A Revolução dos Bichos, de George Orwell

Lobo
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A sociedade perfeita, porém tecnicamente fictícia na prática, que Marx descreveu no Manifesto Comunista, foi desmascarada na obra “A Revolução do Bichos”, fábula escrita pelo socialista George Orwell, que ao ver como o regime conduzido por Stalin funcionava na prática,  usou de seu talento satírico para expôr como o povo da Rússia foi vítima de um regime totalitário, enquanto inocentemente sonhava com um país mais livre e com igualdade para todos.

No romance alegórico de Orwell, os animais da fazenda protestam contra a tirania de seus senhores humanos, seguindo as ideias do “animalismo.” Porém, quando pensam que alcançaram a liberdade, se tornaram vítimas de um porco sedento de poder, Napoleão, que se revela um ditador totalitário e reformula a ideologia do Animalismo de “Todos são iguais” para “Todos os animais são iguais / Mas alguns são mais iguais do que outros”.

Qualquer semelhança não é coincidência.

Na trama, o humano Sr. Jones, que pode muito bem ser relacionado ao czar Nicolau II, é dono da fazenda (representando a Rússia) onde um velho porco conhecido como Major (ou Karl Marx?) convence os animais de que o homem é a única criatura que consome sem produzir, afinal “ele não dá leite, não bota ovos, está fraco demais para puxar o arado e não consegue correr rápido o suficiente para pegar coelhos”. 

O discurso comunista/animalista influencia o porco Napoleão, obviamente uma figura caricata de Stalin, e seu “parceiro” Snowball, um quase Trotsky suíno.

A obra de Orwell é uma notável lição de história em miniatura, o tipo que incita a pessoa a procurar fatos em vez de ensiná-los diretamente, por isto é um livro ainda recomendado a todos, especialmente crianças e adolescentes, porém sem a influência, infelizmente algumas vezes nociva, de um professor doutrinado.

O livro de Orwell apresenta uma visão cética sobre o intelecto que não produz nada de importante, pois os porcos, identificados como os animais mais inteligentes, usam de sua inteligência apenas para explorar outros animais, tal qual políticos fazem, destruindo qualquer possibilidade de tornar melhor a vida de seu povo.

O burro Benjamin, que é velho, bom e também sábio, é indiferente ao uso do conhecimento e fala filosoficamente sobre valores morais. 

Os cães, inteligentes como os porcos, utilizam seu conhecimento apenas para ler os “Sete Mandamentos”, possibilitando que sua inteligência e força física sejam muitas vezes mal utilizadas e exploradas pelos porcos.

A Revolução dos Bichos, assim como outra obra de Orwell, 1984, é atemporal e descreve, infelizmente, a época em que vivemos, independente do ano da leitura, mas acima de tudo descreve a sociedade como um todo.

Dentre tantas frases de impacto, a que finaliza o livro é o perfeito resumo do que tornou-se o nosso mundo sócio-político:

“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”

Quem nunca leu, recomendo muito a leitura imediata, e para quem já leu, indico reler, porém pela fantástica edição de luxo, em capa dura, lançada pela Editora Intrínseca , com ilustrações do genial Ralph Steadman, que entre seus trabalhos tem as ilustrações de “Medo e Delírio em Las Vegas” de Hunter S. Thompson.

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