Figura de destaque no Concílio de Trento, São Bartolomeu dos Mártires constitui modelo de Bispo zeloso em seu serviço à Santa Igreja e ao povo de Deus
Hoje é dia de São Bartolomeu dos Mártires, Bispo e Doutor da Igreja.
Nascido na Freguesia dos Mártires, em Lisboa, em 3 de maio de 1514, Bartolomeu era de uma família humilde. Em 1528, aos 14 anos, ingressou na Ordem Dominicana com o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires, em alusão à sua Paróquia de nascimento. Cursou Artes Liberais no Convento de São Domingos, e depois Teologia, no Convento da Batalha.
Depois de formado, lecionou em Coimbra, Lisboa e vários conventos do interior, e deu início à sua produção intelectual, baseada na interpretação da Suma Teológica de São Tomás de Aquino, Entre 1557 e 1558, foi designado Prior do Convento de Benfica, e em 1559, nomeado Arcebispo de Braga.
Notando a falta de conhecimento da doutrina católica em Braga, Dom Bartolomeu escreveu um Catecismo que distribuiu a todos os clérigos. Seus escritos eram didáticos, simples e acessíveis a toda a população local. Além disso, ele colocou em prática o princípio da correção fraterna, com a correção e orientação dos pecadores e hereges em segredo, sem a exposição pública no Tribunal do Santo Ofício. Segundo ele, a Inquisição deveria concentrar-se nos assuntos mais graves, como feitiçaria e luteranismo. Também era assíduo na prática das visitas pastorais, sempre presente e atuante em todas as paróquias de Braga.
Dom Bartolomeu também se destacou Concílio de Trento, em que defendeu com ardor a necessidade tudo o que ele já praticava: a correção fraterna e as visitas pastorais, a atuação mais forte dos Bispos junto a suas paróquias. O Arcebispo chamava a atenção para a importância da força episcopal, pois notava grande negligência no trabalho de muitos bispos. Escreveu diversos documentos para o Concílio, entre eles a Suma Geral dos Concílios e o Stimulus Pastorum, obra que discorre sobre o ofício episcopal e a responsabilidade dos bispos para com a manutenção dos bons costumes cristãos e a salvação dos fiéis sob sua jurisdição.
Em 1572, voltou a ser Frei Bartolomeu após renunciar ao Arcebispado e se recolher ao Convento da Santa Cruz, em Castelo de Viana, que havia sido construído por iniciativa sua. Lá, dedicou-se aos estudos eclesiásticos e à pregação. Morreu em 16 de julho de 1590, e foi indicado para canonização pouco tempo depois. Querido entre clérigos e leigos, era chamado de “Arcebispo Santo, Pai dos pobres e dos enfermos”. Foi declarado Venerável em 184, por Gregório XVI; beatificado em 2001, por São João Paulo II; e canonizado em 2019, por Francisco. Constitui modelo de Bispo zeloso e firme à frente de seus deveres com a Igreja e o povo de Deus.
São Bartolomeu dos Mártires, rogai por nós!
A São Bartolomeu dos Mártires
Um menino de Lisboa
logo cedo vira frei,
consagrando-se ao Senhor
na dominicana grei.
Este foi Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
Estuda com muito afinco
e seus mestres impressiona,
e em pouco tempo também
como mestre ele leciona.
Este foi Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
Por breve tempo em Benfica
atua como Prior,
mas para ser Arcebispo
o chama Nosso Senhor.
Este foi Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
No Concílio Tridentino
trabalha muito empenhado,
e como “figura maior”
por seus pares é chamado.
Este foi Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
Notando que de Arcebispo
encerra-se a sua missão,
renuncia, e num convento
recolhe-se em oração.
Este foi Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
Quando morre, todo o povo,
piedoso e penitente,
o chama de Bispo Santo
e Pai dos pobres e doentes.
Este foi Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
Quatro séculos depois,
e mais uns bons anos tantos,
a Santa Igreja o declara,
afinal, Doutor e Santo:
Viva São Bartolomeu,
um santo Bispo de Deus.
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