Ele não foi o inventor do telescópio, mas foi o primeiro a apontá-lo para o céu
No longínquo 15 de fevereiro de 1564, no Ducado de Florença, na Itália, nasceu Galileu Galilei. Ele foi um dos principais responsáveis pela consolidação da nova imagem da Ciência no contexto do Renascimento. Objetivamente, sua maior contribuição ao novo paradigma do conhecimento fora, sem dúvida, no âmbito da matematização da realidade. Mas, não só. Galileu é o responsável pela melhoria de um sem-número de instrumentos de observação astronômica.
Ele não inventou o telescópio, mas foi provavelmente o primeiro a entender a importância de se apontar o instrumento para o céu. Em 1610, da janela de sua casa, Galileu começou a estudar detalhadamente a Lua, as luas de Júpiter e as fases de Vênus. 300 anos antes dos passos inicias da astrofotografia, o curioso ancião italiano compôs, de próprio punho, os primeiros desenhos da superfície irregular da Lua.
O satélite natural da Terra não é um espelho polido, mas um corpo celeste ferido por inumeráveis cicatrizes — as crateras — que se espalham por toda a extensão da sua superfície. O Sol, o astro-rei, também não é perfeito. Galileu descobriu, não sem arriscar a sua própria visão, que o luminar maior também tem as suas deficiências. Numa tarde, algumas semanas depois de concluir os desenhos da Lua, o primeiro astrônomo amador da História descobriu as manchas solares. Suas descobertas astronômicas foram publicadas num livreto sob o título de Sidereus Nuncius, o Mensageiro das Estrelas, em 1610.
Galileu tinha por volta dos seus 45 anos quando construiu a sua primeira luneta, e passou as próximas três décadas de sua vida queimando as retinas em observações astronômicas que vararam incontáveis madrugadas. A conta, embora tarde, finalmente chegou: Galileu Galilei ficou cego. Algumas cartas do velho cientista foram preservadas, em alguns trechos a tristeza do ancião em função da perda do sentido da visão são tocantes.
O Papa Urbano VIII fora seu amigo pessoal. De fato, o cientista fora alvo da Santa Inquisição, mas há um emaranhado de confusão a esse respeito, podemos abordar o assunto numa matéria futura. Se os leitores quiserem que falemos sobre o julgamento de Galileu Galilei no Tribunal do Santo Ofício, digam nos comentários.
Com informações de Sobel Dava, A filha de Galileu, Um relato biográfico de ciência, fé e amor, Cia das Letras, 1ª edição, São Paulo, 2000; e Smith Wolfgang, A sabedoria da antiga cosmologia, Vide Editorial editora, 1ª edição, Campinas, 2017.
“O céu, a terra, o universo que aumentei milhares de vezes além dos limites conhecidos dos séculos passados com observações e deduções, tudo ficou reduzido a uma treva que não vai além dos confins do meu próprio corpo”.
— Trecho de uma carta de Galileu, já cego, a um amigo, 2 de janeiro de 1638
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Sim, seria um tema muito interessante de se ler. Santa Inquisição.
Por favor, escreva sobre o processo de Galileu!
Em breve publicaremos sobre o tema, Marco Aurélio, obrigado pelo interesse.