HOJE NA HISTÓRIA | Nasce Galileu Galilei

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Ele não foi o inventor do telescópio, mas foi o primeiro a apontá-lo para o céu

No longínquo 15 de fevereiro de 1564, no Ducado de Florença, na Itália, nasceu Galileu Galilei. Ele foi um dos principais responsáveis pela consolidação da nova imagem da Ciência no contexto do Renascimento. Objetivamente, sua maior contribuição ao novo paradigma do conhecimento fora, sem dúvida, no âmbito da matematização da realidade. Mas, não só. Galileu é o responsável pela melhoria de um sem-número de instrumentos de observação astronômica.

Galileu mostra a um nobre de Veneza como usar o telescópio (afresco de Giuseppe Bertini)

Ele não inventou o telescópio, mas foi provavelmente o primeiro a entender a importância de se apontar o instrumento para o céu. Em 1610, da janela de sua casa, Galileu começou a estudar detalhadamente a Lua, as luas de Júpiter e as fases de Vênus. 300 anos antes dos passos inicias da astrofotografia, o curioso ancião italiano compôs, de próprio punho, os primeiros desenhos da superfície irregular da Lua.

Ilustrações da Lua feitas por Galileu em Sidereus, Nuncius, publicado em Veneza em 1610

O satélite natural da Terra não é um espelho polido, mas um corpo celeste ferido por inumeráveis cicatrizes — as crateras — que se espalham por toda a extensão da sua superfície. O Sol, o astro-rei, também não é perfeito. Galileu descobriu, não sem arriscar a sua própria visão, que o luminar maior também tem as suas deficiências. Numa tarde, algumas semanas depois de concluir os desenhos da Lua, o primeiro astrônomo amador da História descobriu as manchas solares. Suas descobertas astronômicas foram publicadas num livreto sob o título de Sidereus Nuncius, o Mensageiro das Estrelas, em 1610.

Lunetas originais de Galileu em exibição em Florença

Galileu tinha por volta dos seus 45 anos quando construiu a sua primeira luneta, e passou as próximas três décadas de sua vida queimando as retinas em observações astronômicas que vararam incontáveis madrugadas. A conta, embora tarde, finalmente chegou: Galileu Galilei ficou cego. Algumas cartas do velho cientista foram preservadas, em alguns trechos a tristeza do ancião em função da perda do sentido da visão são tocantes.

Túmulo de Galileu na Basílica de Santa Cruz, Florença

O Papa Urbano VIII fora seu amigo pessoal. De fato, o cientista fora alvo da Santa Inquisição, mas há um emaranhado de confusão a esse respeito, podemos abordar o assunto numa matéria futura. Se os leitores quiserem que falemos sobre o julgamento de Galileu Galilei no Tribunal do Santo Ofício, digam nos comentários.


Com informações de Sobel Dava, A filha de Galileu, Um relato biográfico de ciência, fé e amor, Cia das Letras, 1ª edição, São Paulo, 2000; e Smith Wolfgang, A sabedoria da antiga cosmologia, Vide Editorial editora, 1ª edição, Campinas, 2017.


“O céu, a terra, o universo que aumentei milhares de vezes além dos limites conhecidos dos séculos passados com observações e deduções, tudo ficou reduzido a uma treva que não vai além dos confins do meu próprio corpo”.

Trecho de uma carta de Galileu, já cego, a um amigo, 2 de janeiro de 1638

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