ENTREVISTA | Dennys Andrade fala sobre lançamento da Editora BKCC

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Editor fala sobre o trabalho de resgate do épico A Independência do Brasil, do poeta romântico Teixeira e Sousa, relançado nesta semana

A Editora BKCC acaba de relançar um esquecido épico brasileiro, A Independência do Brasil, de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, autor mais conhecido pelo romance O filho do pescador (1844), considerado por muitos historiadores o primeiro romance brasileiro. Organizado em oitavas rimas, o poema de Teixeira e Sousa foi escrito entre 1847 e 1855, e reconstrói, sob a visão de um poeta romântico que guarda muita influência do período clássico, a história nacional até seu processo de Independência, foco da obra. O especial amor pelo Brasil, traço marcante da geração de Teixeira e Sousa, é a tônica deste monumento que, resgatado pelo editor Dennys Andrade, e que conta com apresentação do príncipe e deputado federal Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, volta ao mercado editorial brasileiro depois de quase 200 anos de sua publicação.

Para saber mais sobre a edição, que preserva a grafia original do século XIX e conta com um exaustivo trabalho de pesquisa e nas notas de rodapé, confira a entrevista abaixo com o editor Dennys Andradre.


Dennys Andrade: O preceito da editora BKCC é o de fazer obras que elevem o padrão moral e intelectual da sociedade brasileira, seja enriquecendo o seu patrimônio cultural, seja defendendo e preservando a sua língua pátria.

Revista Esmeril: A BKCC acaba de relançar o esquecido épico de 1847 A Independência do Brasil, de Teixeira e Sousa. Como e por que surgiu a ideia de resgatar e reeditar essa obra?

Imbuído desta missão, qual não foi a minha estupefação e alegria em encontrar esta verdadeira relíquia literária de meados do século XIX em um fac-símile de um exemplar doado por Werneck de Aguilar em 1861 para a Biblioteca Imperial de Viena (atual Biblioteca Nacional Austríaca) fundada pelos Habsburgos no século XIV.

O épico de Teixeira e Sousa faz mais que exaltar nossos heróis e nossa história, é um verdadeiro marco temporal nacional. Resgatá-lo é ter a chance de registrar a formação da identidade nacional em primeira mão, no arrepio da Independência ainda latente à flor da pele e nos olhos do povo brasileiro, na sua forma mais genuína e plena.

Revista Esmeril: Vocês optaram por manter a grafia original do poema, de 1855. Por que fizeram essa opção?

 Dennys Andrade: A manutenção dos vocábulos originais permite capturar e reforçar o sentido original das palavras da língua portuguesa, explicando determinada intenção (significado) para uma referência específica (fato).

Preservar o texto original é também uma forma de oferecer uma raríssima oportunidade para estudos linguísticos de época. Quantas são as obras disponíveis que oferecem a oportunidade para o leitor de conhecer a forma original ou de mostrar a evolução das palavras, das grafias antigas da língua portuguesa? Quase inexistentes! É ainda um colírio para o interesse desinteressado de uma leitura riquíssima, além de estimulante e surpreendente.

Revista Esmeril: Como foi o processo de edição desse livro, desde o início? Bastante trabalhoso?

Dennys Adrade: Foi uma tarefa extremamente delicada e demorada, para ser sincero. Absorver um poema épico de tamanha envergadura já demanda uma sensibilidade extra, um olhar atento e dedicado. Muitas vezes, foi preciso ler e reler para entender as sutilezas, as nuances de palavras já desconhecidas e de verbos desusados, pesquisar sobre personagens reais e fictícios para, finalmente, transcrever tudo isto nas mais de duas mil notas de rodapé.

Posso afirmar que sempre saio maior após cada nova obra publicada, mas decifrar este épico de Teixeira e Sousa me fez um brasileiro mais completo. Mesmo sendo um rato de sebos e entusiasta da historiografia nacional, posso afirmar que fui muito mais longe no ombro deste brasileiro, mais um gigante esquecido que vamos resgatar.

Revista Esmeril: Fale um pouco do conteúdo e do estilo do poema. O que os leitores vão encontrar nela.

Dennys Andrade: São 13.352 versos decassílabos, agrupados em 1.669 oitavas-rimas, no  esquema ABABABCC. Os leitores vão encontrar inúmeros relatos históricos factuais mesclados com o furioso embate entre anjos e demônios no mundo maravilhoso. A Independência do Brasil proporciona ao leitor um sem fim de descobertas sobre a nossa própria história. Nas palavras do ilustríssimo Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o épico de Teixeira e Sousa “canta aos nossos ouvidos aquilo que a prosa não pode exprimir”.

Esta obra literária monumental ressurge das cinzas em um momento muito especial de nossa sociedade, como um verdadeiro ode de celebração ao Brasil e sua história gloriosa.


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