MURALHA DE LIVROS | George Orwell contra o socialismo

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Além de Orwell, Cardeal Jean Daniélou entre os destaques da semana

George Orwell contra o socialismo figura como principal destaque desta Muralha. Além dele, uma obra de um importante Cardeal sobre o papel dos Santos Anjos em nossas vidas segundo o entendimento dos Padres da Igreja.

Entre os outros lançamentos da semana, clássicos como Chesterton, Hayek, Juan Luis Vives e Sêneca. Ainda, importantes obras de Eric H. Cline, Geisiane Freitas e Patrícia Silva, o romance de estreia de Carlos Mendes Valença, além de uma impactante pré-venda da CS Comics.

Confira os tijolos a seguir, e um excelente sábado.

Destaques

O primeiro destaque é um lançamento da Vide, Viagem ao cais de Wigan,de George Orwell. Publicada em 1937, a obra foi produzida sob encomenda do Letf Book Club, um grupo socialista da Inglaterra que enviou Orwell para investigar a situação dos trabalhadores do norte industrial do país. O autor resolveu então viver sob as mesmas condições que aquelas pessoas, e pôde sentir na própria pela as condições miseráveis em que viviam. Todo seu testemunho dessa experiência está reportado na primeira parte do livro. Na segunda parte, no entanto, Orwell surpreendeu e desagradou os membro do Left Book Club com um ensaio em que descreve a grande falha do socialismo, e a razão para o seu fracasso recorrente em reunir e manter o poder democrático. Conforme assinala Jordan Peterson, “Orwell diz essencialmente que os socialistas, no fundo, não gostam dos pobres. Eles tão-somente odeiam os ricos”.

Confira abaixo um trecho da obra:

“Às vezes olho para um socialista — aquele tipo intelectual, que escreve panfletos, com seu pulôver, cabelo desarrumado e citações de Marx — e fico me perguntando qual, raios, é sua verdadeira motivação. É difícil acreditar que seja o amor por alguém, menos ainda pela classe operária, da qual ele está mais distante do que qualquer outra pessoa.’
‘O homem da classe média, o eleitor do Partido Trabalhista e o barbudo natureba são todos a favor da sociedade sem classes desde que vejam o operário do outro lado de um telescópio; obrigue-os a qualquer contato real com um trabalhador — coloque-os para brigar com um estivador bêbado sábado à noite, por exemplo — e eles irão voltar, de quatro, para o típico esnobismo da classe média.”

O segundo destaque vai para Os anjos e sua missão segundo os Padres da Igreja, de Jean Daniélou, publicado pela Ecclesiae. Segundo o autor, só se pode falar adequadamente sobre os anjos em concordância com a Tradição cristã, primeira intérprete das Escrituras. São justamente os Padres da Igreja as testemunhas privilegiadas deste estudo, a quem o Cardeal Daniélou, grande conhecedor de sua obra e pensamento, dá voz com discernimento e clareza. O enfoque dos Santos Padres, nas circunstâncias de seu tempo, não foi tanto a natureza dos anjos quanto seu papel na economia da salvação. E é desse papel, dessa missão, que desgraçadamente muito nos esquecemos, embora os maiores dentre os homens de Deus tenham vivido familiarmente com esses seres celestiais, nossos grandes e santos irmãos. Esta obra nos servirá de auxílio para aprendermos a amá-los, imitá-los e ter com eles um diálogo constante, a fim de pedir-lhes sua pressurosa assistência em todas as situações, principalmente para nosso progresso na virtude e a salvação das almas.

Leia um trecho do prefácio escrito por Dom Athanasius Schneider:

“Os anjos, com sua própria existência, apresentam um apelo muito poderoso à Igreja para que se volte para a eternidade, para o mundo invisível que nos espera. Aqui na terra, pela vida da graça e pelos sacramentos, e em primeiro lugar pela Sagrada Eucaristia, já antecipamos a vida eterna na Nova Jerusalém. Lá seremos uma comunidade feita de homens e anjos – uma família de Deus, composta por todos os que pertencem a Cristo e ao seu Corpo Místico, como diz Santo Tomás de Aquino […] Portanto, devemos agora começar a praticar e viver esta realidade aqui na terra, rezando conscientemente, trabalhando por Cristo com nossos irmãos e companheiros celestiais, os Santos Anjos. Eles são nossos companheiros e exemplos na adoração ao Senhor, na homenagem a Ele, na adoração da Eucaristia. Eles são nossos melhores companheiros em nosso caminho para o céu.”

Outros lançamentos

Pela Sétimo Selo, A sabedoria do Padre Brown, de G.K. Chesterton.O livro reúne 12 contos em que o Padre Brown enfrenta novos crimes e mistérios que põem à prova suas habilidades investigativas: desde corrigir as deduções de um eminente criminólogo até absolver um homem que foi falsamente acusado de assassinato. Neste segundo volume da famosa série policial do autor, reencontramos este curioso e desajeitado padre que, graças ao seu bom senso e ao olhar poético e místico com que vê o mundo, se revela um detetive imbatível em reconhecer e enfrentar o mal, para garantir que os culpados sejam levados à justiça, mas acima de tudo para salvar suas almas.

Pela Kírion, Introdução à sabedoria, de Juan Luis Vives. O autor, que viveu no problemático século XVI e que dedicou a vida à busca da sabedoria e ao seu ensino, como preceptor e conselheiro, fala-nos por meio deste texto muito diretamente, como se falasse ao ouvido de seus alunos. Aqui, o leitor de todas as épocas encontra prescrições que parecem vir como que diretamente da fonte cristalina da sabedoria — conselhos úteis e diretos capazes de ordenar nossa vida tendo a sabedoria como fim, e que formam, muito facilmente, uma verdadeira regra de vida para o intelectual cristão, especialmente em tempos de crise histórica.

Pela Avis Rara, três lançamentos esta semana. O primeiro, Democracia em um país realmente livre, de Friedrich Hayek, é o terceiro volume da série Direito, Legislação e Liberdade, que vem sendo publicada pela editora para promover a obra completa do autor. O livro representa a tentativa mais ambiciosa de Hayek de expor em detalhes como seria a estrutura legal e política de uma sociedade ideal. Sugerindo alternativas aos movimentos antiliberais, incluindo um estado de direito em consonância com a liberdade individual, Hayek também demonstra que o projeto democrático corre sérios riscos de fracassar devido às confusões que se estabelecem entre democracia e igualitarismo.

O segundo lançamento da Avis Rara é 177 a.C. O ano em que a civilização entrou em colapso, de Eric H. Cline. A obra oferece ma viagem no tempo até o final do segundo milênio antes da era cristã: um período de grande prosperidade e desenvolvimento para as civilizações da Idade do Bronze, mas que chegou a um fim abrupto e desastroso em 1177 a.C., quando os misteriosos e temíveis “Povos do Mar” invadiram o Egito. Uma era de grande prosperidade da história humana, mas marcou dramático fim de um tempo. Prepare-se uma narrativa cheia de reviravoltas sobre os surpreendentes eventos que culminaram com o fim da Idade do Bronze.

O terceiro lançamento da editora, já anunciado aqui anteriormente quando em pré-venda, é O que não te contaram sobre o movimento antirracista, de Geisiane Freitas e Patrícia Silva. Analisando a narrativa hegemônica estabelecida pelo movimento antirracista contemporâneo, o livro tem a intenção de apresentar a verdade por trás de conceitos que não se sustentam com dados, com experiência, e nem têm produzido benefícios concretos à população que alardeia desejar defender. Este é um livro compacto, que visa a oferecer ao leitor o pontapé para o desenvolvimento de um pensamento crítico sobre os erros cometidos pelas ações desses movimentos e seus resultados pouco eficientes, e até mesmo prejudiciais, na luta contra o racismo.

Pela Madamu, Hércules em Fúria, de Sêneca. Edição bilíngue da clássica tragédia latina, o volume conta com tradução e notas de Luiz Quieriquelli, além de uma adaptação escrita em forma de uma novela contemporânea, feita pelo tradutor.

Pela Mondrongo, Contra as alheias terras, romance de estreia do diplomata Carlos Mendes Valença. Publicado sob pseudônimo, o livro descreve esta carreira de uma maneira ainda não havia sido explorada na literatura brasileira. O estilo é abertamente satírico e os episódios narrados são, por vezes, estapafúrdios, relatando os bastidores pouco conhecidos de uma embaixada do Brasil no exterior. A obra é desconcertante em vários aspectos.

Pré-venda

A QS Comics iniciou nesta semana a pré-venda de Ar-Men: o inferno dos infernos, de Emmanuel Lepage. Próximo à Ilha de Sein, Ar-Men emerge das ondas. Construído no século XIX, este farol mítico é apelidado de “O Inferno dos infernos”. Sua luz vigia os navios e os protege dos perigos do mar. São poucos os homens dispostos a ocupá-lo. Germain é um deles. Um faroleiro solitário que, na década de 1960, encontrou seu lugar no mundo. Enquanto enfrenta a fúria dos mares Germain nos conta histórias da Bretanha, região com forte influência celta. Mas um mistério ronda Germain… O que leva alguém a esconder sua própria história?

O volume conta com 30¢ de desconto durante o período de pré-venda e pode ser adquirido no site da editora.


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