DOSE DE FÉ | Francisco de Paula

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Fundador da Ordem dos Mínimos, São Francisco de Paula operou milagres os mais diversos desde a infância

Hoje é dia de São Francisco de Paula, eremita.

Tiago e Viena, seus pais, eram camponeses em Paula, na Calábria, e, com dificuldades para ter um filho, fizeram uma promessa a São Francisco de Assis, de quem eram devotos, e foram atendidos: Francisco foi o primeiro de seus três filhos, nascido em 27 de março de 1416. No entanto, ele nasceu com uma infecção no olho que lhe ameaçava a visão, e nova promessa foi feita: caso fosse curado, os pais comprometiam-se a vesti-lo com o hábito franciscano e deixá-lo em um convento da Ordem tão logo a idade o permitisse.

O pequeno Francisco foi curado e, aos 12 anos, os pais o enviaram para o Mosteiro de São Marcos, onde permaneceu por dois anos e onde já dava provas de sua santidade. Não obstante a disposição dos monges em conservá-lo por lá, ele se sentia chamado a outra missão, e voltou para casa dos pais.

Aos 14 anos, após uma peregrinação aos locais santos em Roma, Assis, Loreto e Monte Cassino, Francisco sentiu-se chamado para a vida de eremita quando passaram pelo mosteiro fundado por São Bento. Com autorização dos pais, retirou-se para viver em uma gruta no deserto, onde vivia em oração, contemplação e jejuns, os quais ele chamava de Quaresmas. Com o tempo, em torno de sua gruta, foram se juntando discípulos, e uma comunidade eremítica passava a se formar por ali.

Em um de seus momentos de oração, Francisco foi visitado pelo Arcanjo São Miguel, que lhe entregou um ostensório em que havia inscrita a palavra “Caridade”. Ele associou essa palavra a outras duas que constituíam o lema de sua existência, “humildade” e “penitência”, e passou a alimentar a ideia da fundação de uma Ordem. Assim, em 1435, quando Francisco tinha apenas 19 anos, o Papa Alexandre VI abençoava a fundação da Ordem dos Mínimos, cujos membros deviam viver em pobreza, sacríficos, jejuns e trabalho. Ele mesmo vivia no que chamava de Quaresma perpétua, alimentando-se frugalmente de oito em oito dias.

Francisco ergueu o primeiro mosteiro de sua Ordem na cidade de Paula, e depois fundou outros pela Calábria, na Sicília e também na França, para onde foi chamado pelo rei Luís XI. O monarca estava gravemente enfermo, mas o santo eremita, que tinha o dom da cura, explicou-lhe que não era sua missão curá-lo, mas prepará-lo para a salvação. Assim, assistiu-o em sua morte. O rei confiou ao santo seus próprios filhos, sobretudo o delfim e futuro rei Carlos VIII, que foi muito aconselhado por Francisco posteriormente. Ele também foi confessor e conselheiro espiritual da princesa Joana, que chegou a ser rainha por um breve período, e que, após a rejeição por parte de seu marido, Luís XII, ingressou na Ordem Terceira, e mais tarde viria a ser Santa Joana de Valois.

São Francisco de Paula era dotado de diversos carismas: tinha o dom da profecia (previu a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453), da cura (chegou a ressuscitar seu sobrinho Nicolas), expulsão de demônios em possessos, e da Palavra, pois, apesar de analfabeto, pregava com tanta sabedoria e propriedade, que convertia aos milhares.

O santo eremita faleceu na Sexta-Feira Santa de 1507, aos 91 anos. Seu corpo permaneceu incorrupto no Convento de Plessis, na França, até 1562, quando calvinistas o incendiaram, em um episódio que ficou conhecido como sua “segunda morte”. Foi canonizado por Leão X em 1519, e em 1943 foi declarado Padroeiro dos marinheiros e dos casais que desejam engravidar, devido a seus inúmeros milagres de curas de ventres inférteis.

São Francisco de Paula, rogai por nós!

 

Episódios da vida e morte de São Francisco de Paula

 

I – Infância

 

Quando um casal calabrês

a São Francisco empenhou

sua palavra por um filho,

um Francisco se gerou.

 

A pobre criança, no entanto,

ao mundo veio doente,

e o piedoso casal

fez promessa novamente,

 

e assim o jovem Francisco,

da enfermidade curado,

aos doze aninhos de idade

foi a um mosteiro enviado.

 

Muito milagre o pequeno

operou já no mosteiro,

como quando não ardeu

ao encostar num braseiro.

 

II – Adolescência

 

O adolescente Francisco,

no entanto, não quis ficar

no mosteiro, pois sentia

outra missão o chamar.

 

Assim, quando aos quatorze anos,

visitou Monte Cassino,

por São Bento arrebatado

foi o piedoso menino,

 

e quando seus santos pais

deram autorização,

já com quinze anos de idade

foi viver como ermitão.

 

Ainda na adolescência,

visitou-o com São Miguel,

que ao jovem então levou

uma lembrança do Céu,

 

com o qual, determinado,

foi o Papa visitar,

e nisso, uma nova Ordem

de eremitas fez fundar.

 

III – Vida adulta

 

Milagres mil operou

este santo “pequeninho”,

e até mesmo reviveu

um seu querido sobrinho.

 

Homem de grandiosa fé,

por toda a Europa espalhou

sua santa Ordem, e até

reis e príncipes guiou,

 

com tanta sabedoria

e com caridade tanta,

que à França propiciou

uma outra Joana Santa.

 

IV – Mortes

 

Aos noventa e um partiu,

depois de obra tão notória,

para a Casa de Jesus,

gozar de Sua Eterna Glória.

 

Imaculado, no entanto,

seu corpo permaneceu,

até que, tempos depois,

uma revolta se deu,

 

e os bastardos revoltosos,

quando incorrupto o encontraram,

em vez de se converterem,

possessos o incendiaram.

 

Os biógrafos de Francisco,

dizem que, por esta sorte,

foi do santo calabrês

a sua “segunda morte”,

 

no entanto, do corpo só,

pois sua alma sempiterna,

vive, como acima dito,

com Cristo na Glória Eterna.


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