DOSE DE FÉ | São Vicente de Paulo

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Apóstolo da Caridade, São Vicente de Paulo realizou obras que se desdobram em centenas ao redor do mundo, e que já deram inúmeros Santos à Igreja

Hoje é dia de São Vicente de Paulo, sacerdote.

Nascido em Pouy, na França, em 1581, era o terceiro filho de um casal de camponeses profundamente católicos. Mesmo sendo um pobre camponês, devido à sua inteligência, recebeu o auxílio de um benfeitor e pôde estudar em Dax, onde depois veio a ser professor. Mais tarde, estudou Teologia na Universidade de Toulouse, e foi ordenado sacerdote aos 19 anos.

Uma senhora viúva que gostava de ouvir suas pregações deixou-lhe de herança suas posses – uma pequena propriedade e certa quantia de dinheiro, que estava com um comerciante de Marselha. O jovem Padre Vicente pretendia distribuir toda aquele herança aos pobres. No entanto, quando voltava da viagem de Marselha, foi sequestrado por piratas turcos que o venderam como escravo em Túnis, no Norte da África.

Padre Vicente foi escravo de três donos, até acabar com um fazendeiro ex-católico, que havia se convertido ao islamismo por medo das perseguições anticristãs. Uma das três esposas daquele fazendeiro, ao aprender sobre Nosso Senhor com o escravo Vicente, impressionou-se e repreendeu o marido por ele ter abandonado a verdadeira religião. Arrependido, o fazendeiro deixou suas propriedades às três mulheres e fugiu com Vicente para a França em 1607.

Em Avignon, o ex-fazendeiro renegado abjurou publicamente ao islamismo e entrou para um mosteiro. Já o Padre Vicente retomou suas funções sacerdotais e formou-se em Direito Canônico.

O apostolado do Padre Vicente, a partir de então, foi intenso. Ele foi nomeado Capelão da Rainha Margarida de Valois, e em nome dela fazia visitas aos doentes no hospital de caridade e distribuía esmolas aos pobres com todo o amor e zelo possíveis. Depois do assassinato do rei Henrique VI, Padre Vicente foi nomeado pelo Cardeal Pierre Berulle, Bispo de Paris, como Vigário de Clichy, em 1610.

Em 1612, Vicente passou a trabalhar com uma das mais influentes famílias francesas de então, os De Gondi. Além de cuidar da educação religiosa de seus filhos, ele assumiu para si o cuidado pastoral das mais de 7 mil pessoas espalhadas pela propriedade da família. Vendo a situação de miséria material e espiritual daqueles camponeses, passou a engajar-se na fundação de Confrarias para ajudar os pobres:

Em 1617, fundou a Confraria das Damas da Caridade (hoje conhecida como Associação Internacional da Caridade), para visitação e auxílio dos pobres e doentes;

Em 1623, fundou a Congregação da Missão (Padres da Missão), também conhecidos como Padres Lazaristas, focada na evangelização dos camponeses;

Em 1633, fundou, com o auxílio de Santa Luísa de Marillac, as Filhas da Caridade, um desdobramento das Damas da Caridade, que até hoje forma muitas Irmãs missionárias a serviço dos pobres e sofredores.

Em suas obras, São Vicente de Paulo trabalhou de forma ordenada. Fundou seminários e se dedicou à formação de um clero caridoso e abnegado, totalmente empenhado no alívio material e espiritual dos pobres e enfermos. O conjunto de Congregações que fundou, e seus desdobramentos, é conhecido como Família Vicentina, à qual já pertenceram Santa Elizabeth Ann Seton, Bem-Aventurada Lindalva Justo de Oliveira e Santa Catarina Labouré, entre inúmeros outros Santos.

São Vicente de Paulo faleceu em Paris, em 27 de setembro de 1660, aos 79 anos. Foi beatificado em 1729, por Bento XIII, e canonizado em 1737, por Clemente XII. Em 1883, Leão XIII declarou-o Padroeiro das Obras de Caridade. Seu corpo, incorrupto, está exposto na Capela de São Vicente de Paulo, em Paris. Seu coração se encontra em um relicário na Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, na Rue du Bac, onde ele apareceu a Santa Catarina Labouré.

Corpo incorrupto de São Vicente de Paulo
Relicário com o coração de São Vicente de Paulo, em Paris

São Vicente de Paulo, considerado Santo em vida, foi contemporâneo de São Francisco de Sales, que o chamava de “o padre mais santo do século”, e de Bossuet, que certa vez disse em uma pregação: “Como Deus deve ser bom, porque fez Vicente de Paulo tão bom”. Seu amor esteve não apenas na caridade material, mas também espiritual, sobretudo o trabalho que fez junto ao clero, formando bons sacerdotes em um tempo em que grassava na França a heresia do jansenismo, que corrompia muitos religiosos. Assim, ele mais que mereceu o título pelo qual é conhecido, de Apóstolo da Caridade, que se fez plena em sua vida.

São Vicente de Paulo, rogai por nós!

 

A São Vicente de Paulo

 

Vicente amava Jesus

já desde bem meninote,

e por isso, muito jovem

tornou-se Seu sacerdote.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

A sorte do jovem padre,

logo em seus primeiros anos,

foi ser escravo, raptado

por piratas maometanos.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Pertenceu a muitos donos

num continente distante,

no entanto, em Nosso Senhor

esteve sempre confiante.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Um dia, a um frouxo ex-cristão,

a Providência o entregou,

e seu dono, arrependido,

com Deus se reconciliou.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Os dois fugiram pra França,

onde pôde finalmente

voltar a ser sacerdote

o atribulado Vicente.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Trabalhou Padre Vicente

com os reis e com os nobres,

e também catequizou

os camponeses e os pobres.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Seu imenso amor a Cristo

pela França se espargiu

nas obras de caridade

que incansável dirigiu.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Sua santa caridade

também se mostrou no zelo

com que formou religiosos

de piedoso desvelo.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Quando foi morar enfim

na Eterna Casa Divina,

imensa já se fazia

a Família Vicentina.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.

 

Orai por nós a Jesus,

caridoso são Vicente,

para que um dia possamos

conhecê-lo pessoalmente.

O santo amor de Vicente

espalha-se a toda a gente.


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