DOSE DE FÉ | São Francisco de Assis

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

São Francisco de Assis, o Pai Seráfico, foi configurado a Cristo quando teve impressas em seu corpo as Santas Chagas da Paixão de Nosso Senhor

Hoje é dia de São Francisco de Assis, religioso.

Nascido em Assis, na Itália, em 1182, Francisco era filho de um rico comerciante, Pedro Bernardone. Como muitos jovens de seu tempo, sonhava em conquistar glórias e juntar-se à nobreza por feitos heroicos de cavalaria. Em 1202, aos 20 anos, veio sua oportunidade.  Alistou-se como soldado na guerra de Assis contra Peruggia, e logo foi feito prisioneiro e permaneceu cativo por cerca de um ano. Depois disso, não pôde voltar ao campo de batalha, pois adoeceu gravemente, e assim permaneceu por mais um ano todo.

Em 1205, depois de recuperado, alistou-se no exército papal para lutar contra Frederico II. A caminho da guerra, no entanto, foi visitado em sonhos por uma voz que o admoestou por querer “servir ao servo, e não ao senhor”, e que o aconselhou a voltar para Assis. Confuso, ainda sem saber os significado da mensagem, viajou a Roma, onde, tocado pela piedade divina, desfez-se de todo seu dinheiro e até de suas roupas, que trocou pelas de um mendigo, e doou tudo aos pobres.

Em 1206, ainda procurando por respostas às inquietações de seu espírito, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, deparou-se com um leproso que o fez sentir um misto de repulsa e misericórdia. O segundo sentimento venceu, e o jovem Francisco aproximou-se do pobre, deu-lhe o dinheiro que trazia e também um beijo. Depois disso, foi rezar na Capela de São Damião, que se encontrava deteriorada e destruída pelo abandono, e, aos pés da Cruz no altar, escutou novamente uma voz que saía d’Ela: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas.” Em seguida, ele voltou para casa, pegou vários metros de tecido da loja de seu pai, e dinheiro, vendeu o tecido todo e, com o montante, doou o dinheiro para a reconstrução da Capela.

Pedro Bernardone, ao saber do que fizera o filho, se enfureceu. Francisco fugiu de casa, ficou um tempo escondido em um celeiro, foi encontrado pelo pai, por quem foi aprisionado. Quando conseguiu fugir, pediu auxílio ao Bispo da cidade, que o acolheu. Seu pai, novamente, foi-lhe ao encalço, acusou-o de dissipador de sua riqueza, e exigiu uma compensação pelo prejuízo. Diante do Bispo, o jovem então tirou sua roupa, ficando totalmente nu, entregou-a ao pai, pediu-lhe a benção e seguiu enfim para seu caminho de santidade.

Fundação da Ordem dos Frades Menores

Vestindo apenas uma túnica grosseira amarrada por uma corda, e optando pela pobreza, oração e penitência, sem nunca deixar de lado a caridade para com os pobres (pois nos pobres ele via o próprio Cristo), Francisco saiu a anunciar o Evangelho. Com o tempo, outros jovens foram se reunindo a ele, passando a segui-lo.

Em 1210, Francisco escreveu uma Regra para aquela Congregação, e viajou a Roma, para apresenta-la ao Papa Inocêncio III. O Pontífice reconheceu a santidade de Francisco, e aprovou a regra. Surgia, naquele momento, a Ordem dos Frades Menores, que não parou mais de crescer. Dela, inclusive, surgiu a Ordem das Clarissas, fundada por Santa Clara de Assis, leal seguidora de São Francisco.

Santidade, Estigmas e morte         

As histórias e os milagres de São Francisco em vida são inúmeros, e converteram muita gente. No entanto, não cabe aqui relatá-los. Mas importa lembrar o maior dos milagres em sua vida, e que coroou seu caminho de santidade: dois anos antes de sua morte, no Monte Alverne, Francisco orava muito fervorosamente, quando recebeu a graça dos Estigmas de Nosso Senhor. São Francisco, que por isso mesmo ganhou o nome de “Seráfico” por ser humilde como um Serafim diante de Deus, configurou-se a Cristo naquele momento, tendo impressas em seu corpo as marcas de Sua Paixão. Aliás, foi logo depois de escutar a leitura da Paixão do Senhor que, enfermo, em 3 de outubro de 1226, aos 44 anos, o Seráfico Pai dos Frades Menores foi juntar-se ao Pai Eterno no Céu.

Imitemos o Santo, rejeitemos o ídolo

Movimentos revolucionários, ou braços da Grande Revolução, há décadas infiltrados na Igreja (a Teologia da Libertação em especial), apropriam-se de diversos Santos para a promoção de suas pautas ideológicas. Para a TL, por exemplo, São Francisco de Assis configura-se a Cristo como uma espécie de promotor da justiça social e pregador da Paz Universal por meio do diálogo fraternal entre todos os credos e religiões. Em hipótese alguma ele é lembrado como o Santo que converteu prostitutas ao deitar em uma fogueira (da qual saiu ileso) a fim de demonstrar a elas para onde a vida de pecados as levaria.

Portanto, importa ainda assinalar o seguinte: São Francisco não foi um hippie ecologista-pacifista, ou revolucionário de qualquer espécie. O Pai Seráfico, seguindo o Primeiro Mandamento, amava Deus acima de todas as coisas, e sua “opção radical pelos pobres” manifestava-se como o amor irrestrito que tinha por Nosso Senhor. São Francisco de Assis jamais deixou de seguir a Sã Doutrina (que ele pregou com vigor e coragem a outros povos, não a fim de um diálogo sincretista, mas para convertê-los) e jamais desobedeceu ao Papa.

Rejeitemos o São Francisco Revolucionário, ídolo inventado, e busquemos o exemplo do Santo Seráfico.

São Francisco de Assis, rogai por nós!

 

São Francisco Configurado a Cristo

 

Orava São Francisco com fervor,

quando o extraordinário aconteceu,

e bem diante dele apareceu

um Serafim enviado do Senhor,

 

trazendo-lhe a impressão de Seu amor:

cada Chaga de Cristo se inscreveu

no corpo de Francisco, que sofreu

ali com Ele toda a Sua dor.

 

O Serafim voou de volta ao Céu,

e o Seráfico, arqueando-se e a sangrar,

glorificou Jesus, humilde e fiel,

 

em gratidão à distinção sem par

de estar por Sua Paixão assinalado

e a Ele ser, enfim, configurado.


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