BRUNA TORLAY丨Terrorismo internacional, narcotráfico nacional e o retorno do True Outspeak

Bruna Torlay
Bruna Torlay
Estudiosa de filosofia e escritora, frequenta menos o noticiário que as obras de Platão.

Será que o ministro da Justiça pensou que passaria batido um subordinado de sua pasta receber, em audiência oficial, pessoas de alguma forma ligadas a lideranças do narcotráfico nacional? No caso, a esposa de um chefão de Manaus, condenado e cumprindo pena atualmente, acompanhou a uma reunião a advogada e ex-parlamentar Janira Rocha, apontada como um dos braços jurídicos da facção criminosa Comando Vermelho. Claro que não passaria despercebido.

Mas Dino disse que não sabia de nada, no melhor estilo (consolidado por Lula desde o primeiro escândalo de corrupção marcante em sua trajetória política, o mensalão) “não era de meu conhecimento; eu não sabia; não fui eu”. Mas é claro que todos os adversários do PT devem ser encarcerados sem processo legal, sabendo ou não o que exatamente fizeram. Afinal, não importa se há crime, mas se o agente de um [às vezes suposto] crime pertence ou não a certa aliança política.

Nada do que acontece no Brasil atualmente é bem uma novidade. Olavo de Carvalho explicou tudo ao longo dos anos de True Outspeak, programa recentemente republicado, em transmissão 24 horas, no canal oficial do professor no YouTube. Clique ali a qualquer momento de seu dia, ouça uns 20 minutos e abra, na sequência, qualquer portal de notícias contendo rastros da vida política e cultural nacional. Ali você verá por que motivo quem se dignou a ouvir o velho professor recebe com certa fleuma as notícias versando a conduta antiga do PT.

Lula, em seu cantinho, longe de manifestar qualquer surpresa com o comportamento sabonete de seu Ministro quanto à audiência oficial contendo esposa de chefe do narcotráfico, compara o terrorismo do Hamas à defesa israelense, invertendo explicitamente a proporção de responsabilidade real no episódio. Israel é o lobo e Hamas é a vítima. A velha arenga petista “pró-palestina”, como se palestino não fosse a pessoa, desde o império romano, nascida na região geográfica designada “palestina”. O grupo terrorista é tão criminoso e assassino como o são as facções criminosas que enriquecem com o narcotráfico no Brasil. Mas nenhum desses pontos incomoda o partido atualmente no poder. Membros de um são recebidos em audiências no ministério da justiça; membros do outro são descritos como pobres vítimas pelo próprio presidente da República.

Mais uma vez, nada disso assombra quem ouviu tudo o que Olavo de Carvalho tinha a dizer sobre o PT, Lula, Foro de São Paulo e braços associados. Mas causa uma fleuma desagradável e pesada, como o cansaço infligido pela atual onda de calor no sudeste, que nos arranca dos amenos 25° C costumeiros aos 38° raramente experimentados. Amolece o estado de espírito, como a ação imbecil do jovem deslumbrado com sua aventura faz ao velho que passou por aquilo trinta vezes nos últimos 50 anos.

Mesmo assim, é preciso noticiar, comentar, afetar assombro e incitar indignação, na esperança de ver mais olhos se abrirem, menos inocentes úteis servirem ao crime, mais almas recuperarem sua razão de ser, menos crianças sendo gratuitamente condenadas a passar a vida no esgoto moral plantado e cultivado com tanto carinho pela sanha revolucionária que tudo polui, para reduzir a sanidade a excentrismo.

A notícia mais previsível dessa semana foi a audiência oficial com a primeira-dama do narcotráfico em pleno Ministério da Justiça petista. O único refresco, a transmissão 24 horas do True Outspeak no YouTube do Olavo de Carvalho.

Que a verdade prevaleça, afinal.


Após a redação desta coluna, a transmissão do True Outspeak já havia sido encerrada no Youtube. Por isso, remeto-os à versão completa do programa no Spotify.

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