DOSE DE FÉ | José de Cupertino

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

São José de Cupertino, Padre por vontade de Nosso Senhor e intercessão da Virgem, era tão atraído pelo amor de Deus, que levitava

Hoje é dia de São José de Cupertino, sacerdote.

Nascido em Cupertino, na Itália, em 17 de junho de 1603, José era de uma família muito humilde, e seu pai faleceu pouco antes de ele nascer, fato que ocasionou o despejo de sua família. José nasceu em um estábulo, assim como Nosso Senhor.

Desde criança chamado à vida religiosa, José tinha visões divinas e experimentava êxtases místicos ainda bem novo. No entanto, cresceu em meio a imensas dificuldades materiais, e, muito provavelmente pela desnutrição, seu desenvolvimento intelectual foi comprometido, a ponto de ele ser alvo de piadas e gozações de outras crianças e jovens.

Ainda na adolescência tentou ingressar em dois mosteiros franciscanos (um conventual, e um de frades menores, capuchinhos), mas sua incapacidade de aprender e seus modos desajeitados dificultavam sua manutenção naquelas casas. Além disso, em seus êxtases ele derrubava e quebrava muitas coisas, o que também era interpretado pelos religiosos como patetices do jovem irmão leigo.

Tempos depois, José foi contratado pelos Frades Conventuais de Grotella, onde já tentara ingressar, para cuidar de uma mula – serviço com o qual deveria pagar as dívidas de seu pai, cobradas judicialmente. Os Irmãos do Convento, ao perceberam no jovem uma vida sinceramente santa, acabaram aceitando-o como noviço e o ajudaram a estudar para que ingressasse no sacerdócio.

Padre pela vontade de Deus e a intercessão da Virgem

José apelidou a si mesmo de Irmão Burro, tamanhas eram suas limitações intelectuais. No entanto, ele se fiava na Providência e em sua devoção à Virgem Maria para seguir com a carreira religiosa. Assim, foi aprovado em seu exame para Diácono, no qual caiu a única passagem dos Evangelhos que ele havia decorado e que sabia explicar: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os seios que te amamentaram!” (Lu 11, 27).

Quando do exame de sua admissão para o sacerdócio, ele novamente orou à Mãe do Céu, e as respostas que alguns dos postulantes que vinham à sua frente foram tão sábias, e satisfizeram tanto ao Bispo avaliador, que este aprovou todo o grupo, sem a necessidade de escutar os demais. Desta forma, São José de Cupertino fez-se sacerdote pela vontade de Deus e a intercessão de Nossa Senhora. Por seu sucesso milagroso em tais exames, ele é considerado o Padroeiro dos estudantes.

O padre que levitava

O atrapalhado noviço, o Irmão Burro, acabou tornando-se um sacerdote de imensa sabedoria. Multidões corriam para onde ele estivesse para escutá-lo, e sua fama de santidade mostrou-se, literalmente, a olhos vistos. Isso porque em seus êxtases místicos, quando rezava, e mesmo durante as Missas que presidia, Padre José chegava a levitar. Isso foi testemunhado por milhares de pessoas, centenas de vezes.

Perseguição, obediência e morte

Os dons extraordinários de São José de Cupertino geraram desconfianças entre muitos religiosos. O fenômeno da levitação, em particular, era muito associado a práticas de bruxaria. Denunciado ao Santo Ofício, foi processado e, após longo tempo, inocentado, sem que se apurasse qualquer coisa que o desabonasse.

O Papa Urbano VIII, ao conhecê-lo pessoalmente por sua fama de santidade, ficou tão impressionado, que jurou que, se o Irmão José morresse antes dele, iniciaria seu processo de canonização.

Aquele mesmo Pontífice cuidou para que o Santo Frade fosse transferido para Assis. Lá, no entanto, ele foi desprezado por seus superiores e companheiros frades. Aguentou tranquilamente aquele profundo desprezo por 4 anos, ao fim dos quais foi transferido para Pietrarubbia, e depois para Ósimo, onde permaneceu sob a supervisão dos Capuchinhos, impedido de rezar em público ou celebrar Missas, pois suas frequentes levitações perturbavam a ordem das solenidades públicas. Durante esse tempo, ainda foi assediado por demônios em seu sono, com sucessivos sonhos impuros, aos quais resistia santamente.

Após esse período de longas provações, em 1557, por interferência do Papa Alexandre VII, foi autorizado a viver a vida conventual normal, sem a necessidade de supervisão ou clausura compulsória. Em 18 de setembro de 1663, aos 60 anos, sua alma levitou para a Eternidade.

São José de Cupertino foi canonizado em 1767 por Clemente XIII, após um longo processo, que contou com uma infinidade de testemunhos de milagres e conversões. Este Santo tão humilde, que tanto desprezou os bens terrenos a ponto de sufocar e quase morrer por inadvertidamente trazer no bolso uma moeda ali colocada por um outro frade brincalhão, nos ensina que o amor nos Deus nos atrai de maneira irresistível quando nos abrimos sem medida a ele – tanto, que, ao chamar pelas almas mais santas, como foi a do “Padre Burro”, faz levitar até mesmo os corpos. Que possamos nos abrir a esse amor para que sejamos, a exemplo do Santo Frade, atraídos ao Céu.

São José de Cupertino, rogai por nós!

 

O Padre que levitava

 

José de Cupertino tanto amava

Jesus e Sua Mãe Imaculada,

que quando a Eles era mais voltada

sua atenção, na Missa, ou quando orava,

 

bem diante da multidão que o olhava,

perplexa, boquiaberta, embasbacada,

o Frei, com sua alma arrebatada,

inevitavelmente levitava.

 

Um dia, o coração bateu mais forte,

e tão intensamente foi chamado,

que o amor arrebatou-o de tal sorte,

 

que enfim seu corpo inerte foi deixado,

e sua alma, piedosa, santa e fiel,

levitou livre em direção do Céu.


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