Entre os destaques da semana, José Geraldo Vieira, Robert Kaplan e Ted Cruz
O mês apenas começou e já vem com lançamentos excelentes. Por isso, a edição de hoje da Muralha de Livros, que começa com excelentes tijolos entre os primeiros destes longos 31 dias, ganha o nome de A Grande Muralha de Março.
Entre os destaques, o quarto livro de José Geraldo Vieira reabilitado pela Sétimo Selo, o primeiro lançamento da Avis Rara que relaciona as modernas tiranias ao espírito das tragédias gregas, e um livro do senador texano Ted Cruz sobre a fragilidade do Suprema Corte americana diante do ativismo judicial nos EUA. Ainda, Dr. Plinio Correio de Oliveira, Roberto Mallet, Hayec e Pascal entre os demais lançamentos da semana. Escolha seus tijolos, construa sua muralha e se segure: março “não acaba”, e está só começando…
Destaques
A Sétimo Selo lançou mais um romance de José Geraldo Vieira (o quarto pela editora), O albatroz. A história tem foco em três gerações da família Cintra, marcadas pelos grandes acontecimentos de seu tempo. Desde a revolta de Canudos até a Segunda Guerra Mundial, Aleixo, seu filho Artur, seu neto Carlos e seu bisneto Fernando são levados a enfrentar, cada qual a seu modo, a angústia diante da razão da vida e da morte. Em O albatroz José Geraldo Vieira alcança um dos pontos mais altos de sua literatura cosmopolita e consegue, articulando diferentes planos temporais, expressar possibilidades superiores do ser humano através de uma complexa história familiar.
É importante aqui destacar que José Geraldo Vieira, assim como Gustavo Corção e Octavio de Faria, figura entre os grandes escritores brasileiros desconhecidos de grande parte do público por ter sido relegado ao esquecimento pela crítica e a Academia por razões ideológicas. Ele é um dos autores para os quais o professor Olavo de Carvalho chamava a atenção em suas aula do COF, e que está sendo devidamente reabilitado por seus alunos do CEDET. Confira abaixo um trecho do lançamento desta semana:
“Indiscutivelmente aquele telegrama — chegado horas depois da comunicação oficial —, conquanto fosse mera insistência num pedido antigo, tomou em tal conjuntura caráter lúgubre. Sobrevindo em circunstância tão dramática, se tornou irônico sem querer, como tudo quanto é ignorância cândida coincidindo com uma desgraça aguda.
Aliás, essas coisas não são raras; dir-se-ia que acontecem nessas ocasiões para que seu contraste vinque a realidade não admitida por inteiro. Tanto que, logo que o texto foi lido, o despacho assumiu um comportamento discreto, como um realejo mudo no pórtico dum teatro onde ressoasse uma sinfonia.
Quando a Constança bateu na porta do quarto e disse que se tratava dum telegrama cujo recibo o Alberto já assinara, Dona Virgínia respondeu que o jogasse por baixo da porta. De quem seria essa primeira prova de solidariedade humana a propósito duma situação perplexa e acabrunhadora?”
Outro destaque vai para um lançamento da Avis Rara, A mente trágica: guerras, regimes ditatoriais e anarquias – reflexões sobre o poder, de Robert D. Kaplan. Em uma carreira dedicada a reportar guerras, revoluções e política internacional na Europa, Oriente Médio e Leste Asiático, Kaplan aprendeu que a essência da geopolítica é a tragédia. Em A mente trágica, ele emprega as obras de antigos dramaturgos gregos, assim como Shakespeare, filósofos alemães e os clássicos modernos, para explorar os temas centrais da política internacional: ordem, desordem, rebelião, ambição, lealdade à família e ao estado, violência e os erros do poder.
Os grandes problemas da política internacional, ele argumenta, não são travados pelo bem contra o mal — o que seria uma escolha moral fácil —, mas por disputas do bem contra o bem, em que as escolhas são muitas vezes abrasadoras, incompatíveis e repletas de consequências.
Nesta obra, ele compartilha aprendizados e profundas reflexões sobre a importância da experiência vivida nas decisões sobre relações internacionais. Este é um livro para entender os aspectos trágicos da política em nosso tempo.
E o terceiro destaque da semana é um lançamento da E.D.A., A um voto: como uma única vaga na Suprema Corte pode mudar a História, de Ted Cruz. Neste livro, o grande senador republicano pelo Texas discute direitos fundamentais e questões políticas controversas que tocam no cerne da república norte-americana: liberdade de expressão, liberdade de religião, direito de manter e portar armas, aborto, soberania dos EUA e direito internacional, pena de morte, raça e controle democrático sobre as eleições.
Ele examina oito questões constitucionais críticas e casos paradigmáticos da Suprema Corte que todo americano deveria conhecer. Algumas dessas decisões foram boas e outras ruins. A maioria deles foi decidida por apenas um voto. Cruz participou de quase todos os litígios.
Outros lançamentos
Pela Kírion, Pensamentos, de Blaise Pascal. A obra reúne as ideias do matemático, físico, inventor e filósofo francês em defesa do cristianismo após sua conversão. Esta nova tradução brasileira traz, além de uma apresentação histórica e biográfica, os fragmentos numerados e as notas explicativas da clássica edição do filósofo Léon Brunschvicg — considerada definitiva e graças à qual acreditamos ter acessado, enfim, “todo Pascal e somente Pascal”.
Pela Cedro, A isca da mentira e a carpa da verdade: ensaios sobre arte e teatro, de Roberto Mallet. O livro reúne artigos, notas e ensaios sobre a natureza da arte, voltados especialmente para quem deseja criar, que são o resultado de uma vida dedicada a compreender e a praticar o teatro como uma poética da ação. Ao reunir em si o artista, o filósofo e o professor Mallet faz uma contribuição ímpar ao teatro e ao meio artístico brasileiro, e deixa, ao mesmo tempo, um verdadeiro tesouro a todos que busquem conhecer a fundo a alma humana.
Pelo IPCO, a 10ª edição de Tribalismo Indígena, Ideal Comuno-missionário para o Brasil no Século XXI,de Plinio Correia de Oliveira. Quando o livro foi lançado há quarenta anos, o autor previa que as políticas indigenistas engendradas por políticos e ONGs de esquerda visavam tão somente à fragmentação social do Brasil, e jamais aos interesses dos indígenas brasileiro de fato. Hoje, podemos verificar que todas as suas previsões se concretizaram completamente. Na segunda parte do livro, os jornalistas Nelson Ramos Barreto e Paulo Henrique Chaves contam o que viram na Raposa-Serra do Sol e o que pesquisaram em Mato Grosso e em Santa Catarina, transcrevem importantes entrevistas com várias personalidades e confirmam em tudo como teses do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
Para terminar, outro lançamento da Avis Rara, Direito, legislação e liberdade: as regras e a ordem, de Friedrich A. Hayek. Publicada originalmente em três volumes, a obra constitui uma das defesas mais inovadoras e instigantes já apresentadas a respeito de uma sociedade de livre mercado, sendo leitura essencial para a compreensão da visão de mundo do autor agraciado com o Prêmio Nobel de Economia.
Neste volume, “Regras e ordem”, Hayek, além de advogar as virtudes do liberalismo clássico, elabora a estrutura necessária para uma análise crítica das teorias predominantes tanto sobre a justiça quanto sobre as condições a serem satisfeitas por uma constituição capaz de assegurar a liberdade, a qual, na escala de valores do autor, tem a obrigação de prevalecer de maneira indiscutível, mas subordinada ao direito e em conformidade com as leis da sociedade.