DOSE DE FÉ | Joana Francisca de Chantal

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Filha espiritual de São Francisco de Sales, Santa Joana Francisca de Chantal é cofundadora da Ordem da Visitação de Santa Maria, destinada à assistência aos enfermos

Hoje é dia de Santa Joana Francisca de Chantal, religiosa.

Nascida em Dijon, na França, em 22 de janeiro de 1572, Joana era filha de Benigno Frémyot, presidente do parlamento de Borgonha, e integrava a Liga Católica que se empenhava contra a penetração calvinista na França. Criada nessa família nobre e profundamente católica, ela sempre rejeitou o protestantismo, e recusou, inclusive, uma proposta de casamento de um fidalgo calvinista.

Quando tinha 5 anos de idade, admoestou um calvinista que, perto dela, negava a presença de Jesus na Eucaristia, e disse a ele que tal presença havia sido assegurada pelo próprio Cristo. Portanto, quem a negava, estava chamando Nosso Senhor de mentiroso. Constrangido, o calvinista deu à menina uns caramelos, que ela jogou na lareira, dizendo: “Assim queimarão no inferno aqueles que não aceitarem as palavras de Jesus”.

Aos 20 anos, casou-se com Christophe de Rabutin, barão de Chantal, com quem foi morar no Castelo de Bourbilly, onde fazia celebrar a Santa Missa diariamente, com a presença de todos os empregados. Ela cuidava pessoalmente da instrução religiosa de todos eles e de suas famílias, e os auxiliava em todas as necessidades materiais.

Em 1600, seu marido feriu-se em uma caçada, e Francisca ficou viúva. Ainda jovem e muito rica, poderia ter casado novamente, mas fez voto de castidade e decidiu dedicar-se integralmente à formação de seus quatro filhos.

Em 1604, aconteceu em Dijon uma pregação feita pelo Bispo de Genebra, ninguém menos que São Francisco de Sales. Havia tempos que Joana rezava pedindo para que Deus lhe mostrasse um caminho para melhor segui-Lo e honrá-Lo, e durante aquela pregação ela encontrou o orientador espiritual que a levaria a tal caminho. Acontece que, dias antes, o Santo de Sales havia sonhado com Joana sem que a conhecesse, e, vendo-a assistindo à sua pregação, reconheceu-a. Os dois entenderam-se espiritualmente e ele passou a dirigi-la no caminho da santidade.

São Francisco de Sales, que àquela altura já era um orientador espiritual experiente, espantou-se com a generosidade de Joana em sua entrega no caminho da santificação. Juntos, acabaram fundando a Ordem das Irmãs Visitandinas, ou Ordem da Visitação de Santa Maria, destinada à assistência aos doentes.

Para que sua profissão religiosa fosse possível, ela ainda teria que dar mais uma prova de desapego: sua filha caçula ainda tinha apenas 9 anos, e Joana precisou separar-se da pequena, que entregou para terminar de ser criada pela mãe do próprio São Francisco de Sales.

Mais dramática ainda foi a despedida dela de seu filho de 15 anos, que se colocou em seu caminho para que ela “passasse por cima” dele enquanto a mãe ia embora. Mas ela passou, com enorme dor em seu coração – no entanto, aquele coração clamava por Cristo, e Cristo por ele.

Como religiosa, Joana Francisca (o segundo nome, adotou em homenagem a seu pai espiritual) usou o que lhe cabia de sua fortuna para expandir a Ordem das Visitandinas. Em Paris, onde foi Superiora por um tempo, sofreu duras perseguições, mas nunca esmoreceu. Morreu em 1 de dezembro de 1641, em Moulins, aos 69 anos, após contrair uma febre maligna. À época, as Irmãs da Visitação já contavam com 65 casas religiosas.

Beatificada por Bento XIV em 1751, e canonizada por Clemente XIII em 1767, Santa Francisca Joana de Chantal já se fazia santa desde há muito. A mulher que, ainda menina, enfrentava hereges, santificou-se como esposa e como viúva, sendo modelo de mulher dedicada ao marido e à sua memória; santificou-se também como mãe, pois dedicou-se aos filhos tanto quanto podia, e não os abandonou, mas encaminhou-os para terminarem de ser criados por boas e honradas pessoas, não lhes deixando faltar nada. Separou-se deles para seguir um propósito maior, de entrega a Cristo por um chamado que vinha d’Ele próprio. Seus votos religiosos e seu admirável apostolado foram a coroação de sua santidade. Que seus exemplos nos sejam inspiração em nossa caminhada como esposos, pais e filhos – sobretudo, filhos amorosos de Deus, como foi a Santa francesa.

Santa Joana Francisca de Chantal, rogai por nós!

 

A menina e o herege

A Santa Joana Francisca de Chantal

 

Na casa do pai de Joana

recebia-se a visita

de um inoportuno, chato

e maçante calvinista.

 

Às tantas o visitante,

não podendo se conter,

bem pedante, sobre a Igreja

começou a discorrer.

 

O importuno tagarela

não parava de falar,

e da Santa Eucaristia

pôs-se jocoso a troçar.

 

A menina, que brincava

num canto, se levantou,

e na direção do herege

seu dedo em riste apontou:

 

“A presença de Jesus

na Sagrada Eucaristia

foi Ele que instituiu

lá na Santa Ceia um dia.

 

Quem diz que não é verdade,

chama Deus de mentiroso,

e já vai se enveredando

por caminho perigoso!”

 

O tagarela, abobado,

desconversou e calou-se,

e a menina quis comprar

oferecendo-lhe uns doces.

 

A pequena, os caramelos

pegou e ao fogo os lançou,

e enfrentando novamente

o herege, vaticinou:

 

“Assim queimará no inferno

todo louco impenitente

que à Palavra do Senhor

revelar-se irreverente!”

 

Silêncio total agora,

não se escutou mais um pio,

e o atoleimado blasfemo

sem despedir-se saiu.


 

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