Martirizada aos 13 anos, Santa Inês é símbolo de pureza e amor sacrificial
Hoje é dia de Santa Inês, virgem e mártir.
De família nobre, nascida em Roma, em 291, Inês descobriu logo cedo sua vocação e consagrou-se como virgem de Cristo aos 12 anos. Aos 13, devido à sua beleza, tinha muitos pretendentes, sendo o mais poderoso deles o jovem Fúlvio, filho de Simprônio, prefeito de Roma. Encantado por Inês, Fúlvio pediu-a formalmente em casamento e, diante de sua recusa, denunciou-a como cristã.
Simprônio tentou convencer Inês a renegar sua fé primeiro com palavras doces e, depois, com ameaças. Deu à jovem duas opções: prestar culto a Vesta ou ser exposta em um prostíbulo. Diante da corajosa recusa de Inês, o prefeito de Roma cumpriu a ameaça, condenando-a a ser exposta em um prostíbulo no Circo Agnolo.
A condenação contra a virgem adolescente, no entanto, não estava nos planos de Deus: assim que exposta, Inês foi protegida por seu cabelo, que cresceu a ponto de cobrir sua nudez, e por uma luz intensa que não permitia que os homens se aproximassem dela. O primeiro que tentou, ficou cego e, depois que Inês orou por ele, recuperou a visão e se converteu. Isso aconteceu com vários outros. O próprio Fúlvio tentou assediá-la, mas foi fulminado pelo anjo que protegia a jovem, cuja oração o trouxe de volta à vida, convertido. Por causa destes milagres, no lugar onde era o prostíbulo foi erigida a Basílica de Santa Inês.
Diante de tais prodígios, Simprônio preferiu “lavar as mãos” e entregar a custódia de Inês ao vice-prefeito de Roma Aspásio, que, muito mais cruel e impiedoso, mandou queimá-la. As chamas, no entanto, não a atingiram, mas se separaram e mataram vários dos soldados que a circundavam. Inês passou por vários outros suplícios, como ser esticada em uma roda de tortura, mas nada parecia afetá-la, e a jovem continuava tranquila a louvar a Deus. Por fim, Aspásio ordenou que a decapitassem. Era 21 de janeiro de 317. Seu crânio, hoje, encontra-se na Igreja de Santa Inês em Agonia, na Praça Navona, em Roma.
A aparição de Inês a seus pais
Oito dias após sua morte, seus pais choravam desconsolados sobre seu túmulo. Então, a menina apareceu, cercada por várias outras virgens, e os consolou com as seguintes palavras: “Não chorem minha morte, ao contrário, rejubilem-se comigo e felicitem-me por eu ocupar um trono de luz com todas as que aqui estão.” Isso os alegrou e os encorajou a perseverar na fé.
A imagem de Santa Inês
Na aparição a seus pais, Santa Inês trazia consigo um lírio, que é símbolo de pureza, e um cordeirinho, que simboliza o amor sacrificial de Jesus. Esta foi a imagem que se consagrou da santa. É interessante pensar que Inês, em grego, significa “pura”, e, em latim, remete a “agnus”, que significa “cordeiro”. São José de Anchieta, notório devoto de santos mártires, compôs a Santa Inês seu poema mais célebre, em que o santo jesuíta se refere a ela como “Cordeirinha”.
Modelo de jovem cristã que desde a adolescência deseja se consagrar a Cristo, Santa Inês é invocada como protetora da castidade feminina. Que ela possa proteger nossas meninas contra os ataques do maligno sobre o mundo em suas mais diversas e perversas ideologias.
Santa Inês, Cordeirinha de Deus, rogai por nós!
O martírio da Cordeirinha
Aos doze anos, Inês, a Cordeirinha,
se consagrou a Deus Nosso Senhor,
e quando treze aninhos ela tinha,
apaixonado por seu esplendor,
o jovem Fúlvio, todo-poderoso,
a ela declarou o seu amor.
Porque foi rejeitado, rancoroso,
por ser cristiana, o jovem a entregou
a seu pai, o prefeito prestigioso
que Inês a renegar seu Deus tentou,
por meio de ameaças e temores,
mas nada disso à jovem alarmou.
Apossado de sórdidos furores,
suas piores ameaças valer fez,
e a um circo de lúbricos horrores
enviou o prefeito a pobre Inês.
Porém, por santos anjos protegida,
sequer se pôde expor a sua nudez,
e a jovem, por sagrada luz ungida,
cegou a todos que se aproximaram,
e com suas visões restituídas,
também todos a Cristo se entregaram,
e mais ninguém ousou assediá-la.
No entanto, quando a Fúlvio relataram
a história, ele não creu, e desafiá-la
quis o fidalgo, e, cético e descrente,
arremeteu-se à jovem, e ao tocá-la
por um raio foi morto incontinenti.
Ao ver o pobre Fúlvio fulminado,
e seu pai a chorar copiosamente,
com seu coraçãozinho apiedado,
orou Inês a Deus e, grande susto,
o jovem fez nascer ressuscitado,
e o pai, no entanto, ingrato e assaz astuto,
a custódia da jovem transferiu
a um assistente seu, que, resoluto,
ao fogo condená-la decidiu.
No entanto, quando posta na fogueira,
o mínimo calor sequer sentiu
das chamas, que arrasaram toda e inteira
a corja dos carrascos que a acenderam,
e muitos mais suplícios à Cordeira
tentaram aplicar, mas não valeram,
até que o vil propósito lograram,
quando decapitá-la resolveram,
e a Cordeirinha Santa ao Céu enviaram.
A aparição de Inês
Oito dias depois que Inês morreu,
choravam-na seus pais desconsolados,
e foram de surpresa arrebatados
quando a luzir a filha apareceu
e suas mágoas todas consolou,
a pedir que com ela se alegrassem
e que no amor de Cristo de fiassem,
e animados, enfim, ela os deixou,
retornando, pra sempre iluminada,
à sua eterna celestial morada.
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