LITERATURA丨Brasil e o futuro vermelho

Eric Cavalcante
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⚔Ampliando sua consciência estratégica 🏛Pós em Ciências Militares

Contém ironia

A posse foi um dia estranho. As nuvens estavam escuras e tudo era meio sem cor (inclusive as bandeiras coloridas). Os sorrisos eram cinzas e os céus pareciam não concordar com aquilo. Os eventos eram controversos. Os ditadores que antes não podiam ser relacionados ao PT estavam no palanque; o PCC, por algum motivo, comemorava; igrejas eram queimadas; militantes pichavam monumentos. Aconteciam esses e outros fatos tipicamente democráticos. Não muito diferente do que se esperava, foi registrado no dia o maior número de roubos de celular dos últimos 5 anos.

Feito o discurso inflamado da posse, saia a bola no campo chamado Brasil.

O começo foi relativamente surpreendente. O governo optou por manter algumas políticas econômicas da gestão anterior, o que alçou o país a patamares econômicos nunca antes alcançados (os liberais adoraram). Um tempo depois, o Ministro da Economia Fernando Haddad entrou num processo de fomentar demanda — foi uma festa, o brasileiro agora poderia parcelar até em 120 vezes, e os sistemas de endividamento, digo parcelamento tipo FIEs, voltaram a todo vapor com plano universidade para todos. O plano seguinte foi o chamado 1000 garantias, por meio do qual o governo alcançaria o número de 1000 estatais para garantir os serviços essenciais aos mais necessitados. Junto a este, viria também a retomada do projeto “o petróleo é nosso”, com o qual se buscava novamente a autonomia do Brasil em relação a combustíveis fósseis. Com essas medidas, o povo ficou satisfeito.

A grande mídia, em especial a Globo, fazia questão de separar metade do tempo de seus jornais para elogios ao atual governo. A emissora estava bem, cada dia anunciando novas contratações, voltando ao topo da audiência. A Classe artística também não tinha do que reclamar, principalmente após as contas da Lei Rouanet entrarem no antes ultrajado orçamento secreto. A justificativa era que “proteger o orçamento da cultura é proteger o artista; proteger o artista é proteger a cultura”, frase que virou até slogan da Ministra da Cultura Daniela Mercury. Mas de vez em quando ainda escapavam alguns “gastos culturais”, com quando o governo promoveu um evento em que presenteou os artistas que mais lutaram pela democracia: Anitta, Felipe Neto, Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso e até Maria Flor ganharam 01 jatinho particular cada um, singela lembrança que, segundo o Presidente, “não era nada diante da bravura desses guerreiros e guerreiras”.

Mas nem tudo eram flores e o paraíso não estava instituído para todos.

Enquanto ninguém via (ou via e não ligava), o novamente ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou que o Brasil precisava de uma Força Democrática armada devido à influência do Fascismo dentro das Forças Armadas regulares. Então, decidiu-se criar a Guarda Democrática. O efetivo e orçamento destinados à Guarda já equivale a metade do efetivo do Exército, mas recebe orçamento igual, principalmente destinado a armamentos e equipamentos. A notícia foi apenas citada no Jornal Nacional como algo sem a menor importância (era época de Big Brother, ninguém estava ligando).

Não demorou muito até Lula começar a agir. Com idade avançada, o sonho de ser um ditador pulsava forte no coração do ex-presidi… operário. No campo econômico, o Brasil tinha boa performance inicialmente, pois ainda precisava cumprir sua função dentro do esquema socialista Sul-americano (sustentar outras ditaduras, o que enganou tantos liberais por algum tempo). Entretanto, no campo das liberdades individuais. a dobradinha Executivo e Judiciário mostrou as garras bem cedo. O governo criou o Ministério da ordem informacional e baixou o decreto de combate às informações perigosas. O sistema era simples: havia um teto de pontuação para que contas em redes sociais ou programas midiáticos pudessem se manter no ar, como uma carteira de motorista. As transgressões iam de leve a gravíssima e o excesso de pontos poderia bloquear redes sociais, plataformas ou sites. Jovem Pan, Brasil Paralelo, Gazeta do Povo, Brasil Sem Medo, entre outros tiveram suas contas cortadas retroativamente, por delitos anteriores. Até o Antagonista e alguns veículos de centro-esquerda foram censurados. Sabe como é, a Revolução Francesa era aplaudida como a luta pela liberdade enquanto matava reis e padres, até que cortaram a cabeça de Danton.

O Ministério da Educação tem dois objetivos principais: a educação sexual das crianças e a proibição do que chamaram de contra-educação, ou educação tóxica da população. Numa ação conjunta com o Ministério da Ordem Informacional, passaram a proibir alguns livros e cursos e o homeschooling foi enquadrado como prática criminosa.

O MST e o MTST estavam batendo recordes em invasões. Não poderia ser diferente com Boulos na Infraestrutura e Stédile na Agricultura. As guerras no campo eram frequentes. Lógico que a culpa não foi atribuída aos invasores, mas sim aos agrofascistas que viviam armados e não deixavam os invasores ocuparem a “parte improdutiva da terra”. Isso gerou um novo decreto limitando a posse de armas como um todo, além do Governo mandar fechar diversos clubes de tiro.

Voltando à economia, claro que esta não se sustentaria naquela batida. As más políticas econômicas somadas às recorrentes greves de caminhoneiros, agravadas pela diminuição da produtividade do agronegócio, foram fatores que levaram o setor a uma queda em espiral. Claro também que o PT afirmava que tais problemas ocorrem agora devido aos rombos deixados pelo governo Bolsonaro. Curiosamente, a situação econômica da Argentina, Venezuela e Nicarágua deram um salto qualitativo nos últimos anos.

O povo passa fome, as taxas de desemprego crescem, os juros a 20,5%, a gasolina a R$15,00/litro. As polaridades continuam, o povo fala da volta de Bolsonaro, os petistas dizem que a situação de calamidade em que o País se encontra é culpa do antigo governo por medidas populistas. O Governo anuncia que vai taxar o Pix para aumentar a arrecadação; a notícia surge com cara de gota d’água; as tensões entre apoiadores do governo e oposição aumentam; o povo vai às ruas de verde amarelo para protestar; a guarda democrática reprime brutalmente a manifestação; 10 deputados são presos; o STF proíbe o povo de usar verde amarelo em quaisquer tipo de aglomeração, sob pena de prisão por atos antidemocrático.

Você deve estar se perguntando o que aconteceu com o Congresso e o Senado que eram majoritariamente bolsonaristas. Talvez os 35 ministérios novos respondam à sua pergunta. Os mais resistentes se mantiveram heroicamente firmes (Ana Campgnolo, Damares Alves, Lucas Bove, Luiz Phileppe, Nikolas Ferreira, entre outros). Já os “surfistas da onda” não resistiram ao retorno do tal presidencialismo de coalizão.

Lula deixou claro que queria prender todos os ex-ministros do Governo anterior. General Pazuello foi o primeiro da lista; era o caminho mais fácil para o que parecia ser a obsessão de Lula: prender Bolsonaro.

Ele bem que tentou, mas não conseguiu. Bolsonaro hoje mora nos EUA; com a eleição de Donald Trump, parece que o plano petista terá que ficar para depois. Quanto aos outros Ministros, estão caindo pouco a pouco. Lula tem pressa; a cúpula do PT, nem tanto — pressa é uma coisa que Zé Dirceu nunca teve.

No meio de toda essa tensão com o país em crise, Lula foi assassinado… mas até isso era mentira. Foi a saída mais honrosa que ele encontrou depois da PF descobrir que metade do PIB do País está em posse do novo Foro de São Paulo. A suposta morte do Presidente, acalmou os ânimos das investigações sobre o escândalo, mas ele foi visto ao lado de Maduro e continua participando do Foro de São Paulo (tem vídeo dele chefiando a reunião). Os Petistas dizem que ele é um herói que morreu na luta contra o fascismo e que a hipótese de ele estar vivo era teoria da conspiração. Alckmin deveria assumir, mas não foi o caso. O STF decidiu que, em caso de morte do Presidente, deve haver eleições indiretas dentro de seu partido, para que seja escolhido um representante coerente com a vontade do povo. Agora Gleisi Hoffmann governa o país. Em seu primeiro discurso, acabou de afirmar que novas eleições só prejudicariam o País e que o Brasil vai decolar, pois agora uma mulher levará o legado de Lula adiante.

Leitor, eu queria acreditar que tudo isso é impossível, porém estou aqui lendo e rindo de nervoso. Mas não se preocupe, se você votou em branco ou nulo, você não fez parte de nada disso.

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