DOSE DE FÉ | Domingos Sávio

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

São Domingos Sávio entregou sua alma a Deus aos 14 anos, e teve sua breve, intensa e santa biografia registrada por seu mestre espiritual, São João Bosco

Hoje é dia de São Domingos Sávio, leigo.

Nascido no vilarejo de Riva, em Castelnuovo d’Asti, na Itália, em 2 de abril de 1842, Domingos pertencia a uma família humilde. Seu pai era ferreiro, e sua mãe, costureira. Desde muito cedo maduro na fé, recebeu a Primeira Eucaristia aos 7 anos de idade, quando o costume era recebê-la no mínimo aos 12. Nessa ocasião, estabeleceu seus propósitos de vida, que deixou registrados: “1) Confessar frequentemente e receber a Eucaristia quando o confessor permitir; 2) Santificar os dias de festa; 3) Ser amigo de Jesus e de Maria; 4) Antes morrer que pecar”. Esses quatro “pilares” guiaram o pequeno Domingos rumo à santidade.

Aos 12 anos, ingressou no Oratório de São Francisco de Sales, em Turim, onde conheceu São João Bosco, que viria a ser seu professor, mestre espiritual e, posteriormente, seu biógrafo. Tocado pelo carisma e pela obra de Dom Bosco com a Companhia da Imaculada Conceição, tornou-se seu principal ajudante.

São João Bosco relata que ainda na infância Domingos Sávio já se fazia um grande devoto. São inúmeros os registros de sua vida de sacrifícios e devoção. Antes mesmo de sua primeira comunhão, o menino ia à missa diariamente, fosse qual fosse o tempo. Chegava a ajoelhar-se em frente à igreja, debaixo de chuva ou neve, esperando pela Santa Missa. Quando ingressou no Oratório de São Francisco de Sales, passou a comungar diariamente. Exortava seus colegas à vida devota, e repreendia-os com a autoridade de um mestre espiritual quando necessário. Certa vez, flagrou alguns dos meninos com uma “revista de fotos ruins”, que rasgou, dizendo-lhes logo em seguida: Vocês sabem muito bem que um olhar é suficiente para manchar as vossas almas, e ainda assim festejam seus olhos com isso.” Ainda que tenha conquistado inimigos, influenciou muitos de seus contemporâneos e ajudou-os a encaminharem-se à salvação de suas almas.

Pequeno imitador de Cristo

São João Bosco conta que, certa vez, quando Domingos estava na escola primária em Mondonio, alguns de seus colegas encheram o fogão de aquecimento da sala de aula com neve e lixo (falta passível de expulsão) e o apontaram como culpado. Ele assumiu tranquilamente a culpa e aceitou a humilhação do castigo, ajoelhado diante de toda a classe. Seu professor, que sabia que ele não era culpado, quando perguntou-lhe por que havia aceitado tal injustiça, escutou a seguinte resposta:Jesus também foi acusado sem ter culpa e ficou em silêncio, assumindo uma culpa que não era dele.” Ainda completou sua explicação, dizendo que não tencionava que os colegas fossem prejudicados com uma expulsão.

Em uma outra ocasião, já durante os estudos secundários no Oratório de São Francisco de Sales, sabendo de uma briga marcada por dois de seus colegas, uma espécie de duelo com pedradas, não tendo conseguido dissuadi-los da briga com palavras, colocou-se entre os dois, empunhando um crucifixo, e ofereceu-se como sacrifício para que não brigassem, pedindo que jogassem nele as pedras. Os brigões acabaram desistindo da contenda.

Dons espirituais

O pequeno santo também era dotado de dons espirituais, registrados por seu mestre. Certa vez, chamou Dom Bosco em seu quarto e o conduziu pelas ruas da cidade até um conjunto de apartamentos. Parou em frente a uma das portas, tocou a campainha e foi embora. Quando a porta foi aberta, Dom Bosco descobriu que naquele apartamento havia um moribundo precisando de um padre para sua última confissão.

Em uma outra ocasião, em 12 de setembro de 1856, o jovem Domingos pediu autorização para ir para casa, em Riva, pois sua mãe estava doente. Quando chegou em casa, ela estava em um trabalho de parto complicado. Ele abraçou-a, beijou seu rosto, colocou um escapulário em volta de seu pescoço e retirou-se. A partir daí, o parto ocorreu sem mais problemas, e nasceu sua irmã Teresa, que usaria aquele mesmo escapulário em seus partos. Por isso, ele é um dos santos Padroeiros das mulheres grávidas.

Morte precoce

Em 1857, com 14 anos de idade, o jovem Domingos contraiu uma tuberculose e voltou definitivamente para casa. Em 9 de março daquele ano, ele se despedia de seus pais com estas palavras: “Adeus queridos pais. Estou tendo uma visão linda! Que lindo!” Foi beatificado em 1950, e canonizado em 1954, pelo Venerável Pio XII. Sua memória litúrgica foi marcada para 6 de maio. Além das mulheres grávidas, também é Padroeiro dos coroinhas e acólitos.

São Domingos Sávio, rogai por nós!

 

Domingos e os brigões

 

Certa vez, dois coleguinhas,

extremamente brigões,

combinaram um duelo,

com ódio nos corações:

 

iriam se digladiar

em certa hora e local,

armados os dois com pedras,

numa batalha mortal.

 

Naquele mesmo colégio

havia um santo colega

que se chamava Domingos,

e quis pôr fim à refrega:

 

correu ao local da briga

empunhando a Santa Cruz,

e clamou por paz em nome

de Nosso Senhor Jesus.

 

Ao escutar tal clamor,

caíram na gargalhada,

e mais disposto ficaram

ao duelo de pedradas.

 

No meio dos dois então

o garoto de postou,

e sobrelevando a cruz,

a eles assim clamou:

 

“Se querem ferir alguém

pra seu ódio extravasar,

suas pedras todas podem

somente em mim atirar!”

 

Uma por uma suas pedras

largaram, envergonhados,

os dois brigões, e apertaram

as mãos, reconciliados,

 

e juntos foram correndo

procurar a confissão,

para ganhar de Jesus

o mais completo perdão,

 

e os três anjinhos da guarda

dos meninos entoaram

um cântico com o qual

sua amizade celebraram.


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