Estamos em meio a uma semana bastante movimentada em Brasília. Foram realizadas audiências públicas muito significativas na Câmara dos deputados, uma falando sobre o escândalo do Twitter Files Brazil e outra onde os militares foram obrigados a ouvir verdades bastante inconvenientes. No Senado, aconteceu a aprovação da PEC sobre a criminalização das drogas e, na Câmara dos deputados, o presidente Arthur Lira colocou em votação a urgência da tramitação do PL anti-MST que faz parte de um pacote de medidas para frear as invasões de terra no país.
Não é de hoje que Lira demonstra insatisfação com relação ao governo petista. na semana passada ele chamou o Ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de incompetente. No centro da discórdia estão as tais emendas parlamentares, ainda mais importantes quando estamos em ano eleitoral.
Lula vetou o calendário para a liberação destas emendas já previsto na Lei Orçamentária Anual, o que gerou uma insatisfação generalizada em nossos congressistas. O presidente nomeado precisa que não haja um calendário definido para a liberação destas verbas, pois assim pode usá-las como moeda de troca nas votações que sejam de interesse do governo. Por outro lado, os parlamentares precisam que haja um calendário que assegure a liberação dos recursos a tempo de serem utilizados como moeda política nas eleições municipais.
A crise, que já estava fervilhando, ganhou proporções ainda maiores com a demissão do primo de Lira, Wilson César de Lira Santos, do cargo de superintendente regional do Incra em Alagoas. Some-se tudo isso à enorme pressão da opinião pública, que clama pela volta da liberdade de expressão em nosso país, agora amplificada pelo escândalo dos arquivos revelados pela rede social X (antigo twitter).
A revolta de Lira obviamente não é pelos motivos corretos, mas é certamente bem-vinda. Devemos nos preocupar quando não existem atritos entre os poderosos, uma vez que somente em ditaduras não temos vozes dissonantes. Em uma democracia, o que vemos é barulho, divergência, polarização e conflitos. São justamente os diversos grupos de interesses em confronto que asseguram que nenhum agente de poder se sobressaia, implementando uma tirania.
Nos últimos anos, os figurões da velha política brasileira se uniram ao poder judiciário visando derrubar um inimigo em comum: Bolsonaro. Agora, com o ex-presidente inelegível, as velhas disputas voltam a aparecer no cenário. Estamos presenciando rachas dentro do STF, o Senado colocando em votação pautas que desagradam o judiciário, a Câmara dos deputados afrontando o Executivo etc.
Arthur Lira chegou a dizer, em reunião com líderes partidários, que pretende destravar 5 CPIs — atualmente existem 8 requerimentos com assinaturas suficientes na Casa Baixa. A mais emblemática de todas, na minha opinião, é a CPI do abuso de autoridade proposta pelo deputado Marcel van Hattem.
Após todos esses enroscos, declarações, audiências e votações, Alexandre de Moraes resolve fazer uma visitinha surpresa ao Congresso. Nosso “magnânimo” conversou tanto com Lira quanto com Pacheco. Após tais “diálogos republicanos”, a velha mídia passou a noticiar que o alagoano não pretende levar adiante a CPI do abuso de autoridade.
É de conhecimento público que políticos costumam “vazar” informações na mídia para medir a temperatura da opinião pública, muitas vezes sinalizando intenções opostas a seus verdadeiros propósitos. O que determinará o tamanho, direção e intensidade da revolta de Lira será o quão acuado ele estará. Um político, quando colocado contra a parede, costuma ter reações totalmente imprevisíveis.
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A Paula Marisa é brilhante em suas pautas, seus comentários são diretos ,e o melhor, não cansa, aliás tem gosto de quero mais 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻💚💛🩵🤍🇧🇷