DOSE DE FÉ | Maximiliano Maria Kolbe

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Fundador da Milícia da Imaculada, São Maximiliano Maria Kolbe entregou sua vida para salvar um pai de família no campo de concentração de Auschwitz

Hoje é dia de São Maximiliano Maria Kolbe, mártir.

Nascido na Polônia, em 1894, chamava-se Raimundo, e era filho do operários pobres, mas ricos na fé. Aos 12 anos, teve uma visão de Nossa Senhora, que lhe ofereceu duas coroas de rosas, que ele receberia se bem obedecesse a devoção mariana: uma com as flores brancas, representando a pureza, e outra com vermelhas, representando o martírio. O menino escolheu ambas.

Aos 13 anos, o pequeno Raimundo ingressou no Seminário dos Frades Menores Conventuais Franciscanos, onde confirmou sua vocação para a vida religiosa. Ainda estudante, em 1917 manifestou sua devoção à Virgem Santíssima quando fundou a Milícia da Imaculada, uma associação pública de fiéis destinada ao apostolado católico e mariano, cujo ideal é “conquistar o mundo inteiro por meio da Imaculada”.

Em 1918, o jovem Raimundo foi ordenado sacerdote. Foi então que mudou seu nome para Maximiliano Maria, em homenagem a São Maximiliano, mártir do século II, e a Nossa Senhora. Em 1919, após doutorar-se em Teologia, voltou para a Polônia e foi lecionar no Seminário de Cracóvia. Havia um ano que já sofria de tuberculose, doença que o acompanhou até o fim da vida.

Em 1922, com pouquíssimo dinheiro, Padre Maximiliano abriu uma pequena tipografia e ali criou e fundou uma revista católica, a Rycerz Niepoklanej (“O Cavaleiro da Imaculada”), publicação dedicada a Nossa senhora, existe até hoje em versão digital. As tiragens começaram modestas, mas cresceram exponencialmente em muito pouco tempo. Depois, criou um periódico semanal, uma revista para crianças e outra para sacerdotes. As tiragens começaram pequenas e, em pouco tempo, eram milhares (a Rycercz Niepoklanej chegou a bater a tiragem de um milhão de exemplares). Além disso, fundou também uma emissora de rádio, a Imaculada Conceição, que potencializou ainda mais seu apostolado.

Ainda na década de 20, o incansável frei fundou, perto de Varsóvia, uma sede apostólica chamada Niepokalanów (a Cidade de Maria), onde passaram a ser editados a Rycercz Niepoklanej e 17 outros periódicos menores, e onde ele fundou dois seminários (pois um só não abraçaria o número de interessados em seguir o apostolado da Imaculada).

Nos anos 30, frei Maximiliano estendeu sua missão apostólica até o Japão, onde fundou, em Nagazaki, o convento franciscano Mugenzai-no-sono (Jardim da Imaculada). Quando a cidade foi arrasada pela bomba atômica em agosto de 1945, o Mugenzai-no-sono permaneceu em pé.

Martírio em Auschwitz

No final da década de 30, Maximiliano estava de volta à Polônia, dirigindo a formação de novos franciscanos. Em 1939, quando os nazistas invadiram seu país, foi preso pela primeira vez, sendo liberado pouco depois. Em 1941, prenderam-no de novo, e ele foi transferido para o campo de concentração de Auschwitz.

Em agosto daquele mesmo ano, dez prisioneiros foram sorteados para serem mortos, como punição exemplar por uma fuga. Entre eles, estava Francisco Gajowniczek, um pai de família que implorou por sua vida. São Maximiliano ofereceu-se para tomar o lugar de Francisco, o que foi consentido pelo comandante alemão. O frei e os outros prisioneiros foram deixados por duas semanas em uma câmara, para que morressem por inanição. Durante o período em que estiveram presos, Kolbe consolava seus companheiros com cânticos e orações. Quando os nazistas abriram a câmara, no dia 14, apenas ele e mais três ainda estavam vivos. Foram então mortos com injeções letais.

Logo após a Guerra iniciou-se o movimento de canonização de São Maximiliano Maria Kolbe. Em 17 de outubro de 1971, foi beatificado por Paulo VI. Em 10 de outubro de 1982, foi canonizado por São João Paulo II, que o declarou “Mártir da caridade” e “Padroeiro do difícil século XX”. Por seu apostolado e seu martírio, ele também é Padroeiro da imprensa[1] e dos presos políticos.

São Maximiliano Maria Kolbe é daqueles santos que encontraram a perfeição beatifica. As palavras que melhor o definem, e que fazem estes santos, são Amor e Sacrifício. Foi este o eixo de toda a sua jornada neste mundo. O Santo frade franciscano se fez santo ainda na infância, quando amorosamente aceitou as duas coroas que a Mãe de Deus lhe ofereceu, e assim prosseguiu em cada momento da vida que levou em honra a Ela e a Nosso Senhor Jesus Cristo. Seu martírio foi o coroamento supremo dessa santidade. À imitação de Nosso Senhor, ele entregou sua vida em nome do amor incondicional a Deus na figura de um irmão sofredor. Com esse amor foi que tomou para si a Coroa Vermelha da Virgem Imaculada.

São Maximiliano Maria Kolbe, rogai por nós!

 

Os dois Lauréis

 

Maximilian, quando ainda era menino,

foi visitado pela Mãe do Céu,

que lhe ofertou um púrpuro laurel,

e um outro, de matiz alabastrino.

 

Seguro, quis os dois o pequenino,

e o branco desde logo usou fiel

sua vida afora, até provar o fel

a que fora empenhado o seu destino,

 

quando também tomou o carmesim:

sua vida ofereceu por outro irmão,

e à imitação de Cristo foi seu fim,

 

coroado com o duplo galardão

que lhe ofertara a Mãe Imaculada

a quem sua vida fora consagrada.


[1] Aqui no Brasil, é Padroeiro de nossos amigos do Jornal Brasil Sem Medo.


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