PAULO SANCHOTENE | Futebol: que pare o Brasileirão e se jogue um “Brasileirinho”

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Os clubes de futebol do Rio Grande do Sul não estão em condições físicas, mentais, espirituais, institucionais, e patrimoniais de participar de quaisquer competições neste momento. Diante desse cenário, é injusto que se force os clubes gaúchos a jogar o Brasileiro agora.

Contudo, também é injusto que se force os demais clubes a pararem de jogar. Igualmente, é injusto que os gaúchos passem por uma maratona de jogos quando for possível retomar as atividades.

Aparentemente, está-se diante de um dilema. Só haveria soluções injustas. Então, ¿o que fazer?

Venho aqui publicamente sugerir um caminho. Pode não ser o melhor, mas, ao menos, procura evitar cometer as injustiças listadas acima. Sugiro três ações:

I. Interrupção imediata do Campeonato Brasileiro em todas as suas divisões.

II. Realização de um torneio extraordinário, sem a presença dos clubes gaúchos, reunindo os clubes das séries A, B, C, e D – o Campeonato Brasileiro Especial de 2024

III. Retomada do Campeonato em todas as divisões, posteriormente, apenas em turno único [podendo ou não haver finais – exceto a D, que seguiria com as finais como previsto].

Abaixo, apresento uma possível fórmula para o torneio extraordinário.


CAMPEONATO BRASILEIRO ESPECIAL 2024

O Campeonato Brasileiro Especial de 2024 se realizaria em 14 datas e teria a participação de 115 clubes: 17 clubes da Série A; 20 clubes da Série B; 17 clubes da Série C; e 61 clubes da Série D.

Esses clubes seriam divididos em 2 módulos: o Módulo Alto teria os 54 clubes das séries A, B, e C; o Módulo Baixo teria os 61 clubes da série D.

Os módulos serviriam de Fase Classificatória para as Finais, as quais seriam em 3 níveis (equivalentes a Primeira, Segunda, e Terceira divisões nacionais atuais).

1. Fase Classificatória

1.1 Módulo Alto

O Módulo Alto teria 6 grupos de 9 equipes cada, regionalizados:

  1. Grupo 1 (São Paulo): Palmeiras/SP, São Paulo/SP, Corinthians/SP, Red Bull Bragantino/SP;  Santos/SP, Ponte Preta/SP, Guarani/SP, Ituano/SP; e São Bernardo/SP.
  2. Grupo 2 (Sul): Athletico/PR, Criciúma/SC; Coritiba/PR, Avaí/SC, Chapecoense/SC, Operário/PR, Brusque/SC; Londrina/PR, e Figueirense/SC.
  3. Grupo 3 (Sudeste): Flamengo/RJ, Fluminense/RJ, Botafogo/RJ, Vasco da Gama/RJ, Botafogo/SP, Novorizontino/SP, Mirassol/SP; Volta Redonda/RJ, e Ferroviária/SP.
  4. Grupo 4 (Leste): Atlético/MG, Bahia/BA, Cruzeiro/MG, Vitória/BA; América/MG, CRB/AL; CSA/AL, Tombense/MG, e Athletic/MG.
  5. Grupo 5 (Verde): Atlético/GO, Cuiabá/MT; Goiás/GO, Vila Nova/GO, Paysandu/PA, Amazonas/AM; Sampaio Corrêa/MA, Remo/PA, e Aparecidense/GO.
  6. Grupo 6 (Nordeste): Fortaleza/CE; Ceará/CE, Sport/PE; Náutico/PE, ABC/RN, Confiança/SE, Ferroviário/CE, Botafogo/PB, e Floresta/CE.

A primeira fase teria 9 rodadas. Os clubes jogariam em turno único dentro de seus respectivos grupos (8 jogos).

As 4 equipes primeiras colocadas de cada grupo disputariam a Taça de Ouro (equivalente à Primeira Divisão) – 24 clubes classificados.

As equipes colocadas entre 5º e 8º em cada grupo disputariam a Taça de Prata (equivalente à Segunda Divisão) – 24 clubes classificados.

As equipes que terminassem em último lugar nos grupos disputariam a Taça de Bronze (equivalente à Terceira Divisão) – 6 clubes classificados.

As Taças também contariam com equipes oriundas do Módulo Baixo.

1.2 Módulo Baixo

O Módulo Baixo teria 8 grupos. Seriam idênticos aos atuais grupos da Série D, a exceção de 3 – A6, A7, e A8. Cada um desses grupos passaria a ter 7 clubes deste modo:

  1. Grupo A6: perderia o Democrata /MG para o grupo A7.
  2. Grupo A7: receberia o Democrata /MG do grupo A6 e perderia o Maringá/PR e a Internacional/SP para o grupo A8.
  3. Grupo A8: receberia o Maringá/PR e a Internacional/SP do grupo A7.

A primeira fase teria 7 rodadas. Os clubes jogariam em turno único dentro de seus respectivos grupos (6 ou 7 jogos). Nos grupos de A1 a A5, os clubes melhores colocados no ranking da CBF jogariam uma partida a mais como mandante.

As equipes campeãs de cada grupo disputariam a Taça de Ouro (equivalente à Primeira Divisão) – 8 clubes classificados.

As equipes vice-campeãs de cada grupo disputariam a Taça de Prata (equivalente à Segunda Divisão) – 8 clubes classificados.

As equipes colocadas entre 3º e 5º em cada grupo, mais as duas melhores equipes entre aquelas que terminassem em 6º lugar nos grupos com 8 integrantes (A1 a A5) disputariam a Taça de Bronze (equivalente à Terceira Divisão) – 26 clubes classificados.

2. Finais

2.1 Equipes Classificadas

Ao total, 96 equipes se classificariam para as Finais: 54, do Módulo Alto; e 42, do Módulo Baixo. As 3 taças teriam 32 clubes cada:

  1. Taça de Ouro: 24, do Módulo Alto; e 8, do Módulo Baixo.
  2. Taça de Prata: 24, do Módulo Alto; e 8, do Módulo Baixo.
  3. Taça de Bronze: 6, do Módulo Alto; e 26, do Módulo Baixo.

2.2 Forma de Disputa

As Finais seriam em jogo único. Ao todo, seriam necessárias 5 datas para determinar os campeões.

Os clubes seriam classificados conforme a campanha na Primeira Fase (as equipes do Módulo Alto teriam precedência sobre os do Módulo Baixo), e a classificação determinaria tanto o chaveamento (1º x 32º; 16º x 17º, 8º x 25º, etc.) quanto o mando da partida (melhor classificado joga em casa).

O campeão da Taça de Ouro teria uma vaga na Taça Libertadores da América.
O campeão da Taça de Prata teria uma vaga na Copa Sul-Americana.
O campeão da Taça de Bronze teria uma vaga na Fase Final da Copa do Brasil.


Ao todo, seriam utilizadas 14 datas. Até lá, é provável que as equipes gaúchas estejam em condições de retomar as atividades. Aí, então, pode-se reiniciar os torneios já em andamento.

Fica assim registrada a minha sugestão. Espero que, ao menos, sirva para iniciar um debate sério sobre o que fazer com o futebol durante esse período de calamidade que assola o Rio Grande do Sul.

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