DOSE DE FÉ | João de Brito

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Mártir jesuíta, São João de Brito foi condenado à morte após converter e batizar um príncipe hindu

Hoje é dia de São João de Brito, sacerdote e mártir.

Nascido em Lisboa, em 1647, João era filho de nobres influentes. Seu pai, Salvador de Brito Pereira, foi governador da Capitania do Rio de Janeiro entre 1648 e 1651, ano de sua morte.

Aos 11 anos, o pequeno João ficou gravemente doente, e em suas preces invocava São Francisco Xavier, a cuja intercessão creditou sua cura. Depois disso, passou um ano vestindo o hábito de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, à qual Xavier pertenceu. Após esse período, comunicou à sua mãe o desejo de ingressar na Companhia de Jesus, e iniciou seu noviciado em Lisboa, indo depois estudar Artes, Humanidades e Filosofia em Évora e Coimbra. Entre 1671 e 1673 estudou Teologia e, tão logo foi ordenado sacerdote jesuíta, partiu para missão na Índia, onde inicialmente atuou na região de Madurai, no sul do país.

Para ter sucesso em sua missão, o santo jesuíta precisou adaptar-se aos costumes locais, desde suas vestimentas (passou a vestir-se como brâmane) até seus hábitos alimentares, adaptados aos da religião hindu. Viajando a pé e passando por inúmeras dificuldades, sobretudo com a rejeição que sofria pelos brâmanes por não respeitar o sistema de castas local, foi pouco a pouco obtendo cada vez mais êxito em seu trabalho de evangelização.

Em 1686, quando passava pelo reino de Maravá, hostil aos missionários cristãos, chegou a ser preso e condenado à morte, mas acabou sendo libertado após uma conferência com o rei, que julgou sua religião justa. Em 1687, retorna a Portugal, onde permanece até 1690, quando volta para a Índia. Seu últimos anos de evangelização foram bastante difíceis, com duras perseguições. Seu martírio ocorreu após ele ter convertido e batizado o príncipe de Maravá, que, ao abandonar a poligamia, enfureceu uma das esposas rejeitadas, que denunciou João de Brito ao rei.

Em 8 de janeiro de 1793, João foi preso, espancado e levado à capital, Ugur, a pé, percorrendo um longo caminho amarrado a um cavalo, enquanto era insultado pela população. Na prisão, foi maltratado e alimentado com apenas uma porção diminuta de leite por dia. Quando em presença do rei, este tentou fazê-lo adorar Shiva, mas ele se recusou. Foi então condenado à decapitação e esquartejamento no dia 4 de fevereiro daquele ano. Seus restos mortais, objetos pessoais e a acha com que foi executado foram levados ao rei Dom Pedro II, de Portugal, que mandou rezar uma missa em ação de graças em honra do santo mártir que o Céu ganhara. O lugar onde ele foi executado passou a ser local de peregrinação.

Nas noites após sua morte, pairou sobre o céu de Ugur uma luz misteriosa, e inúmeros milagres passaram a ocorrer na região. Isso fez com que a veneração ao santo aumentasse, e foi multiplicado o número de conversões na região. João de Brito foi beatificado em 1853, por Pio IX, e canonizado em 1947, por Pio XII, após longos processos de averiguação de seus milagres.

São João de Brito, rogai por nós!

 

Martírio e glória de São João de Brito

 

Quando João de Brito converteu

o jovem príncipe de Maravá,

o rei da região se enfureceu

 

e prendê-lo mandou que fosse já.

Amarrado a um cavalo o fez andar

por quilômetros sem colher de chá,

 

e após muitas torturas, a adorar

a sua entidade Shiva ele tentou,

mas só a Jesus João se pôs a orar,

 

e o rei pagão, furioso, decretou

a morte do jesuíta corajoso.

Expô-lo em praça pública mandou,

 

amarrado em suplício doloroso,

para servir de exemplo e intimação.

De sua união com Cristo desejoso,

 

o padre fez a sua última oração

e sua alma a Deus rendeu, resignado,

e a seguir sua cabeça foi ao chão

 

e seu corpo foi todo esquartejado.

Naquela noite e nas seguintes tantas,

o céu da região foi alumbrado

 

por abundantes cintilâncias santas,

e inúmeros prodígios se observaram

por santos, céticos e sicofantas,

 

que a Jesus, convertidos, se prostraram,

continuando a missão de João de Brito,

que como santo a venerar passaram,

 

enquanto ele sorria no Infinito.  


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