“Conhece a ti mesmo.” (Oráculo de Delfos)
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Eu não fazia idéia do que escrever, para ser sincero. Até tinha comentado com minha esposa sobre isso. Sentei ontem na frente do computador e nada.
Hoje, tampouco conseguira escrever. Ainda não consigo, mas, ao menos, as palavras estão surgindo na tela. Saem ainda desarticuladas. Uma sequência de pensamentos íntimos.
São desabafos e confissões desconexas; as quais deleto tão logo as vomito. Os detalhes são relevantes apenas para mim.
Em resumo, são coisas de quem está com problemas de lidar com seus próprios demônios pessoais; e, pior, percebe o quanto isso prejudica aqueles em volta.
No fundo, tudo o que sai são variações de um tema comum. Tudo retorna a uma única e mesma pergunta: como ser âncora quando se está à deriva?
Quatro décadas se passaram; casamento e filhos; e, ainda assim, nunca respondi. Volto a memória cinco, dez, quinze, vinte anos… Tudo igual. Mesma questão. As circunstâncias mudam, mas a essência segue constante.
Como saber o que fazer se não se sabe para onde vai? Como saber se houve progresso e sucesso sem referências de objetivos? É impossível. Não há mesmo como responder assim.
Trata-se de uma posição em que não se pode ganhar. Eis o exemplo que passo.
Eu não posso ser isso. Mas, então, quem sou eu?
Tic-toc-tic-toc…