FILOSOFIA INTEGRAL | Isolamento Radical

Houve um momento da história do pensamento ocidental que suas maiores mentes chegaram ao ponto de crer tanto na autonomia do indivíduo, apostar tanto em sua independência, que concluíram que uma pessoa só poderia confiar nos seus próprios conteúdos internos, ou seja, naquilo que ela interpretava do que absorvia desde fora.

Esse isolamento fora tão radical que eles diziam que um indivíduo não era capaz de dizer o que as coisas seriam em si mesmas. Também não poderia afirmar que aquilo que via era o mesmo que um outro indivíduo via. Sob essa perspectiva, cada homem tornou-se um universo isolado.

É irônico que as reivindicações por autonomia na interpretação da realidade, em vez de levarem à convicção sobre o que ela seja, culminassem na completa incerteza em relação a ela. Talvez, jamais tenha ficado tão claro o quanto essa viagem interior do indivíduo poderia levá-lo a se perder.

Esse movimento para dentro de si mesmo era para ter sido um aprofundamento da própria liberdade, desamarrada das imposições da verdade coletiva, mas como falar de independência quando já não se consegue sequer estabelecer que o seu mundo é idêntico ao do outro?

O indivíduo mergulhou em si, pensando que se acharia, mas no fundo desse abismo interior encontrou a escuridão. O mundo interno, apartado da realidade, apresentou-se tão tenebroso que, em vez de oferecer a segurança procurada, tornou tudo ainda mais confuso.

A humanidade descobriu que dentro de si mesma não havia muita coisa senão dúvidas e mistérios. Não por acaso, já desesperançada de entender as coisas, decidiu abandonar-se nas mãos das ideologias, pois estas faziam aquele papel que pertencia às sociedades antigas: oferecer uma explicação da realidade pronta para ser aceita e seguida com toda convicção.

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