FILOSOFIA INTEGRAL | Eficiência na Democracia

Todos aprendemos que a democracia é o melhor dos sistemas de governo. Louvamo-na como a forma ideal de se organizar a política de um país. Falar contra a democracia transforma a pessoa num anátema.

Diante disso, é natural esperarmos que um governo democrático seja, no mínimo, eficiente. Se ele está inserido no melhor sistema político que existe, é compreensível que aguardemos que suas ações também sejam as melhores.

No entanto, logo percebemos que os governos democráticos se mostram, quase sempre, bastante ineficientes. Parece que, para eles, tudo é muito difícil de se realizar.

Diante dessa constatação, não é incomum praguejarmos não apenas contra o governo, mas contra a própria democracia. Alguns de nós chegam inclusive a questioná-la e a flertar com sistemas menos liberais, onde, pelo menos, o governo faz o que se propõe a fazer, sem muitos obstáculos.

O que é preciso entender, porém, é que a democracia não foi feita para ser eficiente. Pelo contrário! Sua função é ser um sistema de contenção. Isso quer dizer que ela existe para impedir a concentração de poder, diluindo-o pelas diversas instituições do Estado.

Para conter a ânsia de poder, porém, toda democracia precisa desenvolver ferramentas que, por meio de constantes ratificações e revisões, dificultem o exercício governamental. E quanto mais destas ferramentas, mais pujante a democracia é considerada.

Obviamente, ferramentas de contenção de poder tornam o sistema democrático excessivamente burocrático e, por consequência, faz com que, nele, o governo tenha a tendência a ser ineficiente.

Na verdade, o único aspecto pelo qual uma democracia deveria ser julgada é pela liberdade que ela assegura aos seus cidadãos. Inclusive, quando impede a concentração de poder, é isso que ela está buscando. Para tal, porém, muito do ímpeto governamental precisará ser contido e, com isso, também sua capacidade de realização.

Portanto, ao notar a ineficiência de um governo, antes de reclamar da democracia, é sempre bom relembrar que boa parte disso é proposital, como efeito da necessidade de conter o livre-arbítrio do governante. Afinal, uma democracia não foi criada para ser eficiente, mas principalmente para impedir a tirania.

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