Não é brincadeira: a ONU acaba de anunciar que a República Islâmica do Irã assumirá a Presidência da Conferência sobre Desarmamento, a partir de 18 de março. A lista desse caso de amor é extensa – como em 2023 – o Irã foi nomeado para presidir o Fórum de Direitos Humanos da ONU.
Ter o Aiatolá Khamenei presidindo o desarmamento global de armas nucleares é como colocar um estuprador em série no comando de um abrigo para mulheres.
A presidência do regime iraniano durará até 24 de maio.
A agenda da Conferência contém os seguintes pontos principais: cessação da corrida armamentista nuclear e desarmamento nuclear; prevenção da guerra nuclear, incluindo todos os assuntos relacionados; prevenção de uma corrida armamentista no espaço sideral; acordos internacionais eficazes para proteger os Estados sem armas nucleares contra o uso ou ameaça de uso de armas nucleares; novos tipos de armas de destruição em massa e novos sistemas dessas armas, armas radiológicas; programa abrangente de desarmamento; e transparência nos armamentos.
Esperamos que as grandes potências, EUA, Grã-Bretanha, França, a Alemanha e todos os outros Estados-membros a declararem que se recusarão a participarem de qualquer reunião deste fórum da ONU, que será presidido pelo regime assassino do Aiatolá.
É um conflito de interesses fundamental terem o regime islâmico no Irã como presidente de um fórum de desarmamento, um ato passível de ser explorado pela propaganda de Teerã para legitimar suas atrocidades.
As violações passadas e contínuas dos acordos nucleares por parte do regime islâmico contradizem a própria essência do mandato da conferência de desarmamento. A presidência do Aiatolá ameaça legitimar as contínuas violações do regime e desacredita o compromisso da ONU com o desarmamento.
Permitir que um fora-da-lei internacional supervisione os esforços internacionais de controlo de armas é simplesmente um escárnio!
O anúncio foi feito no mesmo dia em que a agência atômica da ONU afirmou que o Irã mal coopera. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) está mobilizada para controlar o programa nuclear do Irã, que continua a expandir-se, apesar de Teerão negar que queira fabricar armas nucleares.
“É uma situação muito frustrante. Continuamos as nossas atividades lá, mas no mínimo”, disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, numa entrevista ontem no Fórum Econômico Mundial em Davos. “Eles estão restringindo a cooperação de uma forma sem precedentes.”
Sobre a Conferência do Desarmamento:
A Conferência de Desarmamento (CD) reporta-se à Assembleia Geral da ONU e é considerada pela ONU como “o único fórum multilateral de negociação de desarmamento da comunidade internacional”.
Estabelecido em 1979 após uma sessão especial da Assembleia Geral da ONU, o CD é composto por 65 países, que estiveram divididos nos últimos anos sobre questões fundamentais.
A conferência e os seus antecessores negociaram importantes acordos multilaterais de limitação de armas e de desarmamento, tais como:
• Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares;
• Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenamento de Armas Bacteriológicas (Biológicas) e Toxínicas e sobre a sua Destruição;
• Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Uso de Armas Químicas e sobre a sua Destruição;
• Convenção sobre a Proibição do Uso Militar ou de Qualquer Outro Uso Hostil de Técnicas de Modificação Ambiental;
• Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares.
As 65 nações no fórum revezam-se na presidência em ordem alfabética. Seis estados assumem a presidência em um ano. No dia 18 de Março, como protesto, as democracias deveriam abandonar a cessão.
Por fim, essa nomeação envia uma mensagem errada na hora errada, permitindo que o regime assassino de Teerã – o patrocinador terrorista mais prolífico do mundo – se destaque no cenário internacional como um ator respeitado e influente.
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