DOSE DE FÉ | Francisca Romana

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Santa Francisca Romana, além de ver, escutar e interagir com seus Anjos da Guarda, teve o privilégio de ter como protetores um Arcanjo e um Principado

Hoje é dia de Santa Francisca Romana, religiosa e Mística.

Nascida em 1384, em Roma, Francisca Busca Buxi de Leoni era de uma família nobre. Desde cedo levava uma vida de oração, recolhimento e penitência. Seu desejo era tornar-se freira, mas seu pai a havia prometido em casamento ao nobre Lourenço Ponciano, um cristão piedoso com quem teve seis filhos. O casal realizou diversas obras, sendo a maior delas o asilo-albergue-hospital em que transformaram a maior da suas propriedades.

Naquele tempo, a Igreja enfrentava tentativas de usurpação da Cátedra de Pedro por antipapas no chamado Cisma do Ocidente (1378 – 1417), o que fez de Roma palco de guerras, peste e fome, e ceifou a vida de três dos filhos de Francisca e Lourenço, que viria a ser ferido em batalha e feito prisioneiro com mais um dos filhos. Ela, ainda assim, prosseguiu com sua obra, vendendo quase todos seus bens para mantê-la. Foi nessa época que o povo deu-lhe o título de “Mãe de Roma”.

Após a morte do marido, em 1436, Francisca intensificou mais ainda seu trabalho junto aos pobres. Dos seis filhos, então, só havia sobrado um vivo. Depois que ele se casou, Francisca entregou o governo de sua casa à nora, que havia se convertido devido à sua influência. Fundou junto com outras viúvas de Roma a Ordem das Irmãs Oblatas Olivetanas de Santa Maria Nova, que posteriormente seria instituída com o nome de Congregação das Oblatas da Santíssima Virgem.

Francisca viveria apenas 4 anos entre as irmãs de sua Congregação, vindo a morrer em 9 de março de 1440, aos 54 anos de idade. Foi canonizada em 1608, quando recebeu o título de Santa Mística da Igreja.

Dons sobrenaturais

O título de Mística deveu-se a inúmeros dons sobrenaturais e carismas manifestados por Santa Francisca Romana. Além de ter realizado mais de 60 milagres em vida, por 42 anos ela pôde ver e interagir com alguns dos anjos que a acompanhavam como seus protetores: um Anjo da Guarda (9º Coro Celeste), um Arcanjo (8º Coro Celeste) e, nos últimos anos de vida, um Principado (7º Coro Celeste).

Há duas histórias interessantes envolvendo dois destes anjos. Em uma ocasião em que Francisca se encontrava com outras mulheres em uma sala, ocorreu uma conversa entre elas que não agradou a Deus. A santa sentiu-se mal, mas preferiu se calar a admoestar as companheiras. Imediatamente foi estapeada na cara por seu Anjo, para o espanto de todas. Em outra ocasião, seu neto, ainda bebê, tentado pelo diabo, chorava incessantemente. Francisca fez-lhe o sinal da Cruz na testa, orou e, pouco depois, as pessoas no quarto presenciaram a criança ir levitando até o berço, onde dormiu tranquilamente – na verdade, ela foi embalada pelo então Arcanjo protetor de Santa Francisca, que testemunhou o fato a seu confessor. Estes dois episódios inspiraram os poemas de hoje.

Santa Francisca Romana, rogai por nós!

 

O tapa angelical

 

Mulheres reunidas papeavam,

e Deus não gostou muito da conversa;

Francisca, incomodada, mas dispersa,

calou-se enquanto as outras fofocavam.

 

De repente, escutou-se um seco estalo

no rosto de Francisca, que encarnado

tornou-se, àquele instante, num só lado.

De fato, ali estivera a esbofeteá-lo

 

um anjo que Francisca só enxergava,

e enquanto questionavam-se as demais,

em meio a suas murmurações e ais,

que bruxaria ali se realizava,

 

Francisca, muito quieta e envergonhada,

ouvia de seu anjo a reprimenda:

“Olhaste o mal e aos olhos deste venda?

Quiseste, ante o pecado, estar calada?

 

Pois que te sirva sempre de lição

este angélico e ardido bofetão!”

 

A criança voadora

 

Pelo diabo tentado,

chorava a não mais parar

o netinho de Francisca,

muito inquieto e a espernear.

 

A vovó fez-lhe na testa

o sinal da Santa Cruz,

e uma prece dirigiu

a Nosso Senhor Jesus.

 

Para o espanto dos presentes,

levitou o bebezinho,

e dormindo ele voou

direto pro seu bercinho.

 

Francisca, no entanto viu

o que de fato se deu:

a “criança voadora”

fora obra do Arcanjo seu,

 

que, afugentando o diabo,

o pequenino acalmou,

pegou-o no colo e ao berço

bem tranquilo o transportou.


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