SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | La pelota no se mancha, pero…

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

A bola jamais se suja, mas o entorno dessa pode e bastante…

Se o futebol é um microcosmo da realidade brasileira, o momento não é dos mais auspiciosos. Se, como diz o ditado, “onde há fumaça, há fogo”, no momento parece termos mais queimadas que aquelas amazônicas com as quais ninguém mais atualmente se preocupa. A quantidade de fumaça é asfixiante, e não há sinal de que a situação venha a melhorar num futuro próximo…

Terça-feira, de 3 de Tercembro de 524

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É verdade que a bola é imaculada, como afirma o ditado hispânico: “la pelota no se mancha”. Porém, o esforço para tentar provar o contrário é enorme. Ultimamente, não faltam casos. Outro famoso ditado hispânico é pertinente aqui: “yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay.” O mais próximo desse em português que me lembro é: “onde há fumaça, há fogo.”

Por exemplo, duvido que o John Textor, dono do Botafogo S.A.F., tenha provas cabais de manipulação de resultados. Deve haver uma penca de evidências circunstanciais, mas nada que realmente seja contundente. Seria mais algo que chamasse a atenção e que promovesse um debate e tomada de medidas para o aprimoramento do ludopédio nacional.

Nada disso tem a menor chance de acontecer. Não há interesse suficiente em enfrentar as questões, e aqueles que deveriam tomar a iniciativa muito provavelmente sequer têm a capacidade de lidar com essas.

A A.N.A.F., um sindicato extra-oficial dos árbitros, ao invés de usar a deixa do presidente do Botafogo para ir atrás das “laranjas podres” e argumentar em prol de ações para melhorar a arbitragem no Brasil, resolveu “defender a categoria”.

Na última rodada do Campeonato Brasileiro, o Grêmio terminou a partida do final-de-semana sem ninguém no banco de reservas em protesto contra uma expulsão. A reação da C.B.F. foi alterar uma informação no saite para ocultar a irregularidade.

É esse o espírito reinante. Então, a tendência é seguir tudo como está, se não piorar. A bola pode ser imaculada; mas o resto, não. Pode tudo ficar bem sujo – e isso é péssimo.

Um agravante é que isso sequer fica restrito ao futebol de campo. Recentemente, na final do Paulista Sub-18 de FUTSAL, o jogo entre Palmeiras e Corinthians sequer terminou devido a um enorme quebra-pau.

O Palmeiras vencia por 5×2, e a partida se encaminhava para o encerramento, quando um jogador do Corinthians resolveu descontar sua frustração fazendo uma chegada mais ríspida num adversário. Os palmeirenses foram tirar satisfações, todo mundo saiu dos bancos, e a briga começou.

Organizados que estavam na arquibancada acharam uma baita ideia bater em adolescente e também invadiram a quadra. A cena foi feia. Ainda mais que o ginásio estava cheio de familiares dos atletas.

Nada acontecerá a ninguém. No Brasil, só quem é punido é o concreto – isso, quando há punição.

O principal problema é o futebol brasileiro ser dominado por uma mistura de arrogância, incompetência, corrupção, e egoísmo. Não digo que se possa resolver tudo, mas é possível fazer melhor.

Quebrar um pouco isso já faria maravilhas. Só que, para tanto, é preciso querer se incomodar. Mas ¿quem com capacidade estaria disposto a isso?

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