FILOSOFIA INTEGRAL | Buscando a Verdade

O mundo contemporâneo frustrou-se com a fé. Foram-se os tempos quando as nações e os povos professavam a mesma religião. O que antes era a verdade fragmentou-se em convicções pessoais das mais diversas. O mesmo aconteceu com a razão. Aquela de quem esperavam as respostas para os problemas mundanos mostrou-se incapaz de pacificar a humanidade, que acabou digladiando-se em dois conflitos globais e mortíferos.

Sem fé e sem razão, sobraram a incerteza e a falta de sentido, o que tornou tudo propício para o desenvolvimento de uma cultura relativista e uma mentalidade acanhada. Em tempos assim, as pessoas não buscam mais certezas; elas só querem o consolo. A verdade não significa nada mais que uma expressão vazia de sentido, a serviço da justificação das escolhas pessoais e das convicções íntimas. A filosofia, a religião e a ideologia já não convencem mais ninguém e quem adere a elas faz isso, não por ter atestado a veracidade de seus discursos, mas por mera identificação, gosto pessoal ou conveniência.

A verdade, numa era de incertezas, parece aterrorizante. Por isso, quando a vida já não oferece nenhum sentido absoluto, fechar-se dentro de seu próprio mundo é a saída que as pessoas encontram para não se deparar com uma realidade desagradável e desafiadora. Não é à toa que se trancam em suas bolhas de ilusão, enganando-se e deixando-se enganar.

No entanto, temos de escolher se queremos ser livres ou escravos e não existe liberdade sem uma decisão firme pela verdade.

Isso porque só a verdade é capaz de nos colocar diante do que as coisas são, de fato. Isso pode ser apavorante ─ é verdade ─, mas nunca engana. Sendo assim, apesar do choque que ela pode provocar, só a verdade é capaz de afastar os elementos alienantes e ilusórios que acumulamos em volta de nossa vida e que nos aprisionam.

Só então, quando superamos a alienação e a ilusão, podemos dizer que somos, de fato, livres, pois não somos mais conduzidos pela inconsciência da falsidade, mas podemos tomar as rédeas da nossa existência, “conhecendo a verdade e sendo libertado por ela”.

Portanto, uma mente realmente filosófica jamais foge da verdade, jamais se esconde dela, mas, pelo contrário, tem uma sede insaciável por ela. Uma mente filosófica quer conhecer a essência das coisas porque sabe que apenas esse conhecimento lhe dá condições de assumir sua própria vida, ainda que tenha consciência que o preço que se paga, ao escolhê-la, seja suportar seus duros efeitos, muitas vezes, difíceis de aceitar.

Por isso, uma personalidade filosófica, diante dos textos e conhecimentos sobre os quais se debruça para compreender, nunca deixa de se questionar o quanto tudo aquilo se relaciona com a realidade, o quanto corresponde com a verdade. Ela não quer deles o consolo, a confirmação, mas a verdade. Pois tem plena consciência que apenas buscando incessantemente a verdade é que se pode dizer que está fazendo filosofia.

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7 COMENTÁRIOS

  1. A verdade será sempre duvidosa, pois sem a dúvida e a razão, será apenas ilusão. Não podemos dizer verdades sem antes ter o direito da dúvida onde as ideias racionais podem confundir com o ilusório. São forças predominantes do mundo da metafísica.

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