SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Sobre Deus e o Mal

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.” (Isaías 45:7)


Se Deus é completamente bom e todo-poderoso, por que permite o mal? Essa é a base do “Paradoxo de Epicuro”. Seria possível resolvé-lo?


Conhecido no Facebook compartilhou postagem sobre o “Paradoxo de Epicuro”. Um trecho do texto afirma o seguinte:

<<O paradoxo de Epicuro, também conhecido como o problema do mal, é um argumento filosófico que questiona a existência de Deus em face do sofrimento humano. O paradoxo é geralmente apresentado da seguinte forma:

– Deus é onipotente (todo-poderoso).
– Deus é benevolente (todo-bom).
– O mal existe no mundo.

Se Deus é todo-poderoso e todo-bom, então ele teria o poder e a vontade de impedir o mal. Mas o mal existe, então ou Deus não é todo-poderoso, ou não é todo-bom, ou não existe.>>

Seria a “pá-de-cal” nos crentes? Não. Não é. Contudo, obriga a se pensar a respeito.

Santo Agostinho já respondeu isso há mais de quinze séculos, mas, como a postagem acima demonstra, é sempre bom voltar ao tema. Por isso, resolvi tratar disso nesta coluna.

Não é à toa que “procriação” significa “participar da Criação”. Qualquer pai entende esse paradoxo. Se não deixar os filhos agirem, não aprendem; mas se deixar, farão m… É preciso, pois, tolerar o mal para se atingir o bem.

Deus é uma hipótese. É impossível “provar” Deus. Deus é o nome que se dá Àquilo que se encontraria Além do Cosmos. Ele é o Desconhecido sem o qual a Ordem que observamos e as imperfeições que experimentamos não fariam qualquer sentido.

Deus é, por definição, a Perfeição. Aquilo que não é Deus é imperfeito. Portanto, toda a Criação é necessariamente composta de entes imperfeitos.

O Cosmos foi criado. É fato. Deus é o nome que se dá Àquilo que criou o Cosmos. Quem o criou o fez sabendo que a Criação seria inferior a Si.

O Cosmos não pode ser perfeito, pois a Perfeição é o pano-de-fundo contra o qual o Cosmos é medido. Então, se há Cosmos, o mal é inevitável.

Porém, como poderia ser diferente? Os filhos dão sentido à paternidade, e os pais dão sentido aos filhos (como referência).

Da mesma forma, se Deus dá sentido à Criação, a Criação também dá sentido a Deus. São inseparáveis. Aquela segue em direção a Ele; da imperfeição a Perfeição. Não há outro caminho.

É assim, pois, que o aparente paradoxo se resolve. O mal é o preço a pagar-se pela existência; por não ser Deus.

No entanto, o mal que surge no Princípio é superado no Fim. Até lá, temos que seguir na Direção do Cosmos, enfrentando o mal da melhor maneira que nos é possível; tentando alcançar a melhor versão de nós mesmos.

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