DOSE DE FÉ | Regina

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Torturada e assassinada por seu amor a Cristo, Santa Regina carrega uma das marcas mais notáveis dos mártires da Igreja Primitiva: a conversão de milhares por seu exemplo de fidelidade em meio ao sofrimento

Hoje é dia de Santa Regina, virgem e mártir.

Regina viveu no século II, na região de Burgundy, na França. Sua família, rica, era pagã, mas sua mãe alimentava simpatia pelos cristãos. Quando ela era ainda muito nova, sua mãe morreu, e a pequena passou a ser educada por uma empregada da casa, que era cristã.

Quando o pai de Regina descobriu que ela estava sendo educada por uma cristã, demitiu a empregada e simplesmente expulsou a filha de casa. A pequena, adotada pela ex-empregada, foi morar com sua família em um bairro pobre da cidade.

Regina tornou-se pastora de ovelhas e, quando jovem, tinha uma extraordinária beleza. Por isso, foi pedida em casamento pelo prefeito da cidade, uma pagão anticristão chamado Olíbrio. Ao ser recusado por ela, resolveu vingar-se.  

Regina foi presa acusada de desacato a autoridade e bruxaria. O prefeito ordenou que ela fosse torturada até que renegasse sua fé em Cristo, e queimasse incenso aos ídolos pagãos. A jovem foi açoitada, esfolada, e teve suas unhas arrancadas. Depois, jogada na prisão, foi milagrosamente curada. Na prisão, sem água ou comida por dias, Regina teve uma visão da Cruz de Nosso Senhor, de onde saía uma voz que a consolou, dizendo que em breve ela seria libertada.

Quando Olíbrio encontrou a jovem curada na prisão, mandou tortura-la novamente, deste vez sendo queimada com tochas nas laterais de seu corpo. Depois, mandou crucificá-la, obstinado, para que ela renegasse sua fé. Por fim, mandou decapitá-la. Pouco antes da decapitação, no entanto, uma pomba branca pousou sobre a cabeça de Regina, e nada do que o carrasco fizesse conseguia expulsá-la. Muitas pessoas, vendo naquilo um sinal, pediram clemência ao prefeito, mas ele foi irredutível, e, finalmente, a promessa de libertação feita à jovem cumpriu-se. Santa Regina partiu para a vida eterna ao lado de Nosso Senhor.

Tanto diante do milagre da cura de Santa Regina, como da pomba sobre sua cabeça, ou de sua firmeza e sua fidelidade a Cristo em meio a tão horríveis torturas, muitos pessoas se converteram. De fato, essa acaba se revelando uma das principais marcas dos mártires cristãos: convertem por seu exemplo de sacrifício e fidelidade. E em todos os tempos há aqueles que se convertem diante da Verdade, e a abraçam, e os que a recusam a aceitá-la, como o fez Olíbrio. Esta é a liberdade que Deus, em Seu infinito amor por Seus filhos, nos dá. Que tenhamos sabedoria e força para abraçar esse amor e essa Verdade, por mais dolorosos que possam vir a ser, como o foram a Santa Regina – mas lembremos, por seu exemplo: depois da dor, vem a vida eterna.

Santa Regina, rogai por nós!

 

A Santa Sina de Regina

 

Regina, uma pastora bela e fiel

a Nosso Senhor Cristo, certo dia

recebeu do prefeito um áureo anel,

 

pois para sua esposa a pretendia.

Como ele era um pagão, ela negou,

e o prefeito, tomado de ira impia,

 

de pronto encarcerá-la então mandou.

Permaneceu Regina firme e forte,

e nenhuma chantagem aceitou.

 

O prefeito, querendo-a pra consorte,

porém em seu orgulho machucado,

decretou à pastora horrível sorte:

 

teve a pobre o seu corpo chicoteado,

sua pele foi toda lacerada,

e ainda comandou o degenerado

 

que as suas unhas fossem arrancadas.

Quase morta foi posta na prisão,

mas milagrosamente foi curada,

 

e recebeu da Cruz uma visão,

e uma voz lhe falou: “Logo estarás

liberta desta triste provação,

 

e da Alegria Eterna gozarás.”

De joelhos Regina agradeceu,

e, recomposta, foi dormir em paz.

 

Quando o prefeito viu o que sucedeu,

com Regina curada e mais bonita

que nunca, ainda mais se enfureceu,

 

e, tomado de cólera cainita,

ordenou que ela fosse chamuscada,

e no furor de sua alma incontrita,

 

mandou que fosse, então, crucificada.

A toda atroz tortura resistiu

Regina, e ao ver que não lograra nada,

 

o possesso prefeito decidiu

mandar decapitá-la, enfim vencido.

O povo todo, atônito, assistiu

 

morrer a moça, e muitos convertidos

naquele dia foram por Regina,

que viu enfim cumprir-se o prometido

 

pela Cruz sobre a sua Santa Sina.


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