jogo de confrades, fica tudo entre a panelinha de Esmeril, pois o texto do próprio Vítor teve por motor nada imóvel a pena ferina de outro esmerildo, o Paulo Sanchotene, quase um Sancho Tchê! Piadinhas infames e ridículas à parte, é hora da esmerilhadeira.

[…] só posso analisar os fatos que chegam até mim da mesmíssima forma como chegariam a qualquer outro mero CPF: por meio da linguagem midiática, com direito integral a todos os seus consagrados chavões, entonações, pausas, tiques nervosos, vícios e dubiedades.

Bem, sendo o artigo do confrade Vitor uma crítica à mídia, apenas um analfabeto de pai e mãe, ou mau caráter, dirá que por linguagem midiática o colunista não está se referindo àquela imprensa capaz de torcer a opinião pública para este ou aquele lado. Aliás, o próprio deixa isso ainda mais claro. 

Daí o papel fundamental da mídia — que é o que vamos criticar neste artigo. Quando ela — por compromissos ideológicos, interesses econômicos ou uma mistura abjeta das duas coisas – favorece, explícita e desavergonhadamente, um dos concorrentes ao poder, arrasta consigo a opinião pública.

A crítica do confrade explora a injustiça provocada pela atuação d’uma imprensa bananeira com “compromissos ideológicos”. Neste ponto nos separamos! Oras, querer que um jornalista de banânia se abstenha de “compromissos ideológicos” é o mesmo que tentar separar um corno de seus chifres. 

Que me respondam: “Conservadorismo não é Ideologia e um jornalista conservador não tem compromissos ideológicos”. Só o fato de taxarmos como “jornalista conservador” já seria suficiente para estabelecer o imaginário de um “compromisso ideológico”. 

Como combater um Ideólogo comprometido com a imprensa revolucionária, sem uma postura contra-revolucionária? Que também pode descambar em tiques, vícios, chavões etc. Um jornalista sempre terá compromisso com determinadas idéias, que podem ser originárias de alguma ideologia ou valores e princípios. 

É injusto que haja um monopólio ideológico.

Não há qualquer injustiça se um lado se preparou, infiltrou e estabeleceu um monopólio (que se despedaça pouco a pouco), mas incompetência do outro lado em fazer a leitura, respeitar seus intelectuais e usar os meios de ação legítimos e necessários para equilibrar as forças. 

Os ideólogos foram capazes de aglutinar recursos intelectuais, físicos, econômicos, políticos, culturais etc. E olha que esse pessoal literalmente eliminou vários dos próprios camaradas pelo caminho. Mas e os contra-revolucionários? Até grupos religiosos sofreram seus cismas… O caráter individualista e personalista atrapalhou o lado que tinha os melhores e maiores nomes em todos os setores (Carlos Lacerda, Gilberto Freyre, Gustavo Corção, Nelson Rodrigues, Olavo de Carvalho, Paulo Francis etc.). 

Mas e os meios? Perseguição, assassinato de reputações (Wilson Simonal?), censura, guerrilha e muitas desgraças mais… Realmente, também foram utilizados meios injustos. 

E a mídia ouve a voz das ruas, a voz do “poder que emana do povo”, e oferece a devida ressonância? Obviamente não. Pelo contrário: impõe a mordaça, agora com o devido respaldo jurídico […]

Eis meu ponto: não é injusta a existência de um monopólio da opinião pública, o monopólio em-si, contudo, podem ser injustos os meios para conquista, manutenção e exercício desse monopólio. Não acredito que direi isto, mas concordo com o Sanchotene! É normal. 

Certa feita, nosso Joaquim Maria Machado de Assis publicou uma crítica ao iniciante Silvio Romero. Teceu elogios, mas pontuou a necessidade de desenvolvimento do estilo literário. Anos depois, já reconhecido, Romero se vingou do Bruxo do Cosme Velho, o deixando de fora de sua história da literatura e publicando um livro em tom de ataque ressentido. 

Se as ações de Romero foram injustas, por causa das prováveis motivações, dos ataques e da vingança mesquinha? Defendo que sim. Mas a existência de críticas a Machado de Assis é em-si injusta? Não! É justo discutir tanto a obra quanto o caráter de seu autor; e um nos ajuda a compreender melhor o outro. 

As ações dos semi-deuses da medíocre mídia bananeira são injustas? Muito! A censura e a perseguição em defesa desses cães do Inferno são injustas? Por óbvio! Mas a existência do monopólio (mesmo em tais mãos sanguinárias) não é injusta. Ou o confrade acredita ser possível destruir esse pacto sem estabelecer outro monopólio na formação da opinião pública?

[…] Olavo de Carvalho — filósofo brasileiro mais conhecido pelos seus palavrões no YouTube do que pelos seus livros, infelizmente […]

Citou o maior filósofo brasileiro do século XXI, logo, espero que o conheça principalmente por suas obras. E que ao ler esta crítica da crítica à crítica, tenha a força de um Machado, não os nervos d’um Romero. 

Tudo em nome de um péssimo ambiente de trabalho… digo, da harmonia entre os esmerildos. E se lhe servir de argumento para perdoar a audácia deste pobre colunista, se lembre de que me obrigaste a concordar com o Sanchotene. Que barbaridade!


“Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos..”

— Nelson Rodrigues

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