ROBERTO LACERDA | A morte no útero lhe cai bem?

Roberto Lacerda
Roberto Lacerda
Roberto Lacerda Barricelli é jornalista, assessor e historiador. Foi correspondente do Epoch Times e colaborador em diversos jornais, como Jornal da Cidade Online, O Fluminense, São Carlos Dia e Noite, Diário da Manhã, Folha de Angatuba e Jornal da Costa Norte

Colunista deixa escapar sua sede pelo sangue de bebês inocentes para sacrifícios no altar do feminismo

Pesquisando para a coluna desta quarta-feira (21), decidi engolir três engovs e abrir o site feminista Universa. Sempre há textões recheados de absurdos e desenvolvidos com evidente ódio visceral ao próximo. Infelizmente, não me decepcionei!

Esperava que algum dos choros d’uma colunista complexada e frustrada pela beleza alheia (que jamais alcançará) servisse. Mas o chororô era tão vergonhoso, que me sentiria lidando com uma patricinha mimada, birrenta e sem amigas. Tive a mesma atitude de qualquer homem decente e a descartei. 

Não tardou e encontrei um texto tão merecedor de tratamento quanto sua autora. Todavia, esse merecimento não se deu por elevada qualidade literária, ou retórica afiada, ou estrutura desafiadora, mas pela assustadora atitude da autora, André DIP, que “deu chilique” por causa de suposta campanha antiaborto numa cartilha do Ministério da Saúde, em seu textão “Ministério da Saúde faz campanha antiaborto descarada em nova cartilha“. 

Vejam! Não se trata de argumentação contrária ao que chamam de “direito conquistado” ao aborto em certos casos, mas de ataque histérico por causa d’uma cartilha que supostamente serviria como peça de propaganda para desincentivar a escolha pelo aborto. A Sra. RIP se indignou porque um médico ginecologista assinou uma norma técnica que não incentiva as mulheres a abortarem. 

A Colunista da Morte (até) busca pela aparência de argumentação contra a “perda de direitos”, mas como a norma não revoga qual ‘direito’, sua tentativa fracassa frente à realidade. É nítido que sua afetação decorre do desejo de que cada vez mais mulheres abortem seus bebês; seria sede de sangue de bebês inocentes para sacrifícios no altar do feminismo? O primeiro parágrafo é revelador.

Contra a prevenção!

Na mesma semana em que uma criança de 11 anos apareceu grávida de um estupro pela segunda vez, o Ministério da Saúde lançou a versão revisada da cartilha “Atenção Técnica para Prevenção, Avaliação e Conduta nos Casos de Abortamento”, direcionada à rede de atendimento em saúde. A versão original, de 2011, se chamava “Atenção Humanizada ao Abortamento – Norma Técnica” e só pelo título já é possível perceber a mudança de tom: Na primeira, atenção humanizada. Na versão do atual governo, prevenção, avaliação e conduta“. 

Ignorando a tentativa de construir um espantalho, como se o governo devesse adiar uma publicação técnica por causa de fato sobre o qual não possui qualquer controle (Ain, governo malvadão, publicou na mesma semana que um crime ocorreu, buá buá), podemos focar na picuinha… digo… incômodo da Sra. RIP com a alteração de nome no documento. Para a Colunista da Morte era melhor deixar um termo relativo, mas fofinho e agradável à militontância emocionada, a tratar de “prevenção, avaliação e conduta”. 

Logo, a Sra. RIP prefere chafurdar no lamaçal da ideologia tacanha, a se preocupar com a realidade e ações práticas, como prevenir os abortos, ou avaliar as situações concretas nas quais há excludente de ilicitude e orientar a conduta dos profissionais da saúde. Não! Para a Sra. RIP deve haver um tratamento “humanizado”, que na ‘cartilha feminista’ significa “incentivar a mulher a realizar o aborto, pois é o melhor caminho para ela e ponto”. Que se danem quaisquer dúvidas, problemas, necessidades ou  sequelas que possam afligir essas mulheres. 

A Colunista da Morte, após deixar exposto seu desejo de impor o aborto como único caminho às mulheres em caso de risco à vida, anencefalia ou estupro, decide recorrer ao sentimentalismo barato. “A criança de 11 anos que foi estuprada e engravidou pela segunda vez mora em Teresina com o pai e o filho da primeira gestação —que foi mantida por decisão dos responsáveis pela menina decidiram […] Mas o Brasil todo já sabe, pois isso foi amplamente divulgado, que os responsáveis pretendem novamente recusar o aborto legal, um direito garantido por lei em casos de estupro, risco de vida à gestante ou anencefalia do feto (grifo meu)“. 

Primeiro, que excludente de ilicitude não é o mesmo que um direito natural, reconhecido pela Constituição, como o Direito à Vida. Segundo, que haver a possibilidade de se realizar um aborto não incorre na obrigação de abortar, como induz a Sra. RIP. E terceiro (uffa), que “o Brasil inteiro” não tem acesso a todas as informações que saem na imprensa, mesmo que amplamente divulgado, quiçá o interesse ou tempo disponível para se preocupar com o chororô das agentes feministas nas redações. 

Demonstrados tais pontos, resta expor a indignação da Sra. RIP com a escolha dos pais pela Vida do bebê inocente (cujo assassinato não reverberaria em punição ao estuprador, mas só ao próprio bebê). Ódio visceral à escolha pela Vida, que a faz escrever “responsáveis” ao invés de “pais”; talvez tenha relação problemática com os próprios pais (se forem pessoas normais, com certeza a relação é difícil). Também evita usar um termo referente à Família. Mas nenhuma menção ou crítica, ou indignação à falha na proteção dessa menina, só contra a não realização do aborto.

Destilando ódio

” […] a cartilha segue com informações vagas, distorcidas e com afirmações como “quase todos os estudos sugerem”. Que estudos? De onde? Quase todos os estudos do mundo inteiro? Além disso, fala que o aborto não deve ser feito com base em “ideologia”, alerta que mesmo o abortamento conduzido por médicos “não é isento de riscos, tendo provocado duas mortes nos últimos cinco anos”, sem provas sobre a informação, e replica o dado falso de que “um quarto a um terço das mulheres com perda gestacional experienciam alguma repercussão negativa na saúde mental após o episódio

Quando as informações contrariam a opinião da Colunista da Morte, são “vagas”, mas manter o vago “tratamento humanitário” é melhor do que ficar nos objetivos de “prevenção, avaliação e conduta”? E parabéns pela preocupação com o trabalho jornalístico de pesquisa de fontes! Pois não forneceu uma sequer que contrarie as informações da norma técnica, mas exige “provas” para algo que foi (ora ora) “amplamente divulgado”, como as mortes por causa de aborto legal na Argentina (de uma Líder Feminista) e um ilegal no Brasil? Ou finge não saber que obviamente se trata desses dois casos? Talvez a Sra. RIP esteja tão ocupada limpando a espuma do canto da boca, por reação às mães que não assassinam seus bebês no útero, que não consiga entrar em contato com notícias que contrariam as opiniões de sua bolha Ideológica. 

Bem, se conseguisse pensar fora da bolha, não teria dificuldades na interpretação de texto (prefiro acreditar que foi isto, apesar das demonstrações de desonestidade). Ora, “mulheres com perda gestacional” necessariamente significa apenas “mulheres que realizaram abortos”? Uma mulher que sofre “aborto espontâneo” não passou por “perda gestacional”? E a Sra. RIP realmente acredita que essas mães, que perderam seus bebês ainda no útero, não “experienciam alguma repercussão negativa na saúde mental após o episódio“? 

Dados convenientes e inconvenientes

Feministas estão tão acostumadas a recorrer aos dados falsos, mesmo na contramão da lógica, que ficam presas aos próprios espantalhos. Por exemplo, afirmar que há centenas de milhares de “abortos secretos” no Brasil, que gerariam milhares de óbitos, quando os registros de óbitos por aborto ilegal são pequenos e os secretos (por serem secretos) não é possível saber quantos são (ou deixariam de ser secretos!). Talvez, a Sra. RIP acredite nesse espantalho e, portanto, não consiga conceber a “perda gestacional” fora do espectro do aborto induzido. Ou sua mente foi tão parasitada pelo feminismo, que seja incapaz de se colocar no lugar (é “ter empatia” que se chama?) das mães com perda gestacional em abortos espontâneos. 

Ainda que mandemos os dados e a lógica às favas, bastaria perguntas às mães brasileiras: as senhoras teriam a saúde mental afetada caso perdessem seus bebês durante a gravidez?  Poderiam fazer uma roda para queimar sutiãs, mostrar os peitos no meio da rua, defecar nas fotos de políticos, introduzir a Cruz no ânus… pera… Não são exemplos de ‘saúde mental’; no máximo das consequências de “achar bonito” quando crianças fazem birra e se jogam no chão do Iguatemi.

Esse número já foi amplamente negado por profissionais da saúde mental e me faz lembrar outro dado: o de que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), um terço das mulheres sofre violência física ou sexual. Esse sim um dado real, e a criança de 11 anos que engravida de estupros pela segunda vez é prova disso“. Claro, afinal, a norma técnica do Ministério da Saúde não pode falar sobre estudos e usar a lógica ‘sem provas ‘ (aham!), mas a Sra. RIP tirar ‘dados’ da cachola, não fornecer fontes e seguir a linha “se a OMS afirmou é verdade esse bilhete”, retrata a realidade… E citar um caso é a grande prova! Só faltou aparecer o Maradona muy loco e dizer “La garantía soy jo”.

O documento também discorre sobre tratados internacionais em que o Brasil é signatário que reconhecem “o direito à vida como prioridade”, ignorando convenientemente outros tratados, que versam sobre proteção a direitos reprodutivos e autonomia das mulheres, por exemplo“. Por exemplo? “Ain, falam de casos sem citar quais… Mas há tratados”. Quais? “Machista”. O pombo derrubou as peças, cagou no tabuleiro e saiu cantando vitória. 

A cartilha do Ministério da Saúde, que deveria orientar o atendimento de saúde à meninas e mulheres que engravidam de um estupro, correm risco de vida ou estão em situação de vulnerabilidade por qualquer tipo de abortamento, orienta que os profissionais de saúde notifiquem de forma compulsória casos de estupro que resultem em interrupção da gestação“. Isso não é uma orientação? E quem é contra “prevenção, avaliação e conduta” mesmo? 

Também não cita o alto índice de mortes maternas por abortamento como uma questão de saúde pública“. Avisei! Lá vem a mentira descarada (já que gostas deste termo) da prisão Ideológica. Por que não diz que esses índices de óbito (que são baixos) se referem em maioria a abortos espontâneos? “É, na verdade, uma grande campanha antiaborto“… Ah! Porque quer incentivar os abortos induzidos. “E nessa campanha vale tudo: inclusive relativizar os riscos da gravidez na adolescência“. Primeiro, essa relativização não consta na norma técnica; segundo, qual movimento defende liberdade sexual para meninas desde a adolescência? Claro, está super preocupada com esses riscos, mas foi favorável ao projeto do Governo Federal de incentivar adolescentes a não fazerem sexo? É contra a sexualização na adolescência? Nas escolas? Nem todos possuem a capacidade cognitiva do tamanho d’um grão de mostarda, Sra. RIP. 

Também diz que “evidências mais recentes” apontam que a gestação em mulheres jovens não é causa automática de risco à vida, devendo cada caso ser analisado individualmente“. Pelo visto, não deves ir ao ginecologista há bastante tempo. Mesmo que liberdade sexual não é sinônimo de conseguir sexo, não é necessário ter “uma vida sexual” para isso, viu? Ou vergonha de DST’s… sei lá. 

Sentimentalismo falso

Enquanto isso, uma menina de 11 anos engravida de um estupro pela segunda vez em pouco mais de um ano e é obrigada a levar as gestações a termo em Teresina (grifo meu)”. Os pais não podem exercer seus direitos sobre os filhos menores, que estão “obrigando”, mas se submetessem ao arbítrio da Sra. RIP … Aí seria (sic) ‘liberdade de escolha’ (sic)!

Outra, também de 11 anos, é coagida por uma juíza a não realizar o aborto garantido por lei em Santa Catarina. Uma terceira, aos dez anos, teve que entrar em um hospital no porta-malas de um carro em Pernambuco, pois religiosos faziam protestos na porta para que ela não interrompesse a gestação fruto de estupro“. A Colunista da Morte está tão sinceramente preocupada com os riscos às vidas dessas meninas, que não mencionou os procedimentos adotados nesses casos (mais arriscados que parir e que induzem o parto após o assassinato do bebê). “É arriscado parir, então, tem que passar por um procedimento de alto risco e que induzirá o parto ao final”. Me emocionei com tanta coerência e ‘empatia’. 

Essa cartilha é mais uma prova de que, para esse governo, a vida vale apenas quando está dentro do útero. Do lado de fora, a vida dessas crianças não importa tanto assim“. A norma técnica fala em “prevenção, avaliação e conduta”, mas quem se preocupa com as vidas das crianças “fora do útero” é quem despreza as vidas “dentro do útero” e defende procedimentos mais arriscados e que induzem o parto d’um filho assassinado. 

Enquanto as mulheres continuam escolhendo o momento que “a bolsa estoura”, outras nutrem ódio dentro de bolhas que não conseguem furar.  Nunca foi “pelas mulheres”, ou “pelas crianças”, mas “para que todas sejam o entulho de pessoa que sou”; lembrando de que entulhos conseguem ao menos um peão de obras que lhes deem atenção (e não estou me referindo à estética, mas ao conteúdo).


As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado

— Nelson Rodrigues

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